Reintegração nas minas de Aljustrel

Promessa por cumprir

«Já devolveu a camisola ao Sport Clube de Aljustrel?». Ao formular a pergunta nestes termos ao ministro Manuel Pinho, em debate parlamentar centrado nas questões económicas, no final da passada semana, o deputado comunista Agostinho Lopes mais não fez do que confrontar o titular da pasta da Economia com mais uma das muitas promessas do Governo não cumpridas.
Em causa está a garantia dada por aquele governante no ano passado de que até Janeiro último seriam reintegrados nas Pi­rites Alen­te­janas os trabalhadores que tinham sido alvo de despedimento colectivo. Garantia de regresso ao trabalho que o próprio primeiro-ministro veio depois a subscrever, dando como limite para a sua concretização o primeiro trimestre que está prestes a expirar.
Recorde-se que a promessa de Manuel Pinho foi feita na sequência de um controverso acto público realizado há tempos à revelia do Sindicato dos Mineiros e da Câmara de Aljustrel no decurso do qual, como a bancada comunista denunciou e o Avante! noticiou, procedeu à entrega em nome da EDP de um cheque àquele clube alentejano. Por isso o sentido da pergunta de Agostinho Lopes num debate em que o ministro, apesar da insistência do deputado comunista – formulou-a repetidamente nos vários momentos em que interveio -, cometeu a proeza de não responder, fugindo de forma atabalhoada e inábil à questão.
A mesma postura que veio a ter, aliás, em relação a todas as outras questões que lhe foram colocadas pela bancada do PCP. Particularmente notada, até pela gravidade do caso, foi a forma como se furtou a esclarecer os contornos da eventual ligação entre o negócio da compra das Pi­rites Alen­te­janas por uma empresa portuguesa e o também muito badalado negócio da instalação de painéis solares no qual, de acordo com os critérios adoptados pelo Governo, intervêm apenas duas empresas e quatro entidades bancárias. Sintomático, neste capítulo, foi ainda a ausência por parte do governante de qualquer referência crítica perante o facto de numa dessas empresas ter assento um ex-secretário de Estado (que no exercício dessas funções legislou sobre biocombustíveis e recursos eólicos), bem como de um ex-director geral de Energia, também ele autor de legislação sobre microgeração e sobre o mercado de certificação energética. Tudo isso, a avaliar pela reacção de Manuel Pinho, é normal, como pelos vistos normal é que milhares de pequenas empresas instaladoras de painéis solares sejam discriminadas e prejudicadas em favor apenas de um restrito grupo de eleitos.


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