A 16 no Porto e a 17 em Lisboa

Todos à rua!

Armindo Miranda (Membro da Comissão Política do PCP)
Na sequência da agudização da luta de classes no nosso País, o ano de 2007, terminou com a luta de massas num ponto muito alto. A grandiosa manifestação de 18 de Outubro foi o resultado natural desse notável ascenso da luta dos trabalhadores portugueses.
Estamos no início de 2008 e os trabalhadores e as populações já foram obrigados a responder com grandes acções de luta contra a ofensiva do Governo que manteve e agravou ainda mais as já difíceis condições de vida da grande maioria do povo português.
Mas, ao mesmo tempo, alargou substancialmente as fortunas de uma minoria parasitária de capitalistas que, à custa de isenções fiscais, subsídios do orçamento do estado, tráfico de influências e sobretudo à custa da exploração daqueles que têm como única riqueza a sua força de trabalho, vêm todos os dias a sua riqueza a aumentar. E por isso batem palmas de apoio ao governo do PS enquanto esperam mais umas prendas, que chegarão com as alterações ao Código do Trabalho. Não aquelas que o PS prometeu aos trabalhadores para lhes caçar o voto, mas sim aquelas que vão ao encontro dos interesses de classe do grande capital.
Melhores condições para despedir, redução de salários, retirada de direitos, ataque à organização sindical dentro da empresa, entre outras malfeitorias. Entretanto, o povo português está já a sentir os efeitos do aumento do custo de vida, muito superior ao dos salários e das reformas, as consequências do encerramento de serviços públicos nomeadamente na área da saúde. O desemprego continua a aumentar e as multinacionais mais uma vez vão levantar a tenda, rumo a outras paragens, onde a exploração pode ser ainda mais intensa, onde terão acesso a novos e chorudos subsídios e por isso mesmo, a lucros ainda maiores.
E como acontece no nosso País, aí de novo farão chantagem com os trabalhadores. Ou aceitam a intensificação dos ritmos de trabalho, a perda de regalias e direitos e salários de miséria, ou ficam sem o posto de trabalho e sem o pão, ameaçando com novo levantar da tenda. Como sempre, deixam atrás de si um rasto de miséria e infelicidade para milhares de assalariados e suas famílias. As próximas vítimas, tudo indica, serão mais cerca de mil trabalhadores da Delphi em Ponte de Sor e da Yazaki em Vila Nova de Gaia, a juntar aos mais de 600 mil, o maior nível de desemprego desde o 25 de Abril.

Um passo para a alternativa

O Governo, como sempre, ao serviço dos interesses de classe do grande capital vem dizer que nada pode fazer. Porque não quer, acrescentamos nós! E por isso, enquanto o capital apoia a politica do Governo, os trabalhadores e as populações lutam contra ela - foram os professores, os trabalhadores da administração local e central, dos correios, os ferroviários, os jovens assalariados, os reformados e tantos outros que, neste início do ano, já estiveram envolvidos em acções de luta e protesto, contra a política de direita do Governo PS. No dia 5 de Abril, milhares de pessoas, saíram à rua em defesa do Serviço Nacional de Saúde e contra o encerramento de serviços e a lutar pela construção de outros.
Em todo este largo e intenso caudal de luta e protesto, neste início de ano de 2008, estiveram presente o apoio e empenhamento do nosso Partido, sempre ao lado dos trabalhadores e do povo, na defesa dos seus interesses e propostas.
Mas a luta está em crescendo e a CGTP-IN convocou uma jornada nacional de luta a realizar nos dias 16 de Abril, no Porto, e 17, em Lisboa, para fazer recuar o Governo na tentativa de alterar para pior o Código de Trabalho e o nosso Partido apoia esta acção de luta. Por isso mesmo, a tarefa de cada organismo e cada militante comunista, no local de trabalho e de residência, em casa, em todo lado onde se proporcione é, mobilizar, convencer e ajudar a entender a importância da luta para travar a ofensiva do Governo e para alterar a situação politica a favor da grande maioria do povo.
Sair à rua e participar nos dias 16 e 17 na acção da CGTP-IN, é um valioso contributo e um passo em frente na direcção certa a caminho da alternativa politica, que a luta de massas vai acabar por impor, a bem do povo e do País.



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