Jerónimo de Sousa em Aljustrel

«Lutar é fundamental, necessário e possível»

Outros governos com maiorias absolutas acabaram derrotados pela luta dos trabalhadores e das populações contra a política de direita, lembrou Jerónimo de Sousa, sexta-feira, em Aljustrel.

O Governo é sovina para os trabalhadores e mãos rotas para o capital

À chegada à vila, percebia-se o buliçoso dos que deram por findo mais um dia de trabalho. As lojas animavam-se com fregueses de rendimentos tímidos. Dentro do centro de trabalho do PCP ou nas suas imediações, os camaradas da organização local ultimavam os pormenores para a jornada de agitação: preparavam documentos, davam indicações de carácter logístico, trocavam impressões e esclarecimentos.
Minutos depois, já no ponto de encontro para o arranque da iniciativa, dezenas de militantes munidos de bandeiras, cravos e do documento do Partido sobre a habitação receberam calorosamente Jerónimo de Sousa. O caminho que separa a Entrada de Beja do palco instalado no largo foi vencido em contacto com população e os comerciantes. Entre sorrisos e cumprimentos, muitos manifestaram preocupações e receberam em troca palavras de estímulo e confiança. A música do estúdio móvel funcionava como chamariz. Já eram mais de duas centenas as pessoas que se juntavam para o comício.

A crise não é para todos

Depois de apresentada a mesa da sessão, com dirigentes locais e regionais do Partido, membros da célula dos mineiros e eleitos comunistas na autarquia, Ângela Santos explicou que a iniciativa integrada na campanha «É tempo de lutar, é tempo de mudar – mais força ao PCP» teve como objectivo estar mais perto dos trabalhadores, mobilizar para a luta contra a alteração para pior do Código do Trabalho, exigir o aumento dos salários e somar combate contra a política de direita do Governo PS. Política cujas orientações centrais, prosseguiu Jerónimo de Sousa já no uso da palavra, perpetuaram o subdesenvolvimento e as assimetrias, fizeram disparar o desemprego e as desigualdades, desvalorizaram os salários, pensões e reformas de miséria. «Basta olhar para os relatórios de instituições que confirmam 20 por cento de pobres em Portugal, marca distintiva do Governo PS», disse.
«Em nome da crise e do combate ao défice das contas públicas, exigiram sacrifícios pesados aos trabalhadores, aos reformados, aos pequenos e médios empresários, aos agricultores». Mas «ao fim de três anos e meio, o povo português descobriu que essa conversa não é para todos, que nunca os poderosos ganharam tanto dinheiro», beneficiados por «uma política económica apenas direccionada para ajudar o capital financeiro e os grandes grupos capitalistas», continuou.
Para os trabalhadores e para as famílias aflitas com o crédito à habitação, para os agricultores, os pescadores e os PME's desesperados com o aumento dos combustíveis, o Governo é sovina, mas «perante as dificuldades do capital financeiro, dos banqueiros e dos seus accionistas, é ver o executivo de mãos rotas a aplicar 20 mil milhões de euros do erário público», frisou Jerónimo.
E o futuro não se apresenta risonho, já que Sócrates avisou que vai manter o rumo, facto expresso na proposta de Orçamento de Estado, a qual, «confirma que os portugueses vão continuar a pagar com língua de palmo a política realizada pelo PS», aduziu.

Medidas urgentes

Neste contexto, é de grande urgência «o aumento dos salários, das pensões e das reformas», medida não apenas de carácter social, mas também de dinamização da economia interna e de estímulo à produção nacional, e «simultaneamente, o abaixamento das taxas de juro e do spread para 0,5 por cento no crédito à habitação», explicou o secretário-geral do PCP.
«O governo deu sem contrapartidas os 20 mil milhões de euros à banca. Disse que era bom para as famílias, para a economia, para as empresas. Mas eles estão lá preocupados com as famílias, com os PME’s, com a economia. É conversa. É propaganda», avisou Jerónimo.
O que pretendem, prosseguiu, é que as pessoas baixem os braços, que os trabalhadores se conformem e desistam de lutar contra o golpe brutal nos direitos que é a revisão para pior do Código de Trabalho.
«Por isso aqui estamos com esta campanha, porque lutar é fundamental, necessário e possível, confiantes de que, tal como outros governos com maiorias absolutas acabaram derrotados, também este, ou muda de política, ou sofrerá o julgamento do povo, seja na luta, seja em eleições», concluiu.


Mais artigos de: PCP

<font color=0094E0>Tribuna do Congresso*</font>

Escola reprodutora de injustiçasA organização do Sistema de Ensino tem sido alvo de inúmeras reformas e de infindáveis campanhas de propaganda que tentam justificá-las. No essencial, todas visam aprofundar a escola enquanto meio reprodutor das injustiças, preservando a diferenciação classista. Assim, a Escola está cada...

<font color=0094E0>Forte afirmação</font>

«A alternativa política e o projecto do PCP» esteve em debate, no dia 31, em Santarém, com a participação de Vasco Cardoso, da Comissão Política. Para além das Teses, foi também analisada a resolução da última reunião do Comité Central. Foi valorizada a intensidade da luta de massas que fez frente à ofensiva do Governo...

Trabalhadores imigrantes não são mercadoria

Na sequência de outras iniciativas do PCP relativas às questões da imigração, realizou-se no dia 30, no Centro de Trabalho Vitória, em Lisboa, um debate sobre «a ofensiva da União Europeia contra os direitos dos imigrantes». Várias associações e sindicatos responderam afirmativamente ao convite do PCP e participaram na...

Afirmar os direitos das mulheres

Foi lançado no dia 30, em Lisboa, o mais recente livro das Edições Avante!, Encontro do PCP sobre os direitos das mulheres. O volume reúne os documentos aprovados e as intervenções realizadas no encontro que o Partido promoveu no dia 10 de Maio deste ano. Na apresentação da obra estiveram Manuel Gusmão, do Comité Central...

Almoço em Aveiras

Jerónimo de Sousa participou, domingo, num almoço realizado em Aveiras de Cima, no concelho da Azambuja, que reuniu dezenas de militantes e simpatizantes comunistas. Comentando a decisão do Governo de assumir o controlo do Banco Português de Negócios/BPN, o dirigente do PCP chamou a atenção para a contradição do...

Reforçar o Partido e a luta

Por todo o País, várias organizações partidárias realizam as suas assembleias, integrando-as na preparação do XVIII Congresso do PCP. O reforço geral do Partido, faz-se, também, do fortalecimento de todas e de cada uma das suas organizações.

Defender os postos de trabalho

O PCP contactou, anteontem, os trabalhadores da Mahle, empresa do sector metalúrgico situada na zona industrial de Cantanhede. O sector dos trabalhadores metalúrgicos de Coimbra do PCP está preocupado com a suspensão dos postos de trabalho referentes à ADECO – empresa de trabalho temporário – e aos armazéns cheios em...

Lei absurda conta o PCP

Alexandre Araújo, do Secretariado do CC do PCP, apresentou uma declaração política, em que o Partido alerta para os verdadeiros objectivos da lei de financiamento dos partidos e defende a sua urgente revisão.

Sobre as eleições nos EUA

Em nota divulgada no fecho da nossa edição, o Gabinete de Imprensa do PCP comenta os resultados da eleição presidencial nos Estados Unidos:«A gigantesca operação produzida a propósito das eleições presidenciais nos EUA não pode ser desligada da actual crise do capitalismo - que tem tido particular expressão nos EUA - e...