Um caso de sucesso
Quando há dias o primeiro-ministro chamou pobres de espírito a quantos não são capazes de reconhecer a excelência do trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Ministério da Educação com a chancela do Governo, confesso que fiquei abalada nas minhas convicções e que pus em dúvida a minha capacidade – modesta embora – de discernimento. É que Sócrates agitava um argumento de peso apresentado numa sessão organizada com tanta pompa e circunstância que intimidava qualquer um. Nada mais nada menos do que um relatório com a chancela da OCDE garantindo, preto no branco, que o encerramento de escolas, as reformas curriculares, a avaliação de professores, o estatuto da carreira docente, enfim, tudo o que tem sido alvo de contestação popular e conseguiu unir os professores numa frente de luta nunca antes vista no sector, era afinal a maravilha das maravilhas em matéria de política educativa.
Convenhamos que dava para pensar, tanto mais que Sócrates – na cerimónia de apresentação do dito estudo – não escondia a satisfação de poder, ao menos uma vez, desancar na oposição com a alegada legitimidade conferida pela OCDE, e ainda por cima mostrar ao País que há uma luz ao fundo do túnel e nem tudo são desgraças. E isto, claro, graças ao seu Governo e à sua política.
Estava pois neste trilema, já me interrogando até se os 150 000 empregos prometidos na campanha eleitoral, mais as medidas para a criação de emprego para combater a crise, mais as reformas disto e daquilo afinal não seriam mesmo verdade que só por pobreza de espírito eu mais uns quantos milhões de portugueses não conseguíamos enxergar, quando a nudez crua da verdade veio à tona estilhaçando o manto diáfano da fantasia, que no caso vertente mais apropriado seria designar por mentira mesmo. Afinal o relatório não era da OCDE, fora encomendado e pago pelo Governo e tinha por base um trabalho do próprio Ministério da Educação. A coisa deu bruá na Assembleia, após o que o PS pôs uma pedra sobre o caso afirmando não ter «mais nada» a dizer sobre o assunto, não sem antes Sócrates insistir que quem o critica «tem ciúmes» do «sucesso» do País.
Não fora terem muitos outros e mais graves problemas com que se entreter, e os pobres de espírito já podiam dormir descansados.
Convenhamos que dava para pensar, tanto mais que Sócrates – na cerimónia de apresentação do dito estudo – não escondia a satisfação de poder, ao menos uma vez, desancar na oposição com a alegada legitimidade conferida pela OCDE, e ainda por cima mostrar ao País que há uma luz ao fundo do túnel e nem tudo são desgraças. E isto, claro, graças ao seu Governo e à sua política.
Estava pois neste trilema, já me interrogando até se os 150 000 empregos prometidos na campanha eleitoral, mais as medidas para a criação de emprego para combater a crise, mais as reformas disto e daquilo afinal não seriam mesmo verdade que só por pobreza de espírito eu mais uns quantos milhões de portugueses não conseguíamos enxergar, quando a nudez crua da verdade veio à tona estilhaçando o manto diáfano da fantasia, que no caso vertente mais apropriado seria designar por mentira mesmo. Afinal o relatório não era da OCDE, fora encomendado e pago pelo Governo e tinha por base um trabalho do próprio Ministério da Educação. A coisa deu bruá na Assembleia, após o que o PS pôs uma pedra sobre o caso afirmando não ter «mais nada» a dizer sobre o assunto, não sem antes Sócrates insistir que quem o critica «tem ciúmes» do «sucesso» do País.
Não fora terem muitos outros e mais graves problemas com que se entreter, e os pobres de espírito já podiam dormir descansados.