Processo cada vez mais nebuloso
Avolumam-se os indícios de falta de transparência nos acontecimentos e negócios que envolvem os titulares das Pirites Alentejanas e o Estado, afirma o PCP, que acusa o Governo de ser «cúmplice activo» no que apelida de processo «cada vez mais nebuloso e opaco».
O Governo já sabia há meses da intenção do encerramento
O tema voltou ao plenário na passada semana em declaração política proferida em nome da bancada comunista pelo deputado José Soeiro. Numa crítica cerrada ao Executivo de José Sócrates, cuja actuação considerou vergonhosa na questão das minas de Aljustrel, o parlamentar do PCP não poupou adjectivos para definir a actuação do ministro da Economia, Manuel Pinho, figura que em sua opinião já há muito deveria ter sido exonerada de funções.
A motivar a indignação do grupo comunista está desde logo o facto de, ainda há «apenas sete meses», o primeiro-ministro José Sócrates e o seu ministro da Economia não se cansarem de elogiar o investimento dos canadianos da Lundin Mining nas Pirites Alentejanas, referenciando-o como um exemplo capaz de «competir na economia global e fazer aquilo que é necessário para o País», garantindo simultaneamente que a mina «trouxe investimento, deu trabalho e vai contribuir para aumentar as exportações».
Viu-se. A verdade é que não foi preciso muito tempo para assistirmos ao desabar da operação de propaganda, dando lugar à dramática realidade que foi a interrupção da laboração e as manobras de chantagem da administração da empresa visando o despedimento de centenas de trabalhadores.
«Na manhã de 13 de Novembro, pouco mais de cinco meses depois, sem qualquer pré-aviso aos trabalhadores, aos seus legítimos representantes ou à Câmara de Aljustrel, o anúncio brutal e com efeitos imediatos, as Pirites Alentejanas paravam nesse mesmo dia a sua laboração e ao seu serviço iriam ficar apenas algumas dezenas de trabalhadores para assegurar a sua manutenção», lembrou José Soeiro.
Acontecimentos que levaram o deputado do PCP a considerar que foi «uma vergonha ouvir o ministro de um Governo socialista dizer que não houve despedimentos, mas apenas rescisões amigáveis».
«Vergonha que devia fazer corar o Grupo Parlamentar do PS sempre tão empenhado em aplaudir um ministro que há muito devia ter sido afastado da governação», acrescentou.
Falta de transparência
A bancada comunista sustentou ainda a tese de que o Governo já «sabia há meses» da intenção da multinacional canadiana e de nada ter feito para travar os despedimentos.
E insistiu na acusação de falta de transparência em todo este processo, assinalando, a propósito, que o ministro da Economia, tem-se esquivado por todas a formas em facultar a documentação que lhe foi requerida ou responder às perguntas que lhe foram feitas pelo PCP, as mais recentes das quais ainda no dia 17 de Dezembro no decurso da audiência em comissão parlamentar agendada potestativamente pela bancada comunista.
«Se tudo está tão claro, se tudo está transparente, se tudo está na Internet, então por quê esta fuga à entrega da documentação, contratos e adendas anexas, relativas aos negócios do Estado com a Eurozin envolvendo as Pirites e a Somincor?», perguntou José Soeiro.
Sobre tão estranha fuga do Governo ao controlo e fiscalização democrática da Assembleia da República disse ainda o deputado comunista só poder significar uma de duas coisas: «a aceitação de compromissos espúrios e inconfessáveis», cenário que disse não querer acreditar; ou a «incompetência e a gestão negligente e danosa dos recursos do País».
Tirar o coelho da cartola
Quanto à solução entretanto encontrada pelo Governo para as Pirites Alentejanas também ela, na opinião dos comunistas, está envolvida em contornos pouco claros, sobrando as interrogações até agora sem resposta.
Depois de muito secretismo, de anúncios e desmentidos sobre eventuais interessados na exploração das minas, veio finalmente a saber-se que o negócio foi concretizado com a MTO, empresa dos irmãos Martins, Grupo Martifer, onde trabalha hoje o ex-director da Direcção-Geral de Energia e geologia, Miguel Barreto. Interessante coincidência é ainda a de a Mota/Engil, onde pontifica o ex-ministro do PS Jorge Coelho, ser a detentora de 50 por cento das acções do referido grupo Martifer.
O que levou José Soeiro a considerar ser este um «grande passe de mágica», que é como quem diz: «tirar um grande coelho da cartola».
A motivar a indignação do grupo comunista está desde logo o facto de, ainda há «apenas sete meses», o primeiro-ministro José Sócrates e o seu ministro da Economia não se cansarem de elogiar o investimento dos canadianos da Lundin Mining nas Pirites Alentejanas, referenciando-o como um exemplo capaz de «competir na economia global e fazer aquilo que é necessário para o País», garantindo simultaneamente que a mina «trouxe investimento, deu trabalho e vai contribuir para aumentar as exportações».
Viu-se. A verdade é que não foi preciso muito tempo para assistirmos ao desabar da operação de propaganda, dando lugar à dramática realidade que foi a interrupção da laboração e as manobras de chantagem da administração da empresa visando o despedimento de centenas de trabalhadores.
«Na manhã de 13 de Novembro, pouco mais de cinco meses depois, sem qualquer pré-aviso aos trabalhadores, aos seus legítimos representantes ou à Câmara de Aljustrel, o anúncio brutal e com efeitos imediatos, as Pirites Alentejanas paravam nesse mesmo dia a sua laboração e ao seu serviço iriam ficar apenas algumas dezenas de trabalhadores para assegurar a sua manutenção», lembrou José Soeiro.
Acontecimentos que levaram o deputado do PCP a considerar que foi «uma vergonha ouvir o ministro de um Governo socialista dizer que não houve despedimentos, mas apenas rescisões amigáveis».
«Vergonha que devia fazer corar o Grupo Parlamentar do PS sempre tão empenhado em aplaudir um ministro que há muito devia ter sido afastado da governação», acrescentou.
Falta de transparência
A bancada comunista sustentou ainda a tese de que o Governo já «sabia há meses» da intenção da multinacional canadiana e de nada ter feito para travar os despedimentos.
E insistiu na acusação de falta de transparência em todo este processo, assinalando, a propósito, que o ministro da Economia, tem-se esquivado por todas a formas em facultar a documentação que lhe foi requerida ou responder às perguntas que lhe foram feitas pelo PCP, as mais recentes das quais ainda no dia 17 de Dezembro no decurso da audiência em comissão parlamentar agendada potestativamente pela bancada comunista.
«Se tudo está tão claro, se tudo está transparente, se tudo está na Internet, então por quê esta fuga à entrega da documentação, contratos e adendas anexas, relativas aos negócios do Estado com a Eurozin envolvendo as Pirites e a Somincor?», perguntou José Soeiro.
Sobre tão estranha fuga do Governo ao controlo e fiscalização democrática da Assembleia da República disse ainda o deputado comunista só poder significar uma de duas coisas: «a aceitação de compromissos espúrios e inconfessáveis», cenário que disse não querer acreditar; ou a «incompetência e a gestão negligente e danosa dos recursos do País».
Tirar o coelho da cartola
Quanto à solução entretanto encontrada pelo Governo para as Pirites Alentejanas também ela, na opinião dos comunistas, está envolvida em contornos pouco claros, sobrando as interrogações até agora sem resposta.
Depois de muito secretismo, de anúncios e desmentidos sobre eventuais interessados na exploração das minas, veio finalmente a saber-se que o negócio foi concretizado com a MTO, empresa dos irmãos Martins, Grupo Martifer, onde trabalha hoje o ex-director da Direcção-Geral de Energia e geologia, Miguel Barreto. Interessante coincidência é ainda a de a Mota/Engil, onde pontifica o ex-ministro do PS Jorge Coelho, ser a detentora de 50 por cento das acções do referido grupo Martifer.
O que levou José Soeiro a considerar ser este um «grande passe de mágica», que é como quem diz: «tirar um grande coelho da cartola».