Teatro de resistência
Uma vez mais, entre 4 e 18 de Junho, realiza-se, em várias salas de Almada e de Lisboa, mais uma edição do Festival de Teatro de Almada.
O teatro não pode alhear-se dos problemas sociais
Uma «grande festa da cultura», como evidencia, na programação do Festival, Maria Emília Neto de Sousa, «construída a partir da arte de representar a vida», «mas plena de outras manifestações culturais que completam e complementam a encenação das venturas e desventuras humanas em cena».
No texto, que dá as boas vindas aos espectadores, a presidente da Câmara de Almada salienta ainda que, tal como nas 25 edições anteriores, este Festival vai proporcionar, de novo, «aquela que é uma rara oportunidade de assistir, e para além disso de participar, em mais de duas dezenas e meia de produções teatrais de elevadíssima qualidade, em colóquios, debates e outras manifestações artísticas, oferecendo-nos 15 dias de convívio intenso onde, acima de tudo, se afirmam e confirmam os valores mais genuínos da amizade, da solidariedade e da paz».
Sobre a figura homenageada, o actor Ruy de Carvalho, Maria Emília frisou que é uma personalidade «amplamente conhecida de todos os portugueses, possuidora de uma longa carreira recheada de êxitos e de aplausos, desenvolvida nos palcos de todo o País, mas também nos ecrãs da televisão e do cinema».
A autarca, cabeça de lista da CDU à Câmara Municipal, dirigiu ainda uma «calorosa» e «fraternal» saudação a Joaquim Benite, director da Companhia de Teatro de Almada, «o verdadeiro e grande “maestro” na condução desta grande epopeia que há 26 anos coloca de pé o Festival Internacional de Almada». Aos artistas, Maria Emília disse, numa saudação fraterna: «É sempre uma honra e um prazer renovados podermos receber-vos nesta vossa casa».
Joaquim Benite sublinha que «vale a pena continuar a agir com o fito de contribuir para a transformação» do mundo.
«Por mim, penso que o mundo é nosso enquanto cá andamos, que nada, com a excepção da morte (no plano individual) é irremediável e que depende de todos (portanto, de cada um de nós) decidir os rumos, escolher o programa, visualizar a casa em que queremos habitar. Esta ideia conduzirá, muitas vezes, a nossa acção ao campo da luta e da resistência – e frequentemente ao isolamento e à incompreensão dos outros. Mas esse é o tributo que se paga pelo desejo de participação, impulsionador do movimento, sem o qual não há vida», afirmou.
Para além do Teatro Municipal de Almada, o Festival decorre na Escola D. António da Costa, no Fórum Romeu Correia, no Teatro Nacional D. Maria II, na Culturgest, no Teatro Municipal São Luís e no Instituto Franco-Português.
Para além do teatro
«As criadas», de Jean Genet, por Luc Bondy - numa produção da Volksbühne – é um dos espectáculos centrais do Festival de Almada de 2009. Esta peça conta-nos a história de duas criadas que, em mascaradas grotescas, emulam o mundo da patroa que desejam assassinar – numa lógica de escravo aprisionado, que só se emancipa pela representação suicidária.
Em destaque está ainda a peça «Deus como paciente – Assim falava Isidore Ducasse», onde as imagens projectadas e as acções da representação em cena disputam assim a nossa atenção ao longo de um espectáculo que joga com os efeitos partilhados de múltiplos fundos projectados sobre o véu, ora opaco ora transparente, que reveste com uma gaze o espaço da cena.
Em cena estarão ainda: «Quarteto para quatro actores», «Vieira da Silva par elle même», «Diálogo de um cão com o seu dono sobre a necessidade de morder os seus amigos», «Carta aos actores», «Cortamos e frisamos», «Menina Else», «Flim noir», «Quarto interior», «Zerlina», «Compota russa», «Ou/não», «Uivos», «Charanga», «Para Louis de Funès», «Dezembro», «Flores arrancadas à névoa», «Contracções», «4 & 30», «Estudo para uma cidade perfeita», «A última noite de Jácome Casanova», «Neva», «Caderno de um regresso ao país natal», «Demo – um musical Praga», «A natureza das coisas» e «Comédia Mosqueta».
Companhias que se apresentam este ano pela primeira vez (o Teatro Nacional Francófono da Bélgica, o célebre Teatro de Sátira de S. Petersburgo, o director e o actor francês Jacques Martial, o Teatro en Blanco, do Chile, entre outros); ou agrupamentos já conhecidos do Festival (como o Teatro Corsário, de Valladolid), representam elementos constituintes de um panorama das tendências teatrais contemporâneas no mundo de hoje.
Este é também o Festival com o maior número de estreias: nove, das quais oito produções portuguesas (pela primeira vez duas da Companhia de Teatro de Almada) e uma estrangeira (La Servante Zerline, com direcção de Robert Cantarella, outro grande encenador francês).
«Num tempo de dificuldades para muitos, o teatro não pode alhear-se dos problemas sociais. Como se tem percebido nos anos recentes, as visões políticas sobre os aspectos que configuram o particular período de transformação que atravessamos tem vindo a ganhar novas expressões no teatro contemporâneo. No Teatro de Arte – aquele que nos ocupamos», defende Joaquim Benite, director do Festival de Almada.
Durante aqueles 15 dias, haverá ainda exposições documentais e de artes plásticas, os «Encontros da Cerca», colóquios e debates, workshops, espaços de leitura e de animação e «Música na Esplanada», com os «Kumpania Algazarra», «Uma coisa em forma de assim», «Expresso latino», «Jovens cantores de Estrasburgo», «Bárbara Ligido, com Bluesy Way», «Luna Moreno Trio» e «80 e tal».
Para mais informações poderá sempre aceder à página http://www.ctalmada.pt/festivais/2009.
No texto, que dá as boas vindas aos espectadores, a presidente da Câmara de Almada salienta ainda que, tal como nas 25 edições anteriores, este Festival vai proporcionar, de novo, «aquela que é uma rara oportunidade de assistir, e para além disso de participar, em mais de duas dezenas e meia de produções teatrais de elevadíssima qualidade, em colóquios, debates e outras manifestações artísticas, oferecendo-nos 15 dias de convívio intenso onde, acima de tudo, se afirmam e confirmam os valores mais genuínos da amizade, da solidariedade e da paz».
Sobre a figura homenageada, o actor Ruy de Carvalho, Maria Emília frisou que é uma personalidade «amplamente conhecida de todos os portugueses, possuidora de uma longa carreira recheada de êxitos e de aplausos, desenvolvida nos palcos de todo o País, mas também nos ecrãs da televisão e do cinema».
A autarca, cabeça de lista da CDU à Câmara Municipal, dirigiu ainda uma «calorosa» e «fraternal» saudação a Joaquim Benite, director da Companhia de Teatro de Almada, «o verdadeiro e grande “maestro” na condução desta grande epopeia que há 26 anos coloca de pé o Festival Internacional de Almada». Aos artistas, Maria Emília disse, numa saudação fraterna: «É sempre uma honra e um prazer renovados podermos receber-vos nesta vossa casa».
Joaquim Benite sublinha que «vale a pena continuar a agir com o fito de contribuir para a transformação» do mundo.
«Por mim, penso que o mundo é nosso enquanto cá andamos, que nada, com a excepção da morte (no plano individual) é irremediável e que depende de todos (portanto, de cada um de nós) decidir os rumos, escolher o programa, visualizar a casa em que queremos habitar. Esta ideia conduzirá, muitas vezes, a nossa acção ao campo da luta e da resistência – e frequentemente ao isolamento e à incompreensão dos outros. Mas esse é o tributo que se paga pelo desejo de participação, impulsionador do movimento, sem o qual não há vida», afirmou.
Para além do Teatro Municipal de Almada, o Festival decorre na Escola D. António da Costa, no Fórum Romeu Correia, no Teatro Nacional D. Maria II, na Culturgest, no Teatro Municipal São Luís e no Instituto Franco-Português.
Para além do teatro
«As criadas», de Jean Genet, por Luc Bondy - numa produção da Volksbühne – é um dos espectáculos centrais do Festival de Almada de 2009. Esta peça conta-nos a história de duas criadas que, em mascaradas grotescas, emulam o mundo da patroa que desejam assassinar – numa lógica de escravo aprisionado, que só se emancipa pela representação suicidária.
Em destaque está ainda a peça «Deus como paciente – Assim falava Isidore Ducasse», onde as imagens projectadas e as acções da representação em cena disputam assim a nossa atenção ao longo de um espectáculo que joga com os efeitos partilhados de múltiplos fundos projectados sobre o véu, ora opaco ora transparente, que reveste com uma gaze o espaço da cena.
Em cena estarão ainda: «Quarteto para quatro actores», «Vieira da Silva par elle même», «Diálogo de um cão com o seu dono sobre a necessidade de morder os seus amigos», «Carta aos actores», «Cortamos e frisamos», «Menina Else», «Flim noir», «Quarto interior», «Zerlina», «Compota russa», «Ou/não», «Uivos», «Charanga», «Para Louis de Funès», «Dezembro», «Flores arrancadas à névoa», «Contracções», «4 & 30», «Estudo para uma cidade perfeita», «A última noite de Jácome Casanova», «Neva», «Caderno de um regresso ao país natal», «Demo – um musical Praga», «A natureza das coisas» e «Comédia Mosqueta».
Companhias que se apresentam este ano pela primeira vez (o Teatro Nacional Francófono da Bélgica, o célebre Teatro de Sátira de S. Petersburgo, o director e o actor francês Jacques Martial, o Teatro en Blanco, do Chile, entre outros); ou agrupamentos já conhecidos do Festival (como o Teatro Corsário, de Valladolid), representam elementos constituintes de um panorama das tendências teatrais contemporâneas no mundo de hoje.
Este é também o Festival com o maior número de estreias: nove, das quais oito produções portuguesas (pela primeira vez duas da Companhia de Teatro de Almada) e uma estrangeira (La Servante Zerline, com direcção de Robert Cantarella, outro grande encenador francês).
«Num tempo de dificuldades para muitos, o teatro não pode alhear-se dos problemas sociais. Como se tem percebido nos anos recentes, as visões políticas sobre os aspectos que configuram o particular período de transformação que atravessamos tem vindo a ganhar novas expressões no teatro contemporâneo. No Teatro de Arte – aquele que nos ocupamos», defende Joaquim Benite, director do Festival de Almada.
Durante aqueles 15 dias, haverá ainda exposições documentais e de artes plásticas, os «Encontros da Cerca», colóquios e debates, workshops, espaços de leitura e de animação e «Música na Esplanada», com os «Kumpania Algazarra», «Uma coisa em forma de assim», «Expresso latino», «Jovens cantores de Estrasburgo», «Bárbara Ligido, com Bluesy Way», «Luna Moreno Trio» e «80 e tal».
Para mais informações poderá sempre aceder à página http://www.ctalmada.pt/festivais/2009.