Cimeira de Washington
A declaração final da cimeira é um documento vazio de reais soluções
No passado fim-de-semana os holofotes dos media internacionais estiveram voltados para Washington e para a realização da cimeira do G20 sobre a crise económica e financeira internacional, recebida pela desacreditada e em fim de mandato Administração Bush e marcada pela calculada ausência de Barack Obama. Durante semanas alimentou-se a ideia que do conclave das principais economias capitalistas do mundo, a que por força da realidade económica mundial se juntaram as chamadas economias emergentes, sairiam as grandes «soluções» para a profunda crise do capitalismo.
Não saíram. A declaração final da cimeira é um documento vazio de reais soluções para a crise e pleno de retórica neoliberal. Misto de proclamações ideológicas de defesa do capitalismo e do «livre mercado» e de enumeração de intenções e calendários vazios de conteúdo concreto, o documento evidencia, por um lado, as óbvias dificuldades, contradições e rivalidades em torno do rearranjo do sistema financeiro internacional e das suas principais instituições e, por outro, a incapacidade para no circuito fechado da ideologia neoliberal – mil vezes reafirmada das mais variadas formas – encontrar reais soluções para a crise.
Numa cimeira que – apesar de confrontada nesses mesmos dias com os dados de recessão económica em diversos países, nomeadamente da «Tríade» capitalista e dos impactos na economia produtiva - insistiu em discutir apenas a «espuma» da crise económica do capitalismo, o estafado discurso e as já esgotadas soluções de «regulação» e «supervisão» foram mais uma vez as respostas enunciadas. Bush haveria de proclamar em mais uma das suas brilhantes tiradas de análise política que a cimeira «foi um grande êxito». Por seu lado o título de um jornal diário espanhol sintetiza, na nossa opinião de forma brilhante, o resultado desta cimeira: «mais controlos para que tudo continue igual».
Ambos têm razão, o «brilhante» presidente e o autor do feliz título. Isto porque, para Bush e para a esmagadora maioria dos dirigentes políticos ali presentes, sucesso significa dar a ideia de que se mudou alguma coisa para continuar a defender o sistema capitalista e o neoliberalismo, custe o que custar aos trabalhadores e aos povos. E o pouco de concreto que se pode retirar desta cimeira confirma essa ideia: regulação; supervisão; sistema de alerta de crises (admitindo portanto a sua continuidade); atirar para a irresponsabilidade de alguns as causas da crise (ocultando as responsabilidades estruturais do sistema); criação de almofadas de capital que amparem as crises vindouras; reafirmação do papel do FMI e do Banco Mundial; incentivos fiscais e apoios ao capital financeiro; não tocar nos sacrossantos off-shores, são algumas das ideias saídas de uma cimeira que, ao atirar para daqui a quatro meses uma segunda discussão, gritou bem alto: até lá é cada um por si.
A cimeira dá portanto razão àqueles que, como o PCP, nunca tiveram quaisquer esperanças relativamente ao impacto positivo das suas conclusões. E só poderia ser assim. Porque é uma discussão feita à margem daqueles que correm os maiores riscos com esta crise - os trabalhadores, os povos e os países mais pobres; porque não é feita no fórum onde por excelência deveria ter acontecido – a Organização das Nações Unidas; porque não discutiu o problema central – a crise económica do capitalismo, e finalmente porque pretendia essa magia impossível de serem os próprios incendiários a apagar o fogo que arde na economia capitalista.
Não saíram. A declaração final da cimeira é um documento vazio de reais soluções para a crise e pleno de retórica neoliberal. Misto de proclamações ideológicas de defesa do capitalismo e do «livre mercado» e de enumeração de intenções e calendários vazios de conteúdo concreto, o documento evidencia, por um lado, as óbvias dificuldades, contradições e rivalidades em torno do rearranjo do sistema financeiro internacional e das suas principais instituições e, por outro, a incapacidade para no circuito fechado da ideologia neoliberal – mil vezes reafirmada das mais variadas formas – encontrar reais soluções para a crise.
Numa cimeira que – apesar de confrontada nesses mesmos dias com os dados de recessão económica em diversos países, nomeadamente da «Tríade» capitalista e dos impactos na economia produtiva - insistiu em discutir apenas a «espuma» da crise económica do capitalismo, o estafado discurso e as já esgotadas soluções de «regulação» e «supervisão» foram mais uma vez as respostas enunciadas. Bush haveria de proclamar em mais uma das suas brilhantes tiradas de análise política que a cimeira «foi um grande êxito». Por seu lado o título de um jornal diário espanhol sintetiza, na nossa opinião de forma brilhante, o resultado desta cimeira: «mais controlos para que tudo continue igual».
Ambos têm razão, o «brilhante» presidente e o autor do feliz título. Isto porque, para Bush e para a esmagadora maioria dos dirigentes políticos ali presentes, sucesso significa dar a ideia de que se mudou alguma coisa para continuar a defender o sistema capitalista e o neoliberalismo, custe o que custar aos trabalhadores e aos povos. E o pouco de concreto que se pode retirar desta cimeira confirma essa ideia: regulação; supervisão; sistema de alerta de crises (admitindo portanto a sua continuidade); atirar para a irresponsabilidade de alguns as causas da crise (ocultando as responsabilidades estruturais do sistema); criação de almofadas de capital que amparem as crises vindouras; reafirmação do papel do FMI e do Banco Mundial; incentivos fiscais e apoios ao capital financeiro; não tocar nos sacrossantos off-shores, são algumas das ideias saídas de uma cimeira que, ao atirar para daqui a quatro meses uma segunda discussão, gritou bem alto: até lá é cada um por si.
A cimeira dá portanto razão àqueles que, como o PCP, nunca tiveram quaisquer esperanças relativamente ao impacto positivo das suas conclusões. E só poderia ser assim. Porque é uma discussão feita à margem daqueles que correm os maiores riscos com esta crise - os trabalhadores, os povos e os países mais pobres; porque não é feita no fórum onde por excelência deveria ter acontecido – a Organização das Nações Unidas; porque não discutiu o problema central – a crise económica do capitalismo, e finalmente porque pretendia essa magia impossível de serem os próprios incendiários a apagar o fogo que arde na economia capitalista.