Viva a Revolução de Outubro!

Albano Nunes

Em termos históricos a alternativa do socialismo é mais actual e urgente do que nunca

A Revolução de Outubro será sempre fonte de inspiração para os comunistas e quantos combatem o sistema de exploração capitalista e lutam para colocar ao serviço, não de uma classe parasitária mas dos trabalhadores e dos povos de todo o mundo, as magníficas conquistas da inteligência e do trabalho humano.
Os comunistas portugueses assinalam o 7 de Novembro para honrar a memória dos seus obreiros e porque esses exaltantes «dez dias que abalaram o mundo» são ricos de ensinamentos quanto à criativa dialéctica da revolução, o que é particularmente importante em tempos de agudização da luta de classes como os que vivemos, em que grandes perigos coexistem com grandes potencialidades revolucionárias. Nunca é demais sublinhar o significado histórico da Revolução de Outubro e do empreendimento pioneiro de uma sociedade nova a que deu lugar e que, não obstante a sua curta duração e trágica derrota, revelou as potencialidades do socialismo e a sua superioridade sobre o capitalismo.

O grande capital e o imperialismo nunca se conformaram com a conquista do poder pelo proletariado da velha Rússia czarista e declararam uma guerra sem tréguas à nova ordem social. Da invasão das catorze potências no alvor do poder soviético à insidiosa conspiração de Munique, que orientou as hordas nazis contra a URSS, passando por uma esgotante corrida aos armamentos, tudo foi feito no plano militar. Mas também noutros planos como o da guerra ideológica e da propaganda hostil, com campanhas de falsificação da realidade histórica orientadas para enfraquecer a convicção dos comunistas na possibilidade de arrebatar o poder à burguesia e reorganizar a sociedade em novas bases. Tais campanhas ganharam novo fôlego com o desaparecimento da URSS e do socialismo como sistema mundial; o socialismo seria inviável e o capitalismo o «fim da História», sem qualquer alternativa. A escolha seria quanto muito entre variantes de domínio do capital, entre políticas de exploração desenfreada com mais ou menos «consciência social», entre diferentes formas de exercício do poder e de «regulação»/gestão dos interesses dos monopólios.

Mas os últimos vinte anos não confirmaram o triunfalismo dos ideólogos do capitalismo. A crise económica e financeira que aí está, tornando indisfarçáveis as contradições, taras e fracassos do capitalismo abre brechas tão sérias na ideologia dominante que muitos dos que meteram o socialismo na gaveta e se renderam ao neoliberalismo são forçados a reconhecer razão a Marx. Mas haverá nisto alguma novidade? Não, absolutamente nenhuma. Lenine dizia que a doutrina de Marx era omnipotente por ser justa. Tão justa que nem mesmo os seus adversários se atrevem a negar-lhe valor. Mas atenção, fazem-no reduzindo a obra de Marx à sua vertente económica e tentando esvaziá-la do seu espírito revolucionário, nomeadamente quanto às questões do partido , do poder e da propriedade. E, opondo Marx a Lénine, à sua análise do imperialismo, à concepção de partido de vanguarda, à teoria leninista da revolução e à pioneira obra de edificação da nova sociedade de que Lénine foi tão prematuramente separado.

Quando a crise capitalista põe em evidência a crise sistémica e os limites históricos do sistema capitalista, mais importante se torna uma posição ofensiva no plano da luta ideológica. Vivemos na época da passagem do capitalismo ao socialismo que a Revolução de Outubro inaugurou. Em termos históricos a alternativa do socialismo é mais actual e urgente do que nunca. Isso não significa porém que as condições estejam reunidas já hoje e por toda a parte, mas os partidos comunistas devem estar preparados para levar o mais longe possível o seu Programa, ligando as tarefas imediatas e o objectivo do socialismo e persistindo, persistindo sempre, no reforço do Partido e na sua estreita ligação com a classe operária e as massas. Como fizeram os obreiros de Outubro.


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