Salvar o poder de compra
Os trabalhadores belgas dos vários sectores de actividade realizaram uma jornada de greves, exigindo que o plano de salvamento não seja só para bancos falidos, mas também para recuperar o poder de compra.
Trabalhadores belgas recusam pagar crise financeira
O dia de acção em defesa do poder de compra, segunda-feira, 6, na Bélgica, não foi convocado como uma greve geral. No entanto, respondendo ao apelo dos três grandes sindicatos, CSC (cristãos), FGTB. (socialistas) e CGSLB (liberais), os trabalhadores transformaram o protesto numa poderosa greve nacional que paralisou a maioria dos serviços públicos e a indústria do país.
Sendo particularmente sentida na região da capital, Bruxelas, a greve afectou também outras grandes cidades como Anvers e Bruges, na Flandres (Norte), ou Charleroi e Liège, na Valónia (Sul).
Na capital, o metro paralisou quase por completo, os eléctricos não saíram e apenas raros autocarros se viram nas ruas. Os caminhos-de-ferro estiveram parados na Valónia e muito poucas composições circularam na Flandres. As duas principais estações ferroviárias Bruxelas-Midi e Bruxelas-Central estiveram fechadas. Todos os comboios Eurostar e Thalys, que asseguram as ligações a Londres, França, Holanda e Alemanha, foram anulados, segundo noticiou a AFP
O correio não foi distribuído e repartições públicas estiveram encerradas ou com serviços reduzidos, enquanto grandes fábricas como a Audi (automóveis), Sonaca (aeronáutica) ou ainda a siderurgia de Charleroi foram obrigadas a suspender a laboração. As linhas de montagem pararam igualmente na Opel em Anvers, na Ford em Genk ou na Volvo em Gand, onde as administrações declararam um dia de «desemprego técnico».
Os serviços municipais, a grande distribuição, a petroquímica, a indústria têxtil e a metalurgia foram outros sectores fortemente afectados pela greve. Mais de metade das pequenas e médias empresas paralisaram total ou parcialmente.
Por todo o país, piquetes de greve controlavam as entradas das empresas e das grandes superfícies comerciais. Concentrações e manifestações expressaram uma rara unidade e vontade de luta dos trabalhadores belgas.
Milhões só para bancos?
Nos últimos dias, os sindicatos foram sujeitos a fortes pressões por parte do patronato e do governo que evocaram as grandes dificuldades provocadas pela crise financeira para tentar demover os trabalhadores das suas exigências.
Em resposta, os sindicatos lembraram que há mais de ano e meio que lutam sem sucesso pela recuperação do poder de compra. Porém, as dificuldades orçamentais alegadas pelo governo para recusar aumentos de salários desapareceram subitamente quando se tratou de acudir aos grandes banqueiros. Em apenas duas noites, o executivo belga conseguiu reunir 6,7 mil milhões de euros para salvar duas das grandes instituições financeiras do país.
Agora, os trabalhadores sabem que não há falta de dinheiro e recusam ser eles a pagar a crise. Nesse sentido, o secretário-geral da FGTB, Thierry Bodson, insistiu na exigência de aumentos salariais e numa diminuição do IVA para fazer baixar o preço da gasolina, do gás e do diesel de aquecimento. Já em Junho passado, os sindicatos belgas tinham mobilizado mais de 100 mil manifestantes para reclamar a recuperação do poder de compra. Só neste ano os preços no consumidor subiram 5,5 por cento.
Sendo particularmente sentida na região da capital, Bruxelas, a greve afectou também outras grandes cidades como Anvers e Bruges, na Flandres (Norte), ou Charleroi e Liège, na Valónia (Sul).
Na capital, o metro paralisou quase por completo, os eléctricos não saíram e apenas raros autocarros se viram nas ruas. Os caminhos-de-ferro estiveram parados na Valónia e muito poucas composições circularam na Flandres. As duas principais estações ferroviárias Bruxelas-Midi e Bruxelas-Central estiveram fechadas. Todos os comboios Eurostar e Thalys, que asseguram as ligações a Londres, França, Holanda e Alemanha, foram anulados, segundo noticiou a AFP
O correio não foi distribuído e repartições públicas estiveram encerradas ou com serviços reduzidos, enquanto grandes fábricas como a Audi (automóveis), Sonaca (aeronáutica) ou ainda a siderurgia de Charleroi foram obrigadas a suspender a laboração. As linhas de montagem pararam igualmente na Opel em Anvers, na Ford em Genk ou na Volvo em Gand, onde as administrações declararam um dia de «desemprego técnico».
Os serviços municipais, a grande distribuição, a petroquímica, a indústria têxtil e a metalurgia foram outros sectores fortemente afectados pela greve. Mais de metade das pequenas e médias empresas paralisaram total ou parcialmente.
Por todo o país, piquetes de greve controlavam as entradas das empresas e das grandes superfícies comerciais. Concentrações e manifestações expressaram uma rara unidade e vontade de luta dos trabalhadores belgas.
Milhões só para bancos?
Nos últimos dias, os sindicatos foram sujeitos a fortes pressões por parte do patronato e do governo que evocaram as grandes dificuldades provocadas pela crise financeira para tentar demover os trabalhadores das suas exigências.
Em resposta, os sindicatos lembraram que há mais de ano e meio que lutam sem sucesso pela recuperação do poder de compra. Porém, as dificuldades orçamentais alegadas pelo governo para recusar aumentos de salários desapareceram subitamente quando se tratou de acudir aos grandes banqueiros. Em apenas duas noites, o executivo belga conseguiu reunir 6,7 mil milhões de euros para salvar duas das grandes instituições financeiras do país.
Agora, os trabalhadores sabem que não há falta de dinheiro e recusam ser eles a pagar a crise. Nesse sentido, o secretário-geral da FGTB, Thierry Bodson, insistiu na exigência de aumentos salariais e numa diminuição do IVA para fazer baixar o preço da gasolina, do gás e do diesel de aquecimento. Já em Junho passado, os sindicatos belgas tinham mobilizado mais de 100 mil manifestantes para reclamar a recuperação do poder de compra. Só neste ano os preços no consumidor subiram 5,5 por cento.