Zuma assume liderança
Jacob Zuma foi eleito, terça-feira, dia 18, para a presidência do Congresso Nacional Africano (ANC). O Partido Comunista Sul-Africano apela à unidade em prol da transformação do país.
Os comunistas sul-africanos querem que a direcção do ANC esteja próxima do povo
Com quase 60 por cento dos votos, correspondendo a 2300 dos cerca de 3900 delegados presentes na 52.ª Conferência Nacional do ANC, Jacob Zuma foi eleito presidente do partido que governa a África do Sul desde 1994. A lista de Zuma assegurou ainda os seis primeiros lugares no órgão executivo.
O actual responsável máximo do ANC e chefe de Estado, Thabo Mbeki, foi o grande derrotado da assembleia magna. Apesar de não se poder voltar a candidatar à presidência da África do Sul, Mbeki procurava assegurar a continuidade das orientações políticas que lidera desde que substituiu Nelson Mandela em ambos os cargos, mas o objectivo não foi alcançado e Zuma é já o virtual candidato às próximas presidenciais.
Em face do resultado, mesmo antes do fim da Conferência, a imprensa sul-africana especulou sobre uma possível demissão de Mbeki, mas um porta-voz do presidente, Joel Netshitenzhe, garantiu que tal possibilidade nem sequer foi equacionada.
Certa, porém, é a derrota das principais directrizes que nortearam o governo nos últimos anos, as quais têm sido apontadas como os principais factores de descontentamento entre o povo e os militantes do ANC.
O crescimento económico é assinalável, mas tal não se repercutiu numa mais justa distribuição da riqueza, subsistindo no país uma ampla camada, 43 por cento, que recebe menos de 300 euros por mês. Acrescem flagelos sociais como a falta de cuidados de saúde primários e estruturas educativas capazes de responder às necessidades mais básicas. O desemprego atinge 40 por cento da população activa.
Oposição e contra-informação
Entretanto, parte da oposição ao executivo do ANC reagiu ao desfecho da Conferência classificando a eleição de Zuma como uma catástrofe. Hellen Zile, líder da Aliança Democrática, não escondeu o seu ódio de classe e acusou Zuma de representar uma facção populista e antidemocrática.
Mais moderado, o ex-presidente da África do Sul, tido como um dos responsáveis pelo fim do Apartheid, Frederik De Klerk, manifestou-se confiante de que «Zuma irá manter em vigor as políticas macro-económicas».
Já o Inkata, partido com expressão regional na província «zulu» de Natal, comentou o sufrágio no ANC lembrando os «enormes desafios e a grande responsabilidade» que esperam Zuma.
Paralelamente, fontes judiciais sul-africanas citadas por agências internacionais vieram a terreiro dizer que as acusações de corrupção que pendem sobre Jacob Zuma podem manter-se, mas nada adiantaram sobre a investigação da veracidade das suspeitas e a origem dos dados sobre o tema, os quais podem ter sido divulgados com o «auxílio» dos serviços secretos e de membros do actual governo.
Comunistas apelam à unidade
Tão importante como a nomeação de Jacob Zuma é eleição do presidente do Partido Comunista Sul-Africano (PCSA), Mantashe, Gwede, para secretário-geral do ANC e de uma direcção de cariz progressista naquela formação política.
Para o secretário-geral do PCSA, Blade Nzimande, o que estava em causa no sufrágio interno era «a própria natureza da orientação do país». Congratulando-se com a vitória de Zuma para a qual muito contribuiu– embora tenha ressalvado que isso não obriga os comunistas a estarem sempre de acordo com as orientações definidas -, Nzimande lembrou, no entanto que a liderança do ANC não é um título, mas uma responsabilidade que se reforça quanto mais perto estiver do povo.
O momento agora é de «devotar as energias à unificação em torno das tarefas de transformação», disse ainda o líder comunista, que junta a seu lado nesta palavra de ordem a Liga dos Comunistas e a poderosa central sindical sul-africana, a COSATU.
O actual responsável máximo do ANC e chefe de Estado, Thabo Mbeki, foi o grande derrotado da assembleia magna. Apesar de não se poder voltar a candidatar à presidência da África do Sul, Mbeki procurava assegurar a continuidade das orientações políticas que lidera desde que substituiu Nelson Mandela em ambos os cargos, mas o objectivo não foi alcançado e Zuma é já o virtual candidato às próximas presidenciais.
Em face do resultado, mesmo antes do fim da Conferência, a imprensa sul-africana especulou sobre uma possível demissão de Mbeki, mas um porta-voz do presidente, Joel Netshitenzhe, garantiu que tal possibilidade nem sequer foi equacionada.
Certa, porém, é a derrota das principais directrizes que nortearam o governo nos últimos anos, as quais têm sido apontadas como os principais factores de descontentamento entre o povo e os militantes do ANC.
O crescimento económico é assinalável, mas tal não se repercutiu numa mais justa distribuição da riqueza, subsistindo no país uma ampla camada, 43 por cento, que recebe menos de 300 euros por mês. Acrescem flagelos sociais como a falta de cuidados de saúde primários e estruturas educativas capazes de responder às necessidades mais básicas. O desemprego atinge 40 por cento da população activa.
Oposição e contra-informação
Entretanto, parte da oposição ao executivo do ANC reagiu ao desfecho da Conferência classificando a eleição de Zuma como uma catástrofe. Hellen Zile, líder da Aliança Democrática, não escondeu o seu ódio de classe e acusou Zuma de representar uma facção populista e antidemocrática.
Mais moderado, o ex-presidente da África do Sul, tido como um dos responsáveis pelo fim do Apartheid, Frederik De Klerk, manifestou-se confiante de que «Zuma irá manter em vigor as políticas macro-económicas».
Já o Inkata, partido com expressão regional na província «zulu» de Natal, comentou o sufrágio no ANC lembrando os «enormes desafios e a grande responsabilidade» que esperam Zuma.
Paralelamente, fontes judiciais sul-africanas citadas por agências internacionais vieram a terreiro dizer que as acusações de corrupção que pendem sobre Jacob Zuma podem manter-se, mas nada adiantaram sobre a investigação da veracidade das suspeitas e a origem dos dados sobre o tema, os quais podem ter sido divulgados com o «auxílio» dos serviços secretos e de membros do actual governo.
Comunistas apelam à unidade
Tão importante como a nomeação de Jacob Zuma é eleição do presidente do Partido Comunista Sul-Africano (PCSA), Mantashe, Gwede, para secretário-geral do ANC e de uma direcção de cariz progressista naquela formação política.
Para o secretário-geral do PCSA, Blade Nzimande, o que estava em causa no sufrágio interno era «a própria natureza da orientação do país». Congratulando-se com a vitória de Zuma para a qual muito contribuiu– embora tenha ressalvado que isso não obriga os comunistas a estarem sempre de acordo com as orientações definidas -, Nzimande lembrou, no entanto que a liderança do ANC não é um título, mas uma responsabilidade que se reforça quanto mais perto estiver do povo.
O momento agora é de «devotar as energias à unificação em torno das tarefas de transformação», disse ainda o líder comunista, que junta a seu lado nesta palavra de ordem a Liga dos Comunistas e a poderosa central sindical sul-africana, a COSATU.