Urge travar o desemprego
Jerónimo de Sousa acusou o Governo de não estar a adoptar as medidas que se impunham para impedir os despedimentos, cujo aumento classificou de «inquietante».
Plano anti-crise não responde aos problemas
«O desemprego está a crescer a cada dia que passa, e há empresas que depois de terem recebido fundos colossais, apoios, benefícios, isenções do Estado, levantam a tenda, encerram, aproveitam para despedir», afirmou o Secretário-geral do PCP, na passada semana, no debate quinzenal com o primeiro-ministro.
Com as questões económicas em pano de fundo, num debate onde foram percorridas outras matérias de actualidade como a interferência das secretas em investigações criminais, o dirigente comunista não se desviou do tema proposto e mostrou-se particularmente preocupado com a subida do desemprego.
«Mesmo o homem mais rico de Portugal, só porque existe ali uma quebra de lucros, o caminho que encontra é logo o despedimento», sublinhou em tom muito crítico, dando exemplos de outras empresas que receberam ou vão receber apoios e que encetaram processos de liquidação de postos de trabalho, casos da Saint Gobain (cujo novo forno vai ser construído com o apoio de 50 milhões de euros do Estado), da Renault Cacia, da Ecco, da Mabor e da Continental, entre muitos outros.
Interpelando o chefe do Governo, e depois de ter classificado a situação de escandalosa, Jerónimo de Sousa perguntou o que pensa este fazer para travar «aqueles que encheram os bolsos com benefícios, com privilégios, com fundos comunitários, e que, agora, à primeira dificuldade, encerram empresas, despedem colectivamente de forma arbitrária, sem que o Governo diga uma palavra a exigir os compromissos assumidos por essas empresas em relação a Portugal e aos seus próprios trabalhadores».
Medidas insuficientes
José Sócrates, na resposta, passando ao lado da questão colocada, limitou-se a dizer que o Estado não pode evitar a recessão, o que pode é «limitar as consequências da gravíssima crise económica e financeira», que atribuiu uma vez mais apenas a factores exógenos, tentando assim descartar-se das pesadas responsabilidades que ele próprio e o seu Governo têm pela grave situação em que o País se encontra.
Quadro de crise que levou Jerónimo de Sousa a considerar não estarem a ser tomadas pelo Governo as medidas adequadas à altura da sua gravidade. «O plano anti-crise não responde aos problemas do País nem à crise», asseverou, dando como exemplo a linha de crédito de 600 milhões de euros, que abrangeu apenas 12 500 empresas, num universo nacional de um milhão e cem mil empresas.
Estabeleceu ainda a comparação, inevitável, entre os 1 800 milhões de euros que terão sido já enterrados pela Caixa Geral de Depósitos no BPN e aqueles 600 milhões de euros afectos ao crédito para as pequenas e médias empresas.
«Ora a esmagadora maioria das empresas que não pôde concorrer no âmbito desse programa «Investe 3», quando tem de recorrer à banca, o que encontra, apesar da baixa das taxas de juro, são spreads altos e comissões de capital de riscos que, tudo junto, dá juros de 12, 13 e 14 por cento, impedindo-as assim de resolver os seus problemas», fez notar Jerónimo de Sousa, encontrando neste facto renovado sentido e actualidade para a proposta da sua bancada no sentido de que a Caixa Geral de Depósitos assuma o papel de «instrumento fundamental para acesso ao crédito e aos seguros de crédito».
Corda na garganta
O dirigente comunista inquiriu ainda sobre as medidas administrativas em curso para impedir que a banca se aproveite da situação e «transforme isto numa área de negócio, levando ao sufoco de milhares e milhares de pequenas empresas».
E a propósito, parafraseando Almeida Garrett, quando colocava a questão de saber «quantos pobres são precisos para criar um rico», perguntou «quantos encerramentos de pequenas e médias empresas, quantos despedimentos individuais e colectivos são necessários fazer para salvar um banco e um punhado de banqueiros».
Sócrates, na resposta, depois de procurar valorizar a linha de crédito avançada pelo seu governo, lembrando que os primeiros 400 milhões se euros foram utilizados num mês, explicou que não foi mais longe porque «nestas linhas de crédito intervêm os contribuintes portugueses», uma vez que, observou, o Governo bonifica os juros e garante parte do risco. Sintomático é que não se tenha lembrado de invocar o mesmo argumento – estando igualmente em causa o dinheiro dos contribuintes – quando se tratou de injectar muitos milhões para salvar os banqueiros e accionistas do BPN.
Quanto ao crédito caro e às dificuldades ao seu acesso, o chefe do Governo disse apenas que este «era um problema em todo o mundo», garantindo que o Governo estava «a fazer tudo para reduzir essa dificuldade».
Sem resposta ficou o repto sobre a proposta do PCP quanto à CGD, esquivando-se com a justificação de que a «avaliação de risco feita pela CGD não pode ser muito diferente da que é feita pelo mercado».
Jerónimo, na réplica, insistiu em considerar um escândalo que a banca cobre juros tão altos às empresas que estão com a corda na garganta, lembrando que endividadas já elas estão.
E sobre o BPN, que disse ser um caso de «justiça e de polícia», desmontando a pretensa preocupação do Governo pelos depositantes, sempre apresentada como justificação para a nacionalização, perguntou: «mas então o Governo não tinha dado a garantia de que estaria sempre salvaguardado o valor de 80 mil euros para todos os depósitos?»
Com as questões económicas em pano de fundo, num debate onde foram percorridas outras matérias de actualidade como a interferência das secretas em investigações criminais, o dirigente comunista não se desviou do tema proposto e mostrou-se particularmente preocupado com a subida do desemprego.
«Mesmo o homem mais rico de Portugal, só porque existe ali uma quebra de lucros, o caminho que encontra é logo o despedimento», sublinhou em tom muito crítico, dando exemplos de outras empresas que receberam ou vão receber apoios e que encetaram processos de liquidação de postos de trabalho, casos da Saint Gobain (cujo novo forno vai ser construído com o apoio de 50 milhões de euros do Estado), da Renault Cacia, da Ecco, da Mabor e da Continental, entre muitos outros.
Interpelando o chefe do Governo, e depois de ter classificado a situação de escandalosa, Jerónimo de Sousa perguntou o que pensa este fazer para travar «aqueles que encheram os bolsos com benefícios, com privilégios, com fundos comunitários, e que, agora, à primeira dificuldade, encerram empresas, despedem colectivamente de forma arbitrária, sem que o Governo diga uma palavra a exigir os compromissos assumidos por essas empresas em relação a Portugal e aos seus próprios trabalhadores».
Medidas insuficientes
José Sócrates, na resposta, passando ao lado da questão colocada, limitou-se a dizer que o Estado não pode evitar a recessão, o que pode é «limitar as consequências da gravíssima crise económica e financeira», que atribuiu uma vez mais apenas a factores exógenos, tentando assim descartar-se das pesadas responsabilidades que ele próprio e o seu Governo têm pela grave situação em que o País se encontra.
Quadro de crise que levou Jerónimo de Sousa a considerar não estarem a ser tomadas pelo Governo as medidas adequadas à altura da sua gravidade. «O plano anti-crise não responde aos problemas do País nem à crise», asseverou, dando como exemplo a linha de crédito de 600 milhões de euros, que abrangeu apenas 12 500 empresas, num universo nacional de um milhão e cem mil empresas.
Estabeleceu ainda a comparação, inevitável, entre os 1 800 milhões de euros que terão sido já enterrados pela Caixa Geral de Depósitos no BPN e aqueles 600 milhões de euros afectos ao crédito para as pequenas e médias empresas.
«Ora a esmagadora maioria das empresas que não pôde concorrer no âmbito desse programa «Investe 3», quando tem de recorrer à banca, o que encontra, apesar da baixa das taxas de juro, são spreads altos e comissões de capital de riscos que, tudo junto, dá juros de 12, 13 e 14 por cento, impedindo-as assim de resolver os seus problemas», fez notar Jerónimo de Sousa, encontrando neste facto renovado sentido e actualidade para a proposta da sua bancada no sentido de que a Caixa Geral de Depósitos assuma o papel de «instrumento fundamental para acesso ao crédito e aos seguros de crédito».
Corda na garganta
O dirigente comunista inquiriu ainda sobre as medidas administrativas em curso para impedir que a banca se aproveite da situação e «transforme isto numa área de negócio, levando ao sufoco de milhares e milhares de pequenas empresas».
E a propósito, parafraseando Almeida Garrett, quando colocava a questão de saber «quantos pobres são precisos para criar um rico», perguntou «quantos encerramentos de pequenas e médias empresas, quantos despedimentos individuais e colectivos são necessários fazer para salvar um banco e um punhado de banqueiros».
Sócrates, na resposta, depois de procurar valorizar a linha de crédito avançada pelo seu governo, lembrando que os primeiros 400 milhões se euros foram utilizados num mês, explicou que não foi mais longe porque «nestas linhas de crédito intervêm os contribuintes portugueses», uma vez que, observou, o Governo bonifica os juros e garante parte do risco. Sintomático é que não se tenha lembrado de invocar o mesmo argumento – estando igualmente em causa o dinheiro dos contribuintes – quando se tratou de injectar muitos milhões para salvar os banqueiros e accionistas do BPN.
Quanto ao crédito caro e às dificuldades ao seu acesso, o chefe do Governo disse apenas que este «era um problema em todo o mundo», garantindo que o Governo estava «a fazer tudo para reduzir essa dificuldade».
Sem resposta ficou o repto sobre a proposta do PCP quanto à CGD, esquivando-se com a justificação de que a «avaliação de risco feita pela CGD não pode ser muito diferente da que é feita pelo mercado».
Jerónimo, na réplica, insistiu em considerar um escândalo que a banca cobre juros tão altos às empresas que estão com a corda na garganta, lembrando que endividadas já elas estão.
E sobre o BPN, que disse ser um caso de «justiça e de polícia», desmontando a pretensa preocupação do Governo pelos depositantes, sempre apresentada como justificação para a nacionalização, perguntou: «mas então o Governo não tinha dado a garantia de que estaria sempre salvaguardado o valor de 80 mil euros para todos os depósitos?»