German Blanco
O German: assim se lhe referiam os amigos – muitos, muitos! – que aqui deixou, que dele guardam uma recordação imperecível e que sofreram a notícia da sua morte como se sofre a morte de um irmão muito próximo.
Embaixador de Cuba em Portugal durante quatro anos, era um amigo de Portugal, que conhecia profundamente, e um amigo do Portugal de Abril, que sentia como se fosse – e era – coisa sua.
O Álvaro, o General, o Almirante…, mais os muitos e muitos outros militantes comunistas que conheceu na intensa actividade que desenvolveu no cumprimento do seu mandato, eram, para ele, referências permanentes desse tempo novo e luminoso de Abril, protagonistas essenciais da luta de todos os dias imposta pela contra-revolução e da luta pelo socialismo e pelo comunismo.
Nas múltiplas sessões, debates, almoços ou jantares de solidariedade, em que participava, em todo o lado fazia amigos – amigos que, em muitos casos, começavam por ser pessoais mas que logo passavam a ser, igualmente, amigos de Cuba. Porque o German foi, acima de tudo, o Embaixador da Revolução Cubana.
Cá voltou, a convite de amigos, algum tempo de pois de ter terminado o seu mandato de Embaixador – cá voltou com a Ana Maria, sua companheira e, também ela, amiga de todos os seus amigos. Aqui passaram connosco um mês de convívio fraterno, de amizade e camaradagem, de troca de solidariedades – um mês que ficou impressivamente gravado nas nossas memórias.
A sua casa, em Havana, era ponto de passagem obrigatório de todos os camaradas que visitavam Cuba – uma casa de família e de amigos onde, com o German, a Ana Maria, os filhos, os netos, a família, as horas passavam sem darmos por elas, em estimulantes conversas sobre o que de mais importante acontecia em Cuba, em Portugal, no mundo.
Agora, o German deixou-nos. Levou-o a morte deixando em todos nós uma imensa tristeza e uma imensa saudade.
Mas há coisas que nem a morte mata. Entre elas, esta recordação do German que os nossos corações guardarão para sempre: o amigo, o irmão, o homem íntegro, digno, vertical, o camarada e companheiro de sonhos, de objectivos, de lutas, de futuro; o revolucionário de corpo inteiro.