Nem pensar
Com a mesma aparente candura com que no passado recente brindou o País com a sua incontrolável incontinência verbal, que certamente ficará para a história da Procuradoria Geral da República (PGR), Souto Moura voltou esta semana a terreiro para se solidarizar com o seu sucessor, Pinto Monteiro, dizendo em entrevista à Lusa que «a pior coisa que pode acontecer a um procurador-geral da República é ter um processo contra o primeiro-ministro». Souto Moura referia-se ao famigerado caso Freeport que investiga o envolvimento de José Sócrates no processo de licenciamento do outlet, no qual há suspeitas de contrapartidas financeiras, e que envolve também um tio e um primo de Sócrates.
«Seria de uma hipocrisia enorme dizer que é um processo igual aos outros, o que não significa que não tenha de ser investigado como os outros», afirma Souto Moura, esclarecendo que as alegadas «pressões políticas» que estarão a ser exercidas neste caso, como noutras envolvendo «pessoas com poder» – a ele coube-lhe em sorte o processo Casa Pia – não são directas nem precisam de o ser. «Eu sabia o que as pessoas gostariam que eu decidisse e o que gostariam que não decidisse», garante, acrescentando que isso não o condicionou.
Resumindo e baralhando, que las hay, las hay, como diria o outro, a questão está é na capacidade de lhes resistir.
Não se sabe se Pinto Monteiro apreciou a ajuda, sobretudo numa altura em que não consegue esconder o incómodo causado pelas denúncias do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, cujo quer contar a Belém o que pelos vistos não diz na PGR, o que por mais voltas que se lhe dê configura objectivamente uma falta de confiança naquele órgão. Por que será? Pinto Monteiro não atina com a resposta.
Enquanto este fio de Ariana, ao invés do outro, vai ficando cada vez mais intrincado sem se vislumbrar saída para o labirinto, os suspeitos mais mediáticos, com aquela originalidade de todos os suspeitos, vão clamando na praça pública a sua inocência e exigindo inquéritos para apuramento da verdade. Entretanto, na imprensa, sucedem-se declarações mais ou menos bombásticas quanto às ditas pressões que, não havendo segundo reza a verdade oficial, afinal parece terem barbas e ser maiores do que a légua da Póvoa. É o caso trazido à ribalta por António Pires de Lima, ex-bastonário da Ordem dos Advogados, que em declarações à SIC-Notícias acusa Lopes da Mota, ex-secretário de Estado no segundo Governo de António Guterres e actual presidente do Eurojust, de ter servido de «elo» entre o Ministério da Justiça e o então procurador-geral da República Cunha Rodrigues. O mesmo Lopes da Mota apontado agora em vários círculos como estando muito empenhado em fazer sentir a necessidade de se pôr um ponto final no caso Freeport.
«Seria de uma hipocrisia enorme dizer que é um processo igual aos outros, o que não significa que não tenha de ser investigado como os outros», afirma Souto Moura, esclarecendo que as alegadas «pressões políticas» que estarão a ser exercidas neste caso, como noutras envolvendo «pessoas com poder» – a ele coube-lhe em sorte o processo Casa Pia – não são directas nem precisam de o ser. «Eu sabia o que as pessoas gostariam que eu decidisse e o que gostariam que não decidisse», garante, acrescentando que isso não o condicionou.
Resumindo e baralhando, que las hay, las hay, como diria o outro, a questão está é na capacidade de lhes resistir.
Não se sabe se Pinto Monteiro apreciou a ajuda, sobretudo numa altura em que não consegue esconder o incómodo causado pelas denúncias do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, cujo quer contar a Belém o que pelos vistos não diz na PGR, o que por mais voltas que se lhe dê configura objectivamente uma falta de confiança naquele órgão. Por que será? Pinto Monteiro não atina com a resposta.
Enquanto este fio de Ariana, ao invés do outro, vai ficando cada vez mais intrincado sem se vislumbrar saída para o labirinto, os suspeitos mais mediáticos, com aquela originalidade de todos os suspeitos, vão clamando na praça pública a sua inocência e exigindo inquéritos para apuramento da verdade. Entretanto, na imprensa, sucedem-se declarações mais ou menos bombásticas quanto às ditas pressões que, não havendo segundo reza a verdade oficial, afinal parece terem barbas e ser maiores do que a légua da Póvoa. É o caso trazido à ribalta por António Pires de Lima, ex-bastonário da Ordem dos Advogados, que em declarações à SIC-Notícias acusa Lopes da Mota, ex-secretário de Estado no segundo Governo de António Guterres e actual presidente do Eurojust, de ter servido de «elo» entre o Ministério da Justiça e o então procurador-geral da República Cunha Rodrigues. O mesmo Lopes da Mota apontado agora em vários círculos como estando muito empenhado em fazer sentir a necessidade de se pôr um ponto final no caso Freeport.