A longa marcha
Algumas críticas que vão surgindo à governação, em meios de comunicação social que têm primado pelo elogio ou, pelo menos, pela «explicação das dificuldades» que o executivo de Barroso e Portas têm experimentado, situam-se, pragmaticamente, nos «erros» e incompetências que a acção governativa tem vindo a demonstrar.
Não é só porque caem pontes - que deviam solidamente dar passagem a quem precisa; nem será por causa dos fogos que alastram desmedidamente sem que os ministros admitam que a emergência deveria ter sido declarada. Todos os anos - todos, mesmo se a contagem para trás no tempo venha a abranger outros governos e outros ministros da política de direita - se assiste ao mesmo tipo de fenómenos negativos. Com a agravante de que todos os problemas se agravam, à medida que ao PS se sucede o PSD, com ou sem o contrapeso do CDS/PP a ajudá-los.
As pontes também caíam no tempo do PS. A «melhoria» foi, desta vez, que não houve vítimas mortais e que, em vez de um ministro, caiu um simples engenheiro. As empresas encerram ou deslocalizam-se, como antes; como antes, os trabalhadores são despedidos e engrossam os números do desemprego; os salários reais não alcançam o poder de compra que se vem perdendo; na saúde, ministério a ministério, quem a quer paga-a e as «boas vontades» anunciadas não chegaram nunca para travar as privatizações, as listas de espera e a engenharia dos números que, hoje, já manda dizer que, afinal, só uma pessoa morreu por causa do calor.
Na verdade, este Governo não erra. Nem é mais incompetente que os seus antecessores. O que faz é prosseguir, desta feita vertiginosamente, o essencial das políticas há muito talhadas para servir ao capital e para retirar direitos a quem trabalha.
Portanto, uma alternativa mais funda e global impõe-se. A construir com todos aqueles que desejem verdadeiramente refazer o caminho da justiça e dos direitos. Não adianta chorar sobre o leite derramado das oportunidades perdidas, nem, como alguns fazem, mentir para alindar o passado. Não foram «os partidos de Esquerda» que deitaram fora a oportunidade de unirem esforços para obstar à conquista do poder pela «Direita Unida», como recentemente escreveu um «ex», empenhado em servir de muleta ao PS. Foi o PS que recusou tal oportunidade, porque o PCP de então recusava, como hoje o faz, em correr para o poder sem princípios. Diz ele, o tal «ex», que a «Longa Marcha dos renovadores» tem o «propósito de desbloquear tal estado de coisas». A longa marcha, porém, é a que nós fazemos, lutando. A marcha deles é muito mais curta, verdadeiro atalho para a cadeirinha do poder. Mas talvez vá dar a um beco.
Não é só porque caem pontes - que deviam solidamente dar passagem a quem precisa; nem será por causa dos fogos que alastram desmedidamente sem que os ministros admitam que a emergência deveria ter sido declarada. Todos os anos - todos, mesmo se a contagem para trás no tempo venha a abranger outros governos e outros ministros da política de direita - se assiste ao mesmo tipo de fenómenos negativos. Com a agravante de que todos os problemas se agravam, à medida que ao PS se sucede o PSD, com ou sem o contrapeso do CDS/PP a ajudá-los.
As pontes também caíam no tempo do PS. A «melhoria» foi, desta vez, que não houve vítimas mortais e que, em vez de um ministro, caiu um simples engenheiro. As empresas encerram ou deslocalizam-se, como antes; como antes, os trabalhadores são despedidos e engrossam os números do desemprego; os salários reais não alcançam o poder de compra que se vem perdendo; na saúde, ministério a ministério, quem a quer paga-a e as «boas vontades» anunciadas não chegaram nunca para travar as privatizações, as listas de espera e a engenharia dos números que, hoje, já manda dizer que, afinal, só uma pessoa morreu por causa do calor.
Na verdade, este Governo não erra. Nem é mais incompetente que os seus antecessores. O que faz é prosseguir, desta feita vertiginosamente, o essencial das políticas há muito talhadas para servir ao capital e para retirar direitos a quem trabalha.
Portanto, uma alternativa mais funda e global impõe-se. A construir com todos aqueles que desejem verdadeiramente refazer o caminho da justiça e dos direitos. Não adianta chorar sobre o leite derramado das oportunidades perdidas, nem, como alguns fazem, mentir para alindar o passado. Não foram «os partidos de Esquerda» que deitaram fora a oportunidade de unirem esforços para obstar à conquista do poder pela «Direita Unida», como recentemente escreveu um «ex», empenhado em servir de muleta ao PS. Foi o PS que recusou tal oportunidade, porque o PCP de então recusava, como hoje o faz, em correr para o poder sem princípios. Diz ele, o tal «ex», que a «Longa Marcha dos renovadores» tem o «propósito de desbloquear tal estado de coisas». A longa marcha, porém, é a que nós fazemos, lutando. A marcha deles é muito mais curta, verdadeiro atalho para a cadeirinha do poder. Mas talvez vá dar a um beco.