Virose

Carlos Gonçalves
Não acompanho a conclusão de MSoares de que PPortas é um «tumor». A meu ver, as multiplas infecções que este «agente patogénico» e seus correlativos promovem na democracia portuguesa, apontam antes para uma grave virose que urge erradicar.
O ministro PPortas foi sempre um foco de destabilização, pondo vezes de mais em causa o próprio funcionamento das instituições do Estado de direito democrático. A partir da sua acção e da virulenta central montada a peso de ouro no seu gabinete, a infecção avança: no funcionamento e independência da Justiça, com o assalto à investigação criminal e não só; na eficácia e prestígio das Forças Armadas, com a total submissão aos interesses USA e o autoritarismo imposto à instituição; no Sistema de Informações, com o controleirismo e a manipulação crescente; na Assembleia da República, com o cerceamento da fiscalização ao Governo; e com o próprio Presidente da República menorizado no comando supremo das FAs.
O ministro PPortas e o CDS/PP, que usa no bolso do colete, são uma extrema direita «sui generis» que junta qualificações tradicionais proto-fascizantes e o vale tudo do político-banditismo modernaço. O resultado é uma virose de populismo e demagogia, de intriga e ambição de poder, sem valores nem limites, ao serviço de interesses inconfessáveis.
PPortas assumiu há dias a tarefa de «ponta de lança» das batalhas ideológicas do Governo. Fê-lo, é claro, bem sustentado nos «Ferreiras e Delgados», comprados nos media dominantes para garantirem as caixas e «prime times» das incontáveis mistificações que censuram a realidade quotidiana.
A «operação Magiolo» é paradigma desta «nova faceta ideológica» de PPortas. Num ápice o funeral foi instrumentalizado em acontecimento mediático e pretretexto de falsificação da história, de ocultação da invasão indonésia e dos 200 000 timorenses mortos, de provocação ao 25 de Abril, às FAs e ao Estado democrático e de anti-comunismo cavernícola.
O objectivo foi em boa parte atingido, com a colaboração dos que não resistem à dose de mediatismo, e resultou na recorrente desvalorização duns «problemazitos» que afectam os portugueses – destruição dos recursos naturais e do sistema produtivo, novo surto de desemprego e novo esbulho dos direitos e qualidade de vida dos trabalhadores, agora dirigido contra os que auferem pouco mais que o salário mínimo.
O virus alastra, mas é por definição um parasita que medra à custa de outrem. Essa é a sua fraqueza e é por aí que o vamos erradicar.


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