Entre a cereja e o cravo
A presença de Alegre na campanha de Sócrates só surpreenderá os incautos. Alegre regressa, depois de uns bem pensados passos de aparente distanciamento com a fase mais impopular da ofensiva de direita do governo do PS, ao seu papel de sempre: o da cereja de «esquerda» no substancial corpo do bolo da política de direita. Aos que se perderam, por ingénua convicção ou premeditada conveniência, na rede daquela bem encenada convergência do «povo de esquerda» que encheu teatros e iludiu plateias, onde foi prometida e anunciada a tal «esquerda grande» têm agora a esquerda que merecem: a «esquerda possível» que Alegre tem para oferecer, ou seja, o Governo PS. Dir-se-á que cada um se contenta com o que tem. Para Alegre e o PS a operação é um sucesso: para o primeiro, porque não só cultivou aquele seu ar de «esquerda» indispensável à cobrança de apoios dos mais distraídos como mantém preservada a possibilidade de um apoio do PS às suas ambições presidenciais; para o segundo, porque concluída aquela curta mas necessária passagem pelo quintal da esquerda por parte de Alegre, o vê de volta com aquela recauchutada imagem de esquerda que agora, em tempo de eleições, tanto jeito dá. Sempre se poderia fazer o reparo sobre a escassez da dose de «esquerda» que Alegre se propõe juntar, mas verdade se diga que a esquerda «possível» é não só a bastante, se não já em excesso, para o que Sócrates e PS de momento dela carecem.
Regressado à casa mãe, Alegre não se poupou a esforços no cumprimento da sua missão. A uns desajeitados elogios sobre as maravilhas da acção governativa na Saúde – não se sabe se fixado ainda na promissora onda de encerramento de maternidades e centros de saúde de que este Governo foi promotor ou se inspirado na presença de António Arnault tido, não se sabe porque carga de água, como sinónimo de serviço nacional de saúde, e que tal como Alegre continua a dar imenso jeito no enfeite à política de direita do partido a que pertencem – e a umas quantas outras referências ao Estado social, juntou aquela que é seguramente a mais demolidora prova distintiva entre PS e PSD. Aos que esperavam na revelação prometida algo de politicamente substancial desenganem-se. A grande diferença entre PS e PSD, está para Alegre, no «cravo vermelho na lapela». Que como diz a canção de Barata Moura não só »fica bem» como sobretudo »dá jeito...».
Regressado à casa mãe, Alegre não se poupou a esforços no cumprimento da sua missão. A uns desajeitados elogios sobre as maravilhas da acção governativa na Saúde – não se sabe se fixado ainda na promissora onda de encerramento de maternidades e centros de saúde de que este Governo foi promotor ou se inspirado na presença de António Arnault tido, não se sabe porque carga de água, como sinónimo de serviço nacional de saúde, e que tal como Alegre continua a dar imenso jeito no enfeite à política de direita do partido a que pertencem – e a umas quantas outras referências ao Estado social, juntou aquela que é seguramente a mais demolidora prova distintiva entre PS e PSD. Aos que esperavam na revelação prometida algo de politicamente substancial desenganem-se. A grande diferença entre PS e PSD, está para Alegre, no «cravo vermelho na lapela». Que como diz a canção de Barata Moura não só »fica bem» como sobretudo »dá jeito...».