O centro-esquerda
Mesmo para quem está habituado à linguagem futebolística, cuja gíria é sobejamente utilizada no quotidiano de muitos, a nova nomenclatura divulgada por Sócrates no último fim-de-semana para definir o PS terá semeado alguma confusão.
«Centro-esquerda» é agora a mais fresca formulação da já longa experiência do PS em matéria de auto-designações e surge no preciso momento em que, pela sua prática governativa, muitos já só conseguem ver a Direita dos interesses e dos negócios nas opções e medidas do actual governo.
Em boa verdade, a necessidade do PS e dos seus dirigentes de, ao longo da sua história, adjectivarem a esquerda a que dizem pertencer é recorrente. Desde a «esquerda democrática», nos tempos de Soares, até à «esquerda moderna», com Sócrates, este PS nunca, a bem dizer, conviveu pacificamente com a palavra Esquerda, assim, sem mais.
O velho truque de se afirmarem à esquerda para depois governarem como a direita precisa destes pequenos ensaios para iludir a verdadeira natureza da política que desenvolvem e dos compromissos a que estão sujeitos. «Centro-esquerda» é mais uma dessas efabulações que acompanhará os discursos do secretário-geral do PS até ser substituída por outra, como em cada uma das anteriores situações.
Enquanto tal não acontece, fixemo-nos no mais recente conceito. Não se pode dizer que isto do «Centro» seja coisa nova. Se bem me recordo, há bem pouco tempo Paulo Portas avançava com a ideia do PP como «grande partido do Centro-direita» e, em resposta, Marques Mendes afirmava que «o PSD é um partido social-democrata que vai do centro-direita ao centro-esquerda». Até neste verdadeiro baile de máscaras, em que cada um destes partidos – para iludir responsabilidades e encenar divergências – procura travestir-se de algo que não é, os disfarces são iguais.
Estas curiosas diagonais em relação ao «Centro» não vão à procura da virtude mas da cobertura, do apoio e da compreensão que faltam em relação às suas políticas. São sintoma de uma cada vez maior identificação entre os diferentes partidos da «política única», a quem o suposto esbatimento de diferenças entre Esquerda e Direita facilita a alternância no poder sem que se registem rupturas no essencial das suas políticas. Tenho para mim que, quanto mais do Centro se afirmam, mais à Direita estão.
«Centro-esquerda» é agora a mais fresca formulação da já longa experiência do PS em matéria de auto-designações e surge no preciso momento em que, pela sua prática governativa, muitos já só conseguem ver a Direita dos interesses e dos negócios nas opções e medidas do actual governo.
Em boa verdade, a necessidade do PS e dos seus dirigentes de, ao longo da sua história, adjectivarem a esquerda a que dizem pertencer é recorrente. Desde a «esquerda democrática», nos tempos de Soares, até à «esquerda moderna», com Sócrates, este PS nunca, a bem dizer, conviveu pacificamente com a palavra Esquerda, assim, sem mais.
O velho truque de se afirmarem à esquerda para depois governarem como a direita precisa destes pequenos ensaios para iludir a verdadeira natureza da política que desenvolvem e dos compromissos a que estão sujeitos. «Centro-esquerda» é mais uma dessas efabulações que acompanhará os discursos do secretário-geral do PS até ser substituída por outra, como em cada uma das anteriores situações.
Enquanto tal não acontece, fixemo-nos no mais recente conceito. Não se pode dizer que isto do «Centro» seja coisa nova. Se bem me recordo, há bem pouco tempo Paulo Portas avançava com a ideia do PP como «grande partido do Centro-direita» e, em resposta, Marques Mendes afirmava que «o PSD é um partido social-democrata que vai do centro-direita ao centro-esquerda». Até neste verdadeiro baile de máscaras, em que cada um destes partidos – para iludir responsabilidades e encenar divergências – procura travestir-se de algo que não é, os disfarces são iguais.
Estas curiosas diagonais em relação ao «Centro» não vão à procura da virtude mas da cobertura, do apoio e da compreensão que faltam em relação às suas políticas. São sintoma de uma cada vez maior identificação entre os diferentes partidos da «política única», a quem o suposto esbatimento de diferenças entre Esquerda e Direita facilita a alternância no poder sem que se registem rupturas no essencial das suas políticas. Tenho para mim que, quanto mais do Centro se afirmam, mais à Direita estão.