Colômbia

Trabalhadores na frente da luta

A luta dos trabalhadores e do povo colombiano contra a política do governo liderado por Álvaro Uribe está a abrir caminho à transformação social e democrática no país, considera Jaime Caycedo, secretário-geral do Partido Comunista Colombiano (PCC).
Na sessão de apresentação das listas unitárias para a eleição de delegados ao II Congresso Nacional do Pólo Democrático Alternativo (PDA), Caycedo lembrou que lutas como as levadas a cabo pelos cortadores de cana de açúcar na província de Valle de Cauca, contra a exploração e pelos direitos laborais, a prolongada e vigorosa greve dos trabalhadores do sector da justiça, por melhores salários e em defesa da democracia, ou a luta dos mineiros e até de sectores de reservistas das forças de segurança, na defesa das garantias de saúde e das pensões, «indicam que é possível dar combate e derrotar o modelo neoliberal de Uribe», mas também que, neste quadro, e alargando o protesto à população em geral, se abrem «possibilidades de mudanças substanciais nos aspectos sociais, económicos e políticos na Colômbia».
Na iniciativa, o líder dos comunistas colombianos aproveitou ainda para apelar à mobilização para a jornada de luta nacional, prevista para anteontem, com concentração numa das principais praças da capital, Bogotá.
As palavras do secretário-geral do PCC somam à posição assumida, quarta-feira, dia 1 de Outubro, por dirigentes e activistas do PDA e da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT), num protesto realizado frente ao ministério da Protecção Social.
CUT e PDA criticaram a repressão com que o governo procura calar as manifestações e a luta de 18 mil assalariados rurais e dos mais de 45 mil funcionários da Justiça, mas às quais se estão a juntar largos sectores populares da Colômbia, acresceram.
No caso dos trabalhadores da Justiça, as diferenças entre a proposta do governo e das estruturas sindicais é abissal. Perante a erosão do poder de compra suportada por estes trabalhadores nos últimos anos – em favor da concentração da riqueza nas mãos de uma oligarquia corrupta, comprometida com o paramilitarismo e o terrorismo de Estado, e aliada do grande capital estrangeiro, sobretudo norte-americano, evidenciam -, Uribe oferece uma proposta de aumento cinco vezes inferior à reclamada pelos representantes laborais.

Pela justiça, contra o terrorismo

Paralelamente à luta de massas que recrudesce na Colômbia, cresce igualmente a denúncia do terrorismo de Estado praticado pelo executivo de Uribe e a exigência de justiça e democratização da vida política no país e na diáspora.
Em Paris, nos passados dias 2 e 3 de Outubro, a Audiência Internacional pela Verdade reclamou do Estado colombiano a imediata exoneração dos seus embaixadores na Itália e México, do adido militar no Chile, do cônsul em Miami e de uma funcionária da embaixada em Nova Iorque. Para a Audiência, os diplomatas são responsáveis por graves violações aos Direitos Humanos e mantêm vínculos estreitos com o paramilitarismo, constituindo, desta forma, um factor de risco acrescido para os exilados políticos colombianos.
Mas se os mais elementares direitos não estão garantidos entre os que foram forçados a partir, para os que continuam na Colômbia a situação é acrescidamente difícil.
De acordo com os dados apurados por uma ONG, apresentados ao Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas e reproduzidos, a semana passada, no Rebelion, sob a tutela do actual governo já foram assassinadas na Colômbia 13634 pessoas.
Segundo o informe, 75 por cento dos casos em que o autor foi identificado implicam directa ou indirectamente o aparelho do Estado, e em 60 por cento essa responsabilidade resulta do apoio ou da tolerância oficial para com a violência paramilitar.
O grupo armado de extrema-direita subsiste no país com cerca de nove mil homens, pese o acordo de desmobilização alcançado em 2006, indica o relatório, o qual critica ainda o facto de pouco mais de 100 paramilitares terem sido levados a julgamento sem que dai tivesse emanado qualquer condenação o reparação das vítimas.
Não é pois de estranhar que no contexto do rearmamento paramilitar, volte a aumentar o número de deslocados. No total, as organizações não-governamentais estimam em quatro milhões o número de refugiados. Só este ano, a cifra já ronda as 300 mil pessoas obrigadas a fugir na frente dos paramilitares, deixando terreno aberto para a agroindustria e o narcotráfico que sustentam o Estado fascista e os crimonosos das AUC.


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