Dias difíceis são para os outros

Banca com lucros recordes

O PCP considerou «imoral e ultrajante» a existência de um nível de lucros como o obtido pela banca em 2007, acusando o Banco de Portugal de nada fazer para moralizar a actividade.
Em causa estão os fabulosos ganhos obtidos uma vez mais pelos bancos portugueses, não obstante o quadro de crise que afecta o mercado financeiro internacional e o turbilhão que agitou e pôs à beira do colapso o crédito hipotecário de alto risco. Para o deputado comunista Honório Novo, que falou do tema em declaração política proferida numa das sessões da passada semana, o problema essencial reside no facto de tais lucros terem sido obtidos à custa dos depositantes, não dos grandes depositantes e accionistas «porque esses têm acesso privilegiado ao crédito e, se a coisa correr mal, até beneficiam, de perdões de dívida», ironizou, aludindo a casos vindos a público como o que envolveu o ex-presidente do BCP, Jardim Gonçalves , mas sim à custa da generalidade dos depositantes e das pequenas empresas. E à custa destes, insistiu, «que se vai construindo o reino dos lucros chorudos da banca em Portugal», dando como exemplo as «comissões e mais comissões» que se multiplicam e não conhecem valores limite. «Alguém se esquece dos custos cobrados aos titulares de contas com saldos médios inferiores a mil euros mensais, dos custos cobrados só para encerrar contas (que podem ultrapassar os cem euros), ou da ameaça de criar taxas por operações em Multibanco», inquiriu, ainda a este propósito, Honório Novo. Que não deixou de criticar a circunstância de, perante tudo isto, a entidade reguladora manter uma atitude de total passividade, quando, acusou, «poderia e deveria ter agido impondo normas e regras que moralizassem a actividade bancária». Precisando melhor a sua ideia, afirmou que não se trata de «fixar valores uniformes e rígidos de taxas e comissões», mas sim de «regulamentar a sua fixação, impondo limites máximos» e proibindo outras pela «sua natureza imoral e pouco ética».

Injustiça fiscal

O parlamentar comunista não escondeu igualmente a sua indignação e repúdio pelo facto de a banca, não obstante os seus fabulosos lucros, sempre em contínua subida, não pagar IRC na mesma proporção. «Bem pelo contrário», observou, dando como exemplo a banca nacional que, globalmente, pagou em 2007 menos um por cento que em 2006, apesar do acréscimo dos seus lucros. « O acréscimo de IRC é sempre muito inferior ao acréscimo dos lucros», afiançou Honório Novo, para quem este é mais um dado que desmente a propalada «equidade e transparência fiscais» anunciada pelo Governo. Para Honório Novo a existência de tais lucros assume um carácter ainda mais imoral e indigno quando comparado com a situação dos dois milhões de portugueses que vivem no limiar da pobreza, com os salários dos trabalhadores ou com o nível médio das pensões e reformas.

Ultrajante

Os cinco maiores bancos obtiveram em 2007 qualquer coisa como aproximadamente 3 000 milhões de euros de lucros. Dito de outro modo, foram quase oito milhões de euros de ganhos por dia. Número revelador de que a crise não toca a todos. Até o BCP, apesar da crise financeira e do turbulência da sua vida interna manchada por alegadas ilegalidades, não deixou de obter chorudos lucros, como assinalou o deputado comunista Honório Novo.
Com efeito, lembrou, situaram-se perto dos 600 milhões de euros os lucros alcançados pelo BCP. Resultado obtido mesmo depois de 100 milhões de euros de custos com a OPA falhada ao BPI, apesar de 80 milhões para reformas
de meia dúzia de administradores, após quase 100 milhões de provisões para fazer face a custos extraordinários e às eventuais consequências das ilegalidades, depois de quase 300 milhões abatidos ao activo por causa da utilização de off shores.


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