O monumental embuste
À porta de onde tinha acabado de assinar com o Governo, devidamente abençoados pela UGT, a proposta da concertação social sobre as alterações ao Código do Trabalho, Francisco Van Zeller, da Confederação da Indústria Portuguesa, declarou sorridente às câmaras das televisões: «encontraram-se diversos pontos de equilíbrio para de certa maneira poder reduzir a precariedade e torná-la legal.»
Assim disse, palavra por palavra, com dezenas de jornalistas e milhões de telespectadores como testemunhas. Para os mais desconfiados, o vídeo ainda pode ser visto e revisto nos sites das televisões.
Por uma vez, Van Zeller foi de uma cristalina sinceridade: o que fazem as alterações ao Código do Trabalho é exactamente legalizar a precariedade e, de uma só penada, transferir da Segurança Social para as empresas privadas mais uns milhões de euros de lucro, por via de pouco discretos «incentivos». O que não deixa de ser irónico, tendo em conta que tem sido em nome da salvação da Segurança Social que se têm diminuído as pensões e prestações sociais, para ser agora exactamente a mesma Segurança Social a financiar o indefeso capital - coitado! -, tão precisado de apoio para explorar mais. Caso para dizer que mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo.
Três dias depois, em Setúbal, o PS organizou mais uma daquelas reuniões de militantes com que tem tentado animar as hostes para que defendam o indefensável. Lá compareceram o secretário-geral Sócrates e o inevitável ministro Vieira da Silva, vestindo o fato de paladinos da esquerda que guardam para estas ocasiões. Sócrates, querendo parecer imperturbável mesmo depois de ser desmascarado, insistiu na tese: «há para aí quem lance um embuste monumental dizendo que esta nova reforma laboral visa manter a precariedade». Referia-se ao PCP, ao movimento sindical e decerto que também às dezenas de milhares de portugueses que se manifestaram em todo o país contra estas alterações ao Código, a 28 de Junho.
Tarde demais: o patrão Van Zeller já tinha escancarado a verdade. E tamanho embuste não merece senão uma monumental rejeição por partre trabalhadores e de todos os democratas.
Assim disse, palavra por palavra, com dezenas de jornalistas e milhões de telespectadores como testemunhas. Para os mais desconfiados, o vídeo ainda pode ser visto e revisto nos sites das televisões.
Por uma vez, Van Zeller foi de uma cristalina sinceridade: o que fazem as alterações ao Código do Trabalho é exactamente legalizar a precariedade e, de uma só penada, transferir da Segurança Social para as empresas privadas mais uns milhões de euros de lucro, por via de pouco discretos «incentivos». O que não deixa de ser irónico, tendo em conta que tem sido em nome da salvação da Segurança Social que se têm diminuído as pensões e prestações sociais, para ser agora exactamente a mesma Segurança Social a financiar o indefeso capital - coitado! -, tão precisado de apoio para explorar mais. Caso para dizer que mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo.
Três dias depois, em Setúbal, o PS organizou mais uma daquelas reuniões de militantes com que tem tentado animar as hostes para que defendam o indefensável. Lá compareceram o secretário-geral Sócrates e o inevitável ministro Vieira da Silva, vestindo o fato de paladinos da esquerda que guardam para estas ocasiões. Sócrates, querendo parecer imperturbável mesmo depois de ser desmascarado, insistiu na tese: «há para aí quem lance um embuste monumental dizendo que esta nova reforma laboral visa manter a precariedade». Referia-se ao PCP, ao movimento sindical e decerto que também às dezenas de milhares de portugueses que se manifestaram em todo o país contra estas alterações ao Código, a 28 de Junho.
Tarde demais: o patrão Van Zeller já tinha escancarado a verdade. E tamanho embuste não merece senão uma monumental rejeição por partre trabalhadores e de todos os democratas.