A medalha de quê?

José Casanova
Chega a notícia de que Bush, antes de abandonar a Casa Branca, irá condecorar com a «medalha da liberdade» várias personalidades políticas - entre elas o ex-primeiro ministro britânico Blair e o ainda presidente da Colômbia, Uribe.
Se tivermos em conta o conceito de liberdade de Bush, é fácil perceber a lógica que presidiu à selecção dos dois premiados, bem como à categoria da medalha escolhida.
Blair, enquanto chefe do governo da Grã-Bretanha, foi um verdadeiro homem de mão de Bush e o seu mais fiel servidor e cúmplice na destruição e ocupação de países e numa infindável vaga de crimes que tiraram a vida a centenas e centenas de milhares de seres humanos - pelo que a «medalha da liberdade» fica-lhe mesmo a matar…
O mesmo se pode dizer em relação ao segundo premiado – o narco-fascista Uribe – para o qual a dita medalha é o justo prémio por uma vida ao serviço da liberdade, da democracia e dos direitos humanos.
Senão vejamos: Uribe é o presidente de um país onde são assassinadas, em média, sete pessoas por dia - o que significa que, desde que chegou ao poder, foram assassinados cerca de 15 mil colombianos, na sua maioria sindicalistas, activistas dos direitos humanos e outros perigosos terroristas. Também a situação da Colômbia em matéria de presos políticos e de tratamento nas prisões – ou seja, de respeito pelos direitos humanos - há-de ter pesado na decisão de Bush de atribuir a «medalha da liberdade» a Uribe: nos primeiros dez meses de 2008, 932 presos políticos foram submetidos a torturas, em consequência das quais morreram 731.
A atribuição da «medalha da liberdade» a Uribe, é justificada, ainda, por uma outra situação muito característica da democracia colombiana: a questão dos «deslocados», que se calcula que sejam uns 4, 5 milhões. São camponeses obrigados a ferro e fogo a abandonar as suas terras das quais, depois, os que os expulsam se apropriam – e já lá vão cerca de cinco milhões de hectares de terras libertadas.


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