Olha a novidade!
O Presidente da República (dizem que por vingança dumas desfeitas que o vizinho de S. Bento lhe aprontou) fez um discurso de Ano Novo a puxar as orelhas à situação do País e, do alto da sua autoridade, chamou a atenção para as dificuldades que o País irá enfrentar durante este ano.
É certo que José Sócrates (aproveitando todos os buraquinhos que lá foram deixados pela concertação estratégica, de que Cavaco não se quer afastar) veio dizer que acompanha as preocupações do senhor Presidente, e tal e tal. Mas não restarão muitas dúvidas de que Cavaco resolveu por o dedo em algumas das feridas que doem ao nosso povo.
Mas talvez valha a pena assinalar aqui duas questões.
A primeira é que, ou eu estou todo baralhado, ou o que disse Cavaco Silva não tem nada de substancialmente novo. Ora vejamos.
Cavaco falou do endividamento externo. Mas quantas vezes é que o PCP pela voz dos seus principais dirigentes e, desde logo na Conferência Económica e Social, afirmou que os défices estruturais da economia portuguesa (alimentar e energético, designadamente) nos haveriam de levar à ruína? Diziam-nos que estávamos desfasados das dinâmicas económicas! Acusavam-nos de não vivermos neste mundo, e etc. e tal.
Falou também das famílias que não têm dinheiro para pagar os estudos dos seus filhos. Mas desde quando vêm os comunistas (e com papel destacado a Juventude Comunista Portuguesa) apontando o dedo à privatização da educação e à transferência de custos para as famílias? Que não, que estávamos parados no tempo, que só agitávamos fantasmas...
E até referiu as dificuldades vividas pelos agricultores portugueses! Fizemos várias intervenções sobre o tema na Assembleia da República e no Parlamento Europeu? O que é que isso interessava? Quando muito, três linhas num qualquer canto de página, esmagadas pela propaganda do Governo ou por algum espirro de alguma estrela cintilante da política portuguesa.
A segunda questão é que, para além de estas chamadas de atenção virem a destempo, elas escondem as responsabilidades e os caminhos para as superar.
Porque em matéria de responsabilidades, para além das que são directamente atribuíveis ao Governo do PS, Cavaco quis, naturalmente, evitar que uma parte lhe caísse em cima. Para não ir mais longe, lembrêmo-nos de quem é o pai das propinas no Ensino Superior e estamos conversados.
Mas também porque, no que diz respeito aos caminhos para enfrentar as dificuldades, Cavaco só tem para apresentar mais do mesmo (o tal «caminho estreito»), não cabendo na sua cartilha a ruptura com a política de direita, de que ele é também um dos progenitores.
É certo que José Sócrates (aproveitando todos os buraquinhos que lá foram deixados pela concertação estratégica, de que Cavaco não se quer afastar) veio dizer que acompanha as preocupações do senhor Presidente, e tal e tal. Mas não restarão muitas dúvidas de que Cavaco resolveu por o dedo em algumas das feridas que doem ao nosso povo.
Mas talvez valha a pena assinalar aqui duas questões.
A primeira é que, ou eu estou todo baralhado, ou o que disse Cavaco Silva não tem nada de substancialmente novo. Ora vejamos.
Cavaco falou do endividamento externo. Mas quantas vezes é que o PCP pela voz dos seus principais dirigentes e, desde logo na Conferência Económica e Social, afirmou que os défices estruturais da economia portuguesa (alimentar e energético, designadamente) nos haveriam de levar à ruína? Diziam-nos que estávamos desfasados das dinâmicas económicas! Acusavam-nos de não vivermos neste mundo, e etc. e tal.
Falou também das famílias que não têm dinheiro para pagar os estudos dos seus filhos. Mas desde quando vêm os comunistas (e com papel destacado a Juventude Comunista Portuguesa) apontando o dedo à privatização da educação e à transferência de custos para as famílias? Que não, que estávamos parados no tempo, que só agitávamos fantasmas...
E até referiu as dificuldades vividas pelos agricultores portugueses! Fizemos várias intervenções sobre o tema na Assembleia da República e no Parlamento Europeu? O que é que isso interessava? Quando muito, três linhas num qualquer canto de página, esmagadas pela propaganda do Governo ou por algum espirro de alguma estrela cintilante da política portuguesa.
A segunda questão é que, para além de estas chamadas de atenção virem a destempo, elas escondem as responsabilidades e os caminhos para as superar.
Porque em matéria de responsabilidades, para além das que são directamente atribuíveis ao Governo do PS, Cavaco quis, naturalmente, evitar que uma parte lhe caísse em cima. Para não ir mais longe, lembrêmo-nos de quem é o pai das propinas no Ensino Superior e estamos conversados.
Mas também porque, no que diz respeito aos caminhos para enfrentar as dificuldades, Cavaco só tem para apresentar mais do mesmo (o tal «caminho estreito»), não cabendo na sua cartilha a ruptura com a política de direita, de que ele é também um dos progenitores.