O drama dos desempregados sem subsídio
O Secretário-geral do PCP desafiou o Governo a rever a sua posição sobre os critérios de atribuição do subsídio de desemprego. José Sócrates fugiu à questão e nada disse.
Desemprego continua aumentar
No debate quinzenal com o primeiro-ministro realizado na passada semana este foi um dos temas suscitados por Jerónimo de Sousa que voltou a insistir em saber se aquele estaria finalmente receptivo à proposta comunista que prevê o alargamento do subsídio de desemprego de modo a garantir que a ele possam aceder muitos trabalhadores desempregados hoje sem qualquer apoio.
«Não acha que é altura de reconsiderar em relação aos critérios de atribuição do subsídio de desemprego e aceitar a proposta do PCP para que mais portugueses nestas condições possam neste quadro dramático de excepção ter um mínimo de vida digna e aceder ao subsídio de desemprego?», indagou o dirigente comunista, que introduziu a questão no debate face à constatação que o desemprego, advertiu, «continua a disparar».
E anotou a este propósito que, apesar das palavras em sentido contrário ensaiadas na véspera pelo responsável do IEFP, procurando ajustar a leitura ao sabor dos interesses do Governo, a verdade é que «o desemprego continua a aumentar».
«Faz-se leituras de estatísticas como o meu neto usa a plasticina, é conforme aquilo que se pretende», verberou Jerónimo de Sousa, duvidando dos dados do IEFP e fazendo notar que «a verdade é que entre 2008 e 2009 aumentou em 105 700 o número de desempregados».
E aquilo que foi entendido como um sinal de optimismo pelo Governo (o IEFP regista em Maio pela primeira vez uma ligeira diminuição do número de desempregados inscritos nos centros de emprego face ao mês anterior, mas também uma subida de 27,6 por cento relativamente ao mesmo mês de 2008), não passa afinal de «uma pequena redução sazonal» que ocorre sempre no mesmo período do ano, assinalou o Secretário-geral do PCP que, pelas suas contas, admite que o desemprego real atinja hoje os 625 mil trabalhadores (bastante mais que os 500 mil referidos pelo IEFP), dos quais cerca de metade não tem acesso ao subsídio de desemprego.
Confissão de fracasso
O primeiro-ministro, na resposta, sem tocar na questão do alargamento dos critérios de atribuição do subsídio de desemprego, para a qual fora instado a pronunciar-se pelo líder comunista, fez um voto de fé na fiabilidade dos dados oficiais - «eu acredito mais no IEFP do que no gabinete de estudos do Partido Comunista», sustentou -, acrescentando que as estatísticas «são o que são e são sempre feitas da mesma forma».
E acabou por revelar, numa confissão do fracasso da sua política, que não está «nada satisfeito» nem «nada sossegado» com a evolução de desemprego, «bem pelo contrário». Disse ainda que o desemprego «é a maior ameaça social ao nosso País, como é em todos os países desenvolvidos do mundo», sendo «porventura a questão social que mais preocupa todas as autoridades públicas».
E aproveitou para lançar uma farpa ao PSD, considerando «lastimável» que haja quem defenda neste momento que o «Estado pare o investimento público», uma vez que esta é «a única forma de aumentar a procura por forma a manter o emprego e a dar novos empregos».
Falhou redondamente foi quando disse que o PCP sobre esta matéria ainda nada dissera. O que levou Jerónimo de Sousa, na réplica, a considerar «lamentável» que o primeiro-ministro não conheça as posições do PCP em relação ao investimento público. «O senhor sabe, não quer é admitir», precisou, lembrando que são bem conhecidas as propostas dos comunistas em defesa do investimento público, designadamente do «investimento de proximidade usando as autarquias, ajudando as pequenas e médias empresas».
Contratos individuais
Jerónimo de Sousa questionou ainda o Executivo sobre o Hospital de S. Marcos, em Braga, que vai ser concessionado ao Grupo Mello, e em relação ao qual, alertou, «há o perigo real de 150 trabalhadores com contrato individual serem despedidos». «Não acha que o Governo tem de impedir o despedimento destes trabalhadores que fazem falta a esta unidade hospitalar?», indagou.
José Sócrates, sem aludir ao caso em concreto, falando de «contratos individuais», afirmou que o Governo «terá em consideração os serviços que os mesmos prestam» e assegurou ter sido estabelecida como «prioridade que ninguém perca o seu emprego se tem hoje um contrato individual com o Estado».
«Não acha que é altura de reconsiderar em relação aos critérios de atribuição do subsídio de desemprego e aceitar a proposta do PCP para que mais portugueses nestas condições possam neste quadro dramático de excepção ter um mínimo de vida digna e aceder ao subsídio de desemprego?», indagou o dirigente comunista, que introduziu a questão no debate face à constatação que o desemprego, advertiu, «continua a disparar».
E anotou a este propósito que, apesar das palavras em sentido contrário ensaiadas na véspera pelo responsável do IEFP, procurando ajustar a leitura ao sabor dos interesses do Governo, a verdade é que «o desemprego continua a aumentar».
«Faz-se leituras de estatísticas como o meu neto usa a plasticina, é conforme aquilo que se pretende», verberou Jerónimo de Sousa, duvidando dos dados do IEFP e fazendo notar que «a verdade é que entre 2008 e 2009 aumentou em 105 700 o número de desempregados».
E aquilo que foi entendido como um sinal de optimismo pelo Governo (o IEFP regista em Maio pela primeira vez uma ligeira diminuição do número de desempregados inscritos nos centros de emprego face ao mês anterior, mas também uma subida de 27,6 por cento relativamente ao mesmo mês de 2008), não passa afinal de «uma pequena redução sazonal» que ocorre sempre no mesmo período do ano, assinalou o Secretário-geral do PCP que, pelas suas contas, admite que o desemprego real atinja hoje os 625 mil trabalhadores (bastante mais que os 500 mil referidos pelo IEFP), dos quais cerca de metade não tem acesso ao subsídio de desemprego.
Confissão de fracasso
O primeiro-ministro, na resposta, sem tocar na questão do alargamento dos critérios de atribuição do subsídio de desemprego, para a qual fora instado a pronunciar-se pelo líder comunista, fez um voto de fé na fiabilidade dos dados oficiais - «eu acredito mais no IEFP do que no gabinete de estudos do Partido Comunista», sustentou -, acrescentando que as estatísticas «são o que são e são sempre feitas da mesma forma».
E acabou por revelar, numa confissão do fracasso da sua política, que não está «nada satisfeito» nem «nada sossegado» com a evolução de desemprego, «bem pelo contrário». Disse ainda que o desemprego «é a maior ameaça social ao nosso País, como é em todos os países desenvolvidos do mundo», sendo «porventura a questão social que mais preocupa todas as autoridades públicas».
E aproveitou para lançar uma farpa ao PSD, considerando «lastimável» que haja quem defenda neste momento que o «Estado pare o investimento público», uma vez que esta é «a única forma de aumentar a procura por forma a manter o emprego e a dar novos empregos».
Falhou redondamente foi quando disse que o PCP sobre esta matéria ainda nada dissera. O que levou Jerónimo de Sousa, na réplica, a considerar «lamentável» que o primeiro-ministro não conheça as posições do PCP em relação ao investimento público. «O senhor sabe, não quer é admitir», precisou, lembrando que são bem conhecidas as propostas dos comunistas em defesa do investimento público, designadamente do «investimento de proximidade usando as autarquias, ajudando as pequenas e médias empresas».
Contratos individuais
Jerónimo de Sousa questionou ainda o Executivo sobre o Hospital de S. Marcos, em Braga, que vai ser concessionado ao Grupo Mello, e em relação ao qual, alertou, «há o perigo real de 150 trabalhadores com contrato individual serem despedidos». «Não acha que o Governo tem de impedir o despedimento destes trabalhadores que fazem falta a esta unidade hospitalar?», indagou.
José Sócrates, sem aludir ao caso em concreto, falando de «contratos individuais», afirmou que o Governo «terá em consideração os serviços que os mesmos prestam» e assegurou ter sido estabelecida como «prioridade que ninguém perca o seu emprego se tem hoje um contrato individual com o Estado».