A «teoria da tanga» revista e aumentada

Carlos Gonçalves
Em Abril 2002 Durão Barroso criou a «tanga» do défice das contas públicas para justificar os «esforços» que o Governo PSD/CDS impôs aos portugueses. No início de 2005 J. Sócrates prometeu que «com o PS não haverá regresso à teoria da tanga», mas logo em Maio o seu Governo, com a ajuda sempre solícita do Governador do Banco de Portugal, faltou à promessa com os putativos 6,83% de «défice previsto» e avançou para o «corte drástico» das despesas públicas - até hoje e com as desgraçadas consequências evidentes.
Passados 3 anos, ciclicamente, a cena repete-se. Há 2 meses o PS/Sócrates, afirmava: «o pior já passou», «terminou o ciclo dos sacrifícios». Há uma semana Almeida Santos garantia: «estamos a convergir com a Europa». Mas agora, de chofre, o Governo reviu em baixa brutal, de 2,2% para 1,5%, as expectativas de crescimento do PIB e subiu drasticamente, de 2,1% para 2,6%, a previsão da inflação, porque aconteceu uma «travagem brusca da economia», que - é claro(!) - veio «do exterior». O Governo é uma vítima, não tem culpa de nada. Vai «enfrentar a situação», mas não pode repor os salários reais, nem baixar o IVA, ou seja, vão continuar os «sacrifícios» para «todos» os de sempre - os trabalhadores, já espremidos entre o código laboral e a política de preços.
Estamos assim e de novo na «teoria da tanga», mas revista e aumentada. O Governo há meses que conhecia a situação e há semanas que tomou decisões e preparou ao milímetro a «tanga» para mascarar as suas responsabilidades.
Marcou a semana de Sócrates na Venezuela(!) para que essa coisa (irrelevante) - a completa derrota de todos os objectivos da política económica do Governo - sobrasse para o anúncio do Ministro das Finanças e fixou para a chegada de Sócrates a inauguração duma auto-estrada, uns sorrisos de pacotilha e uns números do desemprego, manipuláveis. Houve ainda umas fumaças circunstanciais(!).
Para J. Sócrates e o seu Governo o descaramento não tem limites, não importam anos de mentiras sobre o país cor de rosa, logo ali, ao virar do «fim dos sacrifícios», repudiando a evidência e as advertências dos comunistas, porque do que se trata é de servir os interesses e a concentração da riqueza e, nessa matéria, o que importa é ser o maior nas «tangas» e o primeiro dos «aldrabilhas».


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