Itália

Tribunal prova subornos de Berlusconi

O Tribunal de Milão deu como provado que o actual primeiro-ministro italiano subornou em 1997 com 600 mil dólares (444 mil euros) o advogado britânico David Mils, e que este prestou «falso testemunho» com o objectivo de «proporcionar impunidade a Berlusconi e ao grupo Fininvest».
O documento de 400 páginas, apresentado dia 19, contém a argumentação da sentença pronunciada em Fevereiro que condenou Mils a quatro anos e meio de prisão por corrupção em acto judicial. Nele afirma-se que o advogado recebeu «durante anos enormes somas de dinheiro» da Fininvest e que, ao fazer falsas declarações aos juizes, o arguido permitiu a Berlusconi «manter os ingentes lucros» obtidos em paraísos fiscais, para além de «infringir abertamente as leis antimonopólio dos meios de comunicação».
Apesar das provas, o Tribunal não pôde condenar o corruptor, uma vez que o seu julgamento continua adiado até o Tribunal Constitucional se pronunciar sobre a lei aprovada no ano passado que garante a imunidade a quatro altas figuras do Estado, entre elas o chefe do Governo.
Desde o processo «Mãos Limpas», no início dos anos 90, que Berlusconi e Mils estão implicadoa em processos de corrupção, alguns deles ligados ao então primeiro-ministro socialista, Bettino Craxi. A presente sentença recorda que já nessa altura Mils, enquanto arguido, encobriu sistematicamente Berlusconi perante o tribunal e apagou «todos os vestígios financeiros que relacionavam Berlusconi com as sociedades» visadas pela Justiça.
Esses factos só foram reavivados em 2004, depois de o Fisco britânico ter descoberto nas contas do advogado uma quantia de 600 mil dólares sem justificativo. Mils alegou que tinha sido uma oferta de Carlo Bernasconi, um administrador da Fininvest, falecido em 2001. O caso chegou à Justiça italiana e gerou um escândalo político no Reino Unido que forçou a esposa de Mils a demitir-se do cargo de ministra da Cultura do governo de Blair.
Por seu lado, Berlusconi desmentiu furiosamente os magistrados, alegando que a sentença «contraria a realidade», no entanto recusou o desafio lançado pelo Partido Democrático de renunciar à imunidade e sujeitar-se ao julgamento «como qualquer cidadão normal».


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