Grandes males, grandes remédios!

Francisco Lopes (Membro da Comissão Política)
Portugal, em consequência da política de direita concretizada nos últimos 32 anos por sucessivos governos, prosseguida e aprofundada pelo Governo PS/Sócrates, foi conduzido a uma situação difícil.

O PCP está determinado a resistir e avançar

O agravamento da crise do capitalismo e as suas consequências vêm acrescentar-se aos problemas já existentes e o Governo PS reage mantendo a sua opção de classe ao serviço dos interesses dos grupos económicos e financeiros.
Quando antes em nome do combate ao défice dizia não haver dinheiro e justificava todos os sacrifícios, agora usa dezenas de milhares de milhões de euros para suportar a continuação da especulação bolsista. Adopta as opções contrárias à orientação que, de facto, pode enfrentar a situação e que exige: o fortalecimento do aparelho produtivo e da produção nacional; a garantia de um sector público forte e determinante nos sectores básicos e estratégicos, o apoio às PME; a melhoria dos salários e pensões; a defesa e valorização dos direitos dos trabalhadores; o apoio e estímulo às novas gerações; a concretização de uma estratégia nacional de desenvolvimento e justiça social.
O País é varrido por uma onda de encerramento e deslocalização de empresas, despedimentos, redução dos tempos de laboração, precariedade, mas principalmente por uma enorme ofensiva governamental e patronal que, invocando a crise, desenvolve uma brutal barragem de propaganda e desencadeia uma profunda intervenção visando reduzir salários e remunerações, retirar direitos, pôr em causa a organização e a acção sindicais, limitar as liberdades e direitos democráticos, promovendo assim o retrocesso social, a regressão democrática, acrescentando crise à crise, injustiças sociais às injustiças sociais, numa espiral de exploração e declínio nacional.
A luta de massas pelo aumento dos salários e das pensões, pela defesa e valorização dos direitos, contra a precariedade, pelo emprego, pela mudança de política é, além de elemento decisivo para a defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo, uma questão essencial para enfrentar a crise e promover o desenvolvimento.
Em raros momentos da vida nacional, após a Revolução de Abril, se viveu uma situação que tanto justifique uma ruptura com esta política. Não basta de facto esta ou aquela correcção de pormenor, é indispensável um novo rumo para o País, na concretização do projecto de Abril, que a Constituição da República Portuguesa, apesar de todas as mutilações, consagra nas suas linhas essenciais.

É possível uma vida melhor!

O rumo que o PCP propõe e pelo qual luta, com uma orientação clara, proclamando que basta de injustiças, mostra que é tempo de lutar e tempo de mudar e afirma que sim, é possível uma vida melhor, um Portugal com futuro.
Diz o povo para «grandes males, grandes remédios», uma consideração que tem na presente situação do País uma aplicação de grande actualidade.
Face ao grande mal provocado pela política de direita neste rumo de injustiça social e declínio nacional, os trabalhadores e o povo português têm nas suas mãos um grande remédio: o reforço do PCP e da CDU.
Sem tal remédio não há cura para os problemas nacionais, não há caminho de desenvolvimento e justiça social.
No meio da mais profunda instabilidade, o PCP e a CDU são a segurança de uma opção sempre comprometida com os interesses dos trabalhadores, do povo e do País.
O PCP, reforçado com o XVIII Congresso, afirma-se com uma força, determinação, confiança e o projecto de futuro que nenhuma caricatura ideológica e nenhuma falsificação política poderão apagar. O lema «por Abril, pelo socialismo, um partido mais forte» ganha uma dimensão e um conteúdo essenciais.
O PCP afirma o seu compromisso com os trabalhadores e as camadas sociais antimonopolistas, os seus interesses e aspirações, com a sua organização e luta.
O PCP afirma-se como o verdadeiro promotor da convergência de todas as forças políticas e sociais que querem a ruptura com a política de direita e uma alternativa de esquerda para Portugal.
Num quadro em que se vão realizar três importantes actos eleitorais, a CDU representa o amplo espaço de convergência de todos os que querem a defesa dos interesses nacionais, a ruptura com a política de direita e a resolução dos problemas das populações no plano local.
Com consciência das dificuldades e dos obstáculos que estão à sua frente, das potencialidades que se lhe colocam, com uma evolução do mundo e da realidade nacional que dá acrescida actualidade à sua luta e projecto, o PCP está determinado a resistir e avançar. E avança como grande força da liberdade e da democracia, da luta, do projecto e da esperança num Portugal mais desenvolvido e mais justo, do combate ao capitalismo, da emancipação humana e do progresso social.


Mais artigos de: Opinião

Como é possível?

Como é possível tanto desprezo pela vida e pela dignidade humana? Como é possível tão frontal e contumaz violação da legalidade internacional e dos direitos humanos mais elementares?Como é possível que há mais de sessenta anos o povo palestiniano veja negado o reconhecimento do seu próprio Estado independente e...

Um achado

Em entrevista à SIC, esta segunda-feira, o primeiro-ministro Sócrates fez importantes revelações ao País. Por exemplo, disse achar que «tudo aponta para um cenário cada vez mais provável de entrarmos em recessão», o que é um verdadeiro achado. Mais acha Sócrates que «não escaparemos a isso», o que sendo redundante não...

Em nome da crise

O que parece nem sempre o é. Depois de meses a fio de porfiada negação da crise e das dificuldades que a sua própria política gerava e avolumava, Sócrates mudou no registo. Com o virar do ano a recessão é já admitida como possível e as dificuldades que esperam o País tidas como inevitáveis. Para os que mais ingenuamente...

Olha a novidade!

O Presidente da República (dizem que por vingança dumas desfeitas que o vizinho de S. Bento lhe aprontou) fez um discurso de Ano Novo a puxar as orelhas à situação do País e, do alto da sua autoridade, chamou a atenção para as dificuldades que o País irá enfrentar durante este ano. É certo que José Sócrates (aproveitando...

A medalha de quê?

Chega a notícia de que Bush, antes de abandonar a Casa Branca, irá condecorar com a «medalha da liberdade» várias personalidades políticas - entre elas o ex-primeiro ministro britânico Blair e o ainda presidente da Colômbia, Uribe. Se tivermos em conta o conceito de liberdade de Bush, é fácil perceber a lógica que...