Deskulp@ lá, pá!

João Frazão
José Sá Fernandes, (o tal do «o Zé faz falta»), teve direito a um pelouro na Câmara Municipal de Lisboa, na base de um acordo, após as eleições em que PS e BE se comprometeram em não fazer despedimentos na CML e a resolver os problemas dos seus vínculos contratuais.
Poucos meses passados e António Costa, o presidente da edilidade, resolveu meter a promessa no lixo (devem ser coisas de família, política claro está) e resolveu o problema aos primeiros 120, dispensando os seus préstimos e rescindindo os contratos de prestação de serviços.
Um dos eleitos do BE na Assembleia Municipal, pelos vistos de boa memória, veio dizer que, assim, estava em causa o acordo assinado.
Postas as coisas em público com certo ruído, o Zé terá ficado, segundo o «Sol», «ferido com essas declarações» e amuou, tendo mesmo recusado atender o telefone ao líder Louçã.
Todas as estruturas se mobilizaram, «mas o que é isto, onde é que nós estamos?», e chegaram apoios de todos os lados.
Tomou posição a estrutura concelhia de Lisboa do BE e o deputado Miguel Portas, no seu blog, criticou «a fórmula utilizada», apelidando-a de «ultimato político».
Ficou tudo claro. A direcção do BE decidiu mesmo repreender... Heitor de Sousa, o deputado que lembrou os compromissos assumidos.
Portas foi mesmo ao ponto de assinalar que o Zé «está a fazer mais pelos trabalhadores do que Heitor».
E, com receio de que o Zé não estivesse atento às notícias, que profusamente deram conta do desmentido e do raspanete ao rebelde deputado municipal, decidiram obrigá-lo a resolver o problema enviando um SMS ao amuado Zé.
Parece que estou a ver o conteúdo do dito. «Deskulp@ lá, pá»!
Louçã, neste fim de semana, selou o problema salientando «o papel desempenhado pelo vereador na regularização dos vínculos laborais dos trabalhadores avençados na Câmara de Lisboa».
Ao que se sabe, o Zé terá utilizado o SMS para o reenviar para os 120 trabalhadores que viram a situação do seu vínculo regularizada, pela via do despedimento, acrescentando-lhe a seguinte expressão «Tu não fazes falta. Deskulp@ lá, pá!»


Mais artigos de: Opinião

Natal da Precariedade

Com Dezembro, e agora, por decisão e interesse do grande comércio, inaugura-se cada vez mais cedo a época oficial do Natal.

Democracias

O amor que a União Europeia, os Estados Unidos e os seus queridos aliados votam aos sagrados princípios da democracia é conhecido de todos e não precisa de atestados para se saber que está vivo e recomenda-se. É assim uma espécie de estado natural, logo incontestável, que só por manifesta má fé alguns, poucos, ousam pôr...

Os muros

Um dia destes, a propósito dos gastos dos partidos nas campanhas eleitorais, um politólogo especializado na matéria, chamado a opinar, opinou que as campanhas eleitorais partidárias eram desnecessárias, já que, explicava, a intervenção da comunicação social nas campanhas era suficiente para fazer chegar aos eleitores as...

Resignada confissão

A admissão por parte de Cavaco Silva da ausência de solução para alguns dos municípios do interior – testemunhada pela elucidativa expressão: «quando se ultrapassa uma certa linha é difícil fazer a inversão» – é simultaneamente uma confissão de abandono do objectivo de construção de um país coeso e desenvolvido e um...

Chauvinismo belicista

Cerca de 70 por cento da população alemã não acredita que a Alemanha esteja a defender-se no Afeganistão. Se na Jugoslávia, o terror dos bombardeamentos da NATO foi acompanhado por uma retórica «pseudo-libertadora», o actual vice-chanceler e Ministro dos Negócios Estrangeiros, Steinmeier, no último congresso do SPD,...