Sócrates em recauchutagem
O primeiro-ministro fez «a mais espantosa operação de recauchutagem política e ideológica», comentou o secretário-geral do PCP, ao intervir anteontem, à tarde, numa sessão, em Lisboa, no âmbito da campanha «Sim, é possível uma vida melhor». Jerónimo de Sousa acusou José Sócrates de fugir para a frente e não fazer o balanço da sua acção governativa, quando apresentou, domingo, a «moção de estratégia» para o próximo congresso do PS.
Perante dezenas de pessoas que encheram o salão do Grupo Sportivo Adicense, em Alfama, o dirigente comunista contrariou a ideia de que a crise «vem de fora», recordando que não é de agora que Portugal está a divergir da União Europeia. Jerónimo de Sousa enumerou promessas de José Sócrates, que permanecem por cumprir, como o desenvolvimento económico e social ou a criação de 150 mil novos empregos, e «até o controlo do défice público foi uma vitória de Pirro».
Uma alternativa de esquerda passa pela ruptura com a política de direita, que tem sido praticada pelo Governo de Sócrates e do PS, reafirmou o secretário-geral.
Terminada a sessão, o dirigente comunista foi interpelado por jornalistas, a comentar a tomada de posse do presidente dos EUA, que estava a decorrer nessa altura. Criticou a operação mediática em torno da cerimónia e manifestou cepticismo quanto a mudanças na política internacional, uma vez que, para além das ilusões criadas à volta de Barack Obama, nada de concreto e objectivo fundamenta que haja razões de esperança. Por exemplo, referiu, o novo presidente demonstrou que continua amigo dos israelitas.