Trocadilhos ideológicos
Condoído por todos quantos, moídos pelo esforço da procura nunca atingida de elementos para melhor compreender os objectivos e posicionamento do BE em matérias como as da sua estratégia e posicionamento ideológico, o líder do Bloco veio há dias procurar pôr termo à busca. Segundo Louçã, o Bloco «reconstrói a ideologia a partir da política» e «afirma uma política que constrói uma ideologia forte». Tudo num processo que designa como «política directa, política prática que conduz a reformas na redistribuição da riqueza». Regista-se o gesto de esclarecimento ainda que, ressalvados os trocadilhos e arredados os jogos de palavras, os expectáveis avanços para quem se dedicasse ao estudo da matéria (por mera curiosidade ou investigação em ciência política), saiam frustrados pela escassez de respostas e a abundância de enigmas ininteligíveis. Não por deficiente poder comunicativo nem menor eloquência formulativa do dirigente do Bloco, mas sim por um intencionado propósito de, a coberto de um rendilhado jogo de palavras, não desvendar o vazio de objectivos e o mar de incoerências em que o seu partido constrói a sua influência e intervenção.
Não se pode pois pedir a Louçã que sobre a matéria falasse claro, que viesse a público confessar a natureza social-democratizante do seu posicionamento ideológico; negar a luta de classes e o principal conflito de classe a ela inerente (apresentando-a, como gosta de apresentar, como um mero confronto da cultura de modernidade contra o conservadorismo); recusar o papel central da luta dos trabalhadores e da classe operária (suportado na usual afirmação de que a luta emancipatória do trabalho é inseparável de todos os outros referenciais de transformação e modernização); ou despir o socialismo da sua mais importante característica enquanto sistema - o das relações de produção e de propriedade (defenindo-o como por lá se escreve, como o exacto oposto do pensamento neo-conservador!).
Sem grande margem de esforço se poderia adequar ao que Louçã afirma, o que Marx escreveu para ilustrar o nascer da social-democracia: «Às reivindicações socais do proletariado limou-se-lhes a ponta revolucionária e deu-se-lhes uma volta democrática; às exigências democráticas da pequena burguesia retirou-se a sua forma meramente política e afiou-se a sua ponta socialista”.
Não se pode pois pedir a Louçã que sobre a matéria falasse claro, que viesse a público confessar a natureza social-democratizante do seu posicionamento ideológico; negar a luta de classes e o principal conflito de classe a ela inerente (apresentando-a, como gosta de apresentar, como um mero confronto da cultura de modernidade contra o conservadorismo); recusar o papel central da luta dos trabalhadores e da classe operária (suportado na usual afirmação de que a luta emancipatória do trabalho é inseparável de todos os outros referenciais de transformação e modernização); ou despir o socialismo da sua mais importante característica enquanto sistema - o das relações de produção e de propriedade (defenindo-o como por lá se escreve, como o exacto oposto do pensamento neo-conservador!).
Sem grande margem de esforço se poderia adequar ao que Louçã afirma, o que Marx escreveu para ilustrar o nascer da social-democracia: «Às reivindicações socais do proletariado limou-se-lhes a ponta revolucionária e deu-se-lhes uma volta democrática; às exigências democráticas da pequena burguesia retirou-se a sua forma meramente política e afiou-se a sua ponta socialista”.