Viva a toalha
O primeiro-ministro José Sócrates, como todos já devem ter reparado, anda de toalha ao ombro desde que se tornou evidente a gravidade da crise do sistema capitalista e a manifesta insuficiência da demagogia para esconder as desastrosas consequências das políticas de direita que vêm sendo seguidas a nível nacional há mais de três décadas.
O recurso à toalha – invocada em discurso na Assembleia da República a propósito da situação na Qimonda – não é mera incursão nos domínios desportivos, simbolizando a persistência em atingir o objectivo. A avaliar pelo que se passa no País, é mesmo – a toalha – um instrumento indispensável na governativa acção de «combate» à crise. Repara-se, por exemplo, no já citado caso Qimonda, a tal que recebeu do Governo largas centenas de milhões de euros e teve mais uns tantos milhões de lucro da actividade em Portugal, cujos foram oportunamente despachados para a Alemanha dias antes da declaração de insolvência. O que fez o executivo de Sócrates? Puxou da metafórica toalha e limpou o suor provocado por tanta ingratidão, que isto de governar para o capital mói e não é pouco, e enrolou-a bem enroladinha no pescoço enquanto vai repetindo estar em busca de soluções aquém e além fronteiras e os trabalhadores recebem guia de marcha para o desemprego. E no caso da Opel da Azambuja, um exemplo de sucesso e de produtividade, beneficiária igualmente de dinheiros públicos, deslocalizada para outras paragens na mira de mais benesses e mão-de-obra barata, o que fez o Governo? Atirou a toalha ao chão? Nem por sombras. Arregaçou as mangas, fez voz grossa, rodou três vezes a toalha por cima da cabeça (isto é um supor) e voltou a aconchegá-la no ombro para se escudar das lágrimas amargas dos trabalhadores traídos, despedidos e sem perspectivas de futuro. E por aí fora, pois todos os dias a toalha, perdão, o Governo é chamado a intervir, tantos são os casos a exigir atenção, saltitando de banco em banco, de empresa a empresa, de caso de sucesso em caso de sucesso.
Isto de ter uma toalha dá muito jeito, há que convir, seja para enfrentar os bons ou os menos bons momentos (dos maus não reza esta história, ou ainda nos acusam de alarmistas...), seja para limpar as mãos em caso de necessidade extrema. Alguém imagina a sopa dos pobres com a toalha no chão? Até parecia mal à pobreza e à caridade. E a despedida do presidente e de dois administradores da Caixa Geral de Depósitos, os tais que foram para o BCP com mais de meio milhão de euros no bolso pelos relevantes serviços prestados? Era lá possível sem a toalha de todos os sócrates da política nacional, tão elástica que mais parece um manto e tão legalmente trabalhada que até parece do mais puro timbre!
Tendo em conta as previsões alarmista do Bando de Portugal, que apontam para uma quebra do PIB de 3,5% este ano, não me espantava nada se um destes dias aparecesse por aí com um novo slogan do Governo para animar os portugueses, tipo «Viva a toalha, abaixo a crise!». Ficava mesmo a matar, como soe dizer-se. Se for o caso, disponham à vontade, que desde já declaro não cobrar direitos de autor.
O recurso à toalha – invocada em discurso na Assembleia da República a propósito da situação na Qimonda – não é mera incursão nos domínios desportivos, simbolizando a persistência em atingir o objectivo. A avaliar pelo que se passa no País, é mesmo – a toalha – um instrumento indispensável na governativa acção de «combate» à crise. Repara-se, por exemplo, no já citado caso Qimonda, a tal que recebeu do Governo largas centenas de milhões de euros e teve mais uns tantos milhões de lucro da actividade em Portugal, cujos foram oportunamente despachados para a Alemanha dias antes da declaração de insolvência. O que fez o executivo de Sócrates? Puxou da metafórica toalha e limpou o suor provocado por tanta ingratidão, que isto de governar para o capital mói e não é pouco, e enrolou-a bem enroladinha no pescoço enquanto vai repetindo estar em busca de soluções aquém e além fronteiras e os trabalhadores recebem guia de marcha para o desemprego. E no caso da Opel da Azambuja, um exemplo de sucesso e de produtividade, beneficiária igualmente de dinheiros públicos, deslocalizada para outras paragens na mira de mais benesses e mão-de-obra barata, o que fez o Governo? Atirou a toalha ao chão? Nem por sombras. Arregaçou as mangas, fez voz grossa, rodou três vezes a toalha por cima da cabeça (isto é um supor) e voltou a aconchegá-la no ombro para se escudar das lágrimas amargas dos trabalhadores traídos, despedidos e sem perspectivas de futuro. E por aí fora, pois todos os dias a toalha, perdão, o Governo é chamado a intervir, tantos são os casos a exigir atenção, saltitando de banco em banco, de empresa a empresa, de caso de sucesso em caso de sucesso.
Isto de ter uma toalha dá muito jeito, há que convir, seja para enfrentar os bons ou os menos bons momentos (dos maus não reza esta história, ou ainda nos acusam de alarmistas...), seja para limpar as mãos em caso de necessidade extrema. Alguém imagina a sopa dos pobres com a toalha no chão? Até parecia mal à pobreza e à caridade. E a despedida do presidente e de dois administradores da Caixa Geral de Depósitos, os tais que foram para o BCP com mais de meio milhão de euros no bolso pelos relevantes serviços prestados? Era lá possível sem a toalha de todos os sócrates da política nacional, tão elástica que mais parece um manto e tão legalmente trabalhada que até parece do mais puro timbre!
Tendo em conta as previsões alarmista do Bando de Portugal, que apontam para uma quebra do PIB de 3,5% este ano, não me espantava nada se um destes dias aparecesse por aí com um novo slogan do Governo para animar os portugueses, tipo «Viva a toalha, abaixo a crise!». Ficava mesmo a matar, como soe dizer-se. Se for o caso, disponham à vontade, que desde já declaro não cobrar direitos de autor.