Porreiro, pá!
Todo o processo que rodeou as ratificações do cozinhado a que deram o nome de Tratado de Lisboa foi bem esclarecedor do conceito de democracia que impera nas cabecinhas pensadoras dos mandantes europeus. Depois da derrota sofrida pela chamada «Constituição Europeia», que esbarrou na determinação dos povos da Holanda e da França e que deixou o neoliberalismo à beira de uma crise de nervos, novos planos se urdiram para fazer passar o mesmo documento, agora disfarçado e quase ilegível para o leigo (refira-se e sublinha-se que leigo é apenas o cidadão comum, por muito bem informado que esteja...).
Com as devidas cambalhotas «legais», deixou de ser necessário convidar de novo a Holanda e a França a referendar o Tratado. A coisa passou, portanto, nos parlamentos, onde as maiorias praticam e incensam as políticas de direita, seja lá onde for nesta Europa dos monopólios. Faltava apenas a Irlanda, cujos imperativos constitucionais a impediam de fazer passar o Tratado sem recorrer ao voto popular. Apesar de, também aí, o governo e o parlamento serem obedientes à estratégia dos grandes, o povo teve uma palavra a dizer. E disse NÃO!
Até ao dia fatídico, somaram-se, pois, as pressões «democráticas» do europeísmo, interno e externo, carregando as tintas para uma eventual derrota, aliciando com benesses os que se recusassem integrar o bloco imperialista que hoje a União Europeia representa e que ficaria consagrado com o Tratado de Lisboa.
Nas vésperas, o presidente da Comissão, pálido como um cherne, anunciava que não havia plano B, se a Irlanda votasse não iria por água abaixo todo o trabalhinho que dera reformular a tal «constituição» até a tornar ilegível. Foi mais uma forma, talvez a derradeira, de ameaçar o eleitorado irlandês.
Por cá, a ida a votos foi rodeada de um estranho silêncio dos media, de tal modo que era preciso, no dia seguinte, ir à Internet sacar os números já conhecidos que davam a vitória ao Não. Depois, os jornalistas de serviço ao império europeu, lá foram dando as notícias. Estou a lembrar-me de um tal Esteves Martins e na melancolia com que comentava – mais do que noticiava – a derrota dos patrões.
Terminada a contagem, aqui e no resto da Europa, apontavam-se a dedo as respnsabilidades da Irlanda. Agora, disse-se, a Irlanda tinha de apresentar soluções...
Nada disso aconteceu quando a derrota europeísta se verificou em França. Ninguém se atreveu a dizer que a França – um dos grandes – tinha de arranjar solução. Porque, de facto – e por maioria de razão de o Tratado fosse aprovado – a Europa não é um conjunto de países com direitos iguais. Há os grandes e os periféricos. Não foi por acaso que a Merkl da Alemanha e o Sarkozy da França falaram em uníssono.
Com as devidas cambalhotas «legais», deixou de ser necessário convidar de novo a Holanda e a França a referendar o Tratado. A coisa passou, portanto, nos parlamentos, onde as maiorias praticam e incensam as políticas de direita, seja lá onde for nesta Europa dos monopólios. Faltava apenas a Irlanda, cujos imperativos constitucionais a impediam de fazer passar o Tratado sem recorrer ao voto popular. Apesar de, também aí, o governo e o parlamento serem obedientes à estratégia dos grandes, o povo teve uma palavra a dizer. E disse NÃO!
Até ao dia fatídico, somaram-se, pois, as pressões «democráticas» do europeísmo, interno e externo, carregando as tintas para uma eventual derrota, aliciando com benesses os que se recusassem integrar o bloco imperialista que hoje a União Europeia representa e que ficaria consagrado com o Tratado de Lisboa.
Nas vésperas, o presidente da Comissão, pálido como um cherne, anunciava que não havia plano B, se a Irlanda votasse não iria por água abaixo todo o trabalhinho que dera reformular a tal «constituição» até a tornar ilegível. Foi mais uma forma, talvez a derradeira, de ameaçar o eleitorado irlandês.
Por cá, a ida a votos foi rodeada de um estranho silêncio dos media, de tal modo que era preciso, no dia seguinte, ir à Internet sacar os números já conhecidos que davam a vitória ao Não. Depois, os jornalistas de serviço ao império europeu, lá foram dando as notícias. Estou a lembrar-me de um tal Esteves Martins e na melancolia com que comentava – mais do que noticiava – a derrota dos patrões.
Terminada a contagem, aqui e no resto da Europa, apontavam-se a dedo as respnsabilidades da Irlanda. Agora, disse-se, a Irlanda tinha de apresentar soluções...
Nada disso aconteceu quando a derrota europeísta se verificou em França. Ninguém se atreveu a dizer que a França – um dos grandes – tinha de arranjar solução. Porque, de facto – e por maioria de razão de o Tratado fosse aprovado – a Europa não é um conjunto de países com direitos iguais. Há os grandes e os periféricos. Não foi por acaso que a Merkl da Alemanha e o Sarkozy da França falaram em uníssono.