CENSURA DE CLASSE
Uma comunicação social cada vez mais concentrada nas mãos do grande capita
A maior manifestação dos trabalhadores portugueses nos últimos 20 anos recebeu uma atenção discreta na comunicação social portuguesa. Mas os 200 000 trabalhadores que vieram para a rua no dia inicial da Cimeira Europeia foram pura e simplesmente apagados da comunicação social internacional. O silêncio é particularmente chocante se nos lembrarmos que mais de 1300 jornalistas de todo o mundo estavam a cobrir a Cimeira no Parque das Nações – o local onde a manifestação foi desembocar. Seguramente, muitos desses jornalistas terão transmitido a notícia para as suas redacções. Mas no dia 18 de Outubro, os chefes de redacção, directores e proprietários da comunicação social devem ter esgotado os seus stocks de lápis azuis. Não vale a pena estar com rodeios, nem com discursos sobre a «independência» da comunicação social: a (inexistente) cobertura mediática internacional da manifestação da CGTP é a prova de que no «mundo livre» das «democracias ocidentais» a censura existe. Uma comunicação social cada vez mais concentrada nas mãos do grande capital, ou de governos ao seu serviço, aplicou uma censura de classe para esconder uma evidente realidade: que os trabalhadores portugueses não aceitam os projectos da União Europeia, como a flexigurança e as opções neo-liberais que o novo projecto de Tratado consagra, e que estão prontos para lhes dar combate.
Não se pense que o problema tem apenas a que ver com o que se passa em Portugal. Quantos portugueses sabem que no passado dia 2 de Outubro, 100 000 dinamarqueses saíram à rua em Copenhaga, para se opor aos cortes nos programas sociais do Estado? E que esta é a terceira grande manifestação do último ano e meio nesse país, berço da flexigurança? Quantos saberão que dois dias depois da manifestação de Lisboa, centenas de milhar de italianos se manifestaram em Roma, numa manifestação de características peculiares, mas em que o mar de bandeiras vermelhas com foice e martelo não deixa margem para dúvidas sobre o sentir dos manifestantes? Quantos de nós sabemos que a Bulgária está a ser varrida por uma onda de greves (com destaque para a greve dos professores, que recebem reformas de apenas 60 euros por mês)? Ou que a Suíça conheceu a maior manifestação sindical desde há várias décadas quando 20 mil trabalhadores da construção civil se manifestaram pelos seus contratos nas ruas de Zurique em 22 de Setembro? Ou que os trabalhadores britânicos estão de novo, após muitos anos de letargia resultantes das derrotas sofridas sob Thatcher/Blair e do colaboracionismo de classe de muitos seus dirigentes sindicais, a protagonizar um ascenso de lutas que chegam a ser ilegais, organizadas clandestinamente e apanhando o governo de surpresa com uma adesão quase total, como foi o caso da recente greve dos guardas prisionais? Ou que algo de análogo se passa na Alemanha? Mais destaque teve a greve dos transportes que também a 18 de Outubro paralisou a França, acompanhada de grandes manifestações. Mas varrida para debaixo do tapete foi a enorme militância dos trabalhadores que em muitos locais de trabalho decidiram prolongar por vários dias a greve, inicialmente convocada por 24 horas.
A censura de classe da comunicação social dominante procura criar a ideia de que quem quer lutar está isolado. Procura desmotivar para derrotar. Procura manipular a realidade inconveniente de que na Europa a classe operária está a ganhar consciência dos desafios que enfrenta e da natureza da ofensiva anti-social do grande capital e da União Europeia. Ao fazê-lo, está também a desmascarar-se e a revelar a sua verdadeira natureza: instrumento de dominação de classe, ao serviço do grande capital. Que manipula, mente e engana, seja para retirar direitos sociais, seja para desencadear guerras imperialistas.
Não se pense que o problema tem apenas a que ver com o que se passa em Portugal. Quantos portugueses sabem que no passado dia 2 de Outubro, 100 000 dinamarqueses saíram à rua em Copenhaga, para se opor aos cortes nos programas sociais do Estado? E que esta é a terceira grande manifestação do último ano e meio nesse país, berço da flexigurança? Quantos saberão que dois dias depois da manifestação de Lisboa, centenas de milhar de italianos se manifestaram em Roma, numa manifestação de características peculiares, mas em que o mar de bandeiras vermelhas com foice e martelo não deixa margem para dúvidas sobre o sentir dos manifestantes? Quantos de nós sabemos que a Bulgária está a ser varrida por uma onda de greves (com destaque para a greve dos professores, que recebem reformas de apenas 60 euros por mês)? Ou que a Suíça conheceu a maior manifestação sindical desde há várias décadas quando 20 mil trabalhadores da construção civil se manifestaram pelos seus contratos nas ruas de Zurique em 22 de Setembro? Ou que os trabalhadores britânicos estão de novo, após muitos anos de letargia resultantes das derrotas sofridas sob Thatcher/Blair e do colaboracionismo de classe de muitos seus dirigentes sindicais, a protagonizar um ascenso de lutas que chegam a ser ilegais, organizadas clandestinamente e apanhando o governo de surpresa com uma adesão quase total, como foi o caso da recente greve dos guardas prisionais? Ou que algo de análogo se passa na Alemanha? Mais destaque teve a greve dos transportes que também a 18 de Outubro paralisou a França, acompanhada de grandes manifestações. Mas varrida para debaixo do tapete foi a enorme militância dos trabalhadores que em muitos locais de trabalho decidiram prolongar por vários dias a greve, inicialmente convocada por 24 horas.
A censura de classe da comunicação social dominante procura criar a ideia de que quem quer lutar está isolado. Procura desmotivar para derrotar. Procura manipular a realidade inconveniente de que na Europa a classe operária está a ganhar consciência dos desafios que enfrenta e da natureza da ofensiva anti-social do grande capital e da União Europeia. Ao fazê-lo, está também a desmascarar-se e a revelar a sua verdadeira natureza: instrumento de dominação de classe, ao serviço do grande capital. Que manipula, mente e engana, seja para retirar direitos sociais, seja para desencadear guerras imperialistas.