O escândalo
No passado fim-de-semana estiveram reunidos 1200 delegados na Conferência Nacional do PCP Sobre Questões Económicas e Sociais, que se realizou durante sábado e domingo no Seixal. É muito. Mesmo assim não diz tudo do imenso trabalho preparatório que o antecedeu e organizou, onde avultaram, ao longo de quase um ano, mais de 30 iniciativas debatendo questões estratégicas e estruturantes, 500 assembleias plenárias que elegeram os delegados à Conferência e discutiram o texto-base – a que introduziram mais de 200 emendas – e tudo isto envolvendo não apenas milhares de comunistas conhecedores ou especializados na miríade de questões analisadas e debatidas, mas também muitos outros não comunistas que, de viva-voz ou através de textos escritos, contribuíram para o êxito desta imensa iniciativa do PCP, que assim se propôs conhecer e aprofundar com rigor os mais ingentes problemas nacionais.
Todavia, a generalidade dos órgãos de informação social ignoraram praticamente o assunto, quer durante a longa e minuciosa preparação da Conferência, quer sobretudo na sua própria realização, durante o passado fim-de-semana.
E não foi de somenos, o que intensamente se discutiu nesta Conferência Nacional dos comunistas.
Após cinco análises sobre «Economia Mundial e Crise do Capitalismo», surgiu a apreciação da «Área Económica» nacional onde, entre 14 intervenções, se falou do sector financeiro, das privatizações, dos grupos monopolistas, da produtividade e competitividade, da energia, dos transportes, dos vários sectores produtivos ou do Orçamento do Estado e o Fisco, isto sem sermos exaustivos. Nas «Áreas Sociais» foi passado a pente fino a Educação e Cultura, o Serviço Nacional de Saúde, o desemprego/emprego/precariedade, os salários e os direitos, as lutas dos trabalhadores e a pobreza, seguindo-se um conjunto de áreas diversas onde pontificaram assuntos tão importantes como a Administração Pública e a Regionalização/Descentralização, a Justiça e o Ambiente, a Democracia e Liberdade ou «As Respostas Ideológicas e Programáticas do Capital» - isto sempre não sendo exaustivos sobre o que se discutiu na Conferência. A profundidade e minúcia das análises não deixou de fora assuntos mais parcelares ou específicos como o sector automóvel ou o têxtil/calçado, o Alqueva ou as assimetrias regionais, a floresta ou o comércio e distribuição, o turismo ou a construção civil, a indústria naval ou os parques naturais, não esquecendo questões importantes como os Fundos Comunitários/QREN ou a Segurança Social, as mulheres trabalhadoras, a imigração e a emigração.
As televisões – as três operadoras, incluindo o canal público RTP – dedicaram a tudo isto escassos segundos com algumas palavras respigadas aleatoriamente da intervenção do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, enquanto os jornais desses dias encheram as primeiras páginas com assuntos tão importantes como «PJ admite que Maddie poderá ter sido morta por um intruso» (Público), «Cantora bósnia e jornalista francesa lideram apostas para serem a nova mulher do presidente Sarkozy» (Diário de Notícias) ou «Cortam pedaços das orelhas a um jovem de Lousada depois de o agredirem» (Jornal de Notícias), mas nem uma palavra dedicaram à Conferência, que só mereceria notas de rodapé lá para o interior de alguns destes «jornais de referência».
É um verdadeiro escândalo. De tal ordem, que já nem se dão ao trabalho de se esconder por trás da outrora famosa «independência editorial»: agora é a subserviência total. Aos ditames do poder e dos poderosos.
Todavia, a generalidade dos órgãos de informação social ignoraram praticamente o assunto, quer durante a longa e minuciosa preparação da Conferência, quer sobretudo na sua própria realização, durante o passado fim-de-semana.
E não foi de somenos, o que intensamente se discutiu nesta Conferência Nacional dos comunistas.
Após cinco análises sobre «Economia Mundial e Crise do Capitalismo», surgiu a apreciação da «Área Económica» nacional onde, entre 14 intervenções, se falou do sector financeiro, das privatizações, dos grupos monopolistas, da produtividade e competitividade, da energia, dos transportes, dos vários sectores produtivos ou do Orçamento do Estado e o Fisco, isto sem sermos exaustivos. Nas «Áreas Sociais» foi passado a pente fino a Educação e Cultura, o Serviço Nacional de Saúde, o desemprego/emprego/precariedade, os salários e os direitos, as lutas dos trabalhadores e a pobreza, seguindo-se um conjunto de áreas diversas onde pontificaram assuntos tão importantes como a Administração Pública e a Regionalização/Descentralização, a Justiça e o Ambiente, a Democracia e Liberdade ou «As Respostas Ideológicas e Programáticas do Capital» - isto sempre não sendo exaustivos sobre o que se discutiu na Conferência. A profundidade e minúcia das análises não deixou de fora assuntos mais parcelares ou específicos como o sector automóvel ou o têxtil/calçado, o Alqueva ou as assimetrias regionais, a floresta ou o comércio e distribuição, o turismo ou a construção civil, a indústria naval ou os parques naturais, não esquecendo questões importantes como os Fundos Comunitários/QREN ou a Segurança Social, as mulheres trabalhadoras, a imigração e a emigração.
As televisões – as três operadoras, incluindo o canal público RTP – dedicaram a tudo isto escassos segundos com algumas palavras respigadas aleatoriamente da intervenção do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, enquanto os jornais desses dias encheram as primeiras páginas com assuntos tão importantes como «PJ admite que Maddie poderá ter sido morta por um intruso» (Público), «Cantora bósnia e jornalista francesa lideram apostas para serem a nova mulher do presidente Sarkozy» (Diário de Notícias) ou «Cortam pedaços das orelhas a um jovem de Lousada depois de o agredirem» (Jornal de Notícias), mas nem uma palavra dedicaram à Conferência, que só mereceria notas de rodapé lá para o interior de alguns destes «jornais de referência».
É um verdadeiro escândalo. De tal ordem, que já nem se dão ao trabalho de se esconder por trás da outrora famosa «independência editorial»: agora é a subserviência total. Aos ditames do poder e dos poderosos.