O Congresso
Curiosamente, o congresso extraordinário do partido alemão «Os Verdes», realizado no passado fim-de-semana na Baixa Saxónia, não mereceu uma linha na imprensa indígena nem o mínimo tratamento em qualquer publicação de relevo na Europa, dentro ou fora da Alemanha.
É estranho, porque o partido «Os Verdes» tem sido, nos últimos anos, uma verdadeira coqueluche na imprensa alemã e europeia, sobretudo desde que, aproveitando uma vertiginosa subida eleitoral, sustentou duas maiorias ao governo social-democrata do sr. Schröeder.
O primeiro resultado dessa promissora colaboração entre Verdes e SPD – tonitroada na época como uma «garantia progressista» nas políticas governamentais assegurada pela presença activa dos Verdes na coligação -, saldou-se na desarticulação do famoso «Estado social» alemão com o apoio activo dos Verdes através da mais devastadora ofensiva do pós-guerra realizada contra os direitos sociais, políticos e laborais dos trabalhadores alemães, ferindo de morte conquistas fundamentais na contratação, na segurança social, no subsídio de desemprego, na negociação salarial, na saúde ou no trabalho.
O segundo resultado foi a inevitável derrota eleitoral do SPD e dos Verdes, que pagaram nas urnas as suas mentiras «de esquerda» e se viram substituídos no poder por uma direita que nem precisou de se assumir como tal: bastou-lhe aproveitar o «trabalho» já feito no Governo pela «esquerda» e, ironia das ironias, zurzi-la com justos protestos sociais...
Da derrota para cá «Os Verdes» alemães têm continuado a fazer pela vida, continuando a coreografar oposições ao governo da sra. Merkel, mas com o conveniente «sentido de Estado» que lhes vá permitindo justificar a continuação do alinhamento com medidas gravosas do Executivo de direita.
Foi o que aconteceu com este congresso extraordinário dos Verdes, convocado expressamente pela direcção para aprovar a permanência do exército alemão (Bundeswehr) no Afeganistão e os voos dos aviões militares «Tornado», com o pretexto de uma «oposição responsável» mas o objectivo concreto de apoiar a política belicista da chanceler Merkel no Afeganistão onde, de resto, a Alemanha reparte actualmente com os EUA «o aparelho de ocupação no velho estilo colonial», como é referido neste número do Avante! (onde se pode ler a única notícia publicada em Portugal sobre este assunto). Acrescente-se que importantes figuras do actual aparelho de ocupação no Afeganistão são militantes dos «Verdes» alemães...
O grande defensor, no congresso dos «Verdes», do reforço bélico no Afeganistão foi nem mais nem menos que o famoso Daniel Cohnt-Bendit, o lendário «revolucionário» do Maio de 68 que actualmente é deputado pelos «Verdes» alemães no Parlamento Europeu. Num registo à Bush, defendeu a presença da Bundeswehr no Afeganistão para «reconstruir o país» e instalar a «democracia», tendo sido assobiado e vaiado ruidosamente.
O resultado do congresso extraordinário confirmou as vaias: por 361 votos contra 264, os delegados rejeitaram liminarmente a proposta belicista dos dirigentes do partido, o que descontrolou o «democrático» Cohnt-Bendit a ponto de insultar os delegados.
Percebe-se, finalmente, a razão do silêncio sepulcral aplicado pela generalidade da comunicação social a este congresso extraordinário dos «Verdes» alemães: os seus delegados decidiram, efectivamente, na base dos princípios, derrotando uma direcção cuja retórica progressista há muito que, descarada e vergonhosamente, foi corrompida pelo poder ao serviço do grande capital.
É o trajecto, inexorável, das «novas esquerdas» que por aí andam...
É estranho, porque o partido «Os Verdes» tem sido, nos últimos anos, uma verdadeira coqueluche na imprensa alemã e europeia, sobretudo desde que, aproveitando uma vertiginosa subida eleitoral, sustentou duas maiorias ao governo social-democrata do sr. Schröeder.
O primeiro resultado dessa promissora colaboração entre Verdes e SPD – tonitroada na época como uma «garantia progressista» nas políticas governamentais assegurada pela presença activa dos Verdes na coligação -, saldou-se na desarticulação do famoso «Estado social» alemão com o apoio activo dos Verdes através da mais devastadora ofensiva do pós-guerra realizada contra os direitos sociais, políticos e laborais dos trabalhadores alemães, ferindo de morte conquistas fundamentais na contratação, na segurança social, no subsídio de desemprego, na negociação salarial, na saúde ou no trabalho.
O segundo resultado foi a inevitável derrota eleitoral do SPD e dos Verdes, que pagaram nas urnas as suas mentiras «de esquerda» e se viram substituídos no poder por uma direita que nem precisou de se assumir como tal: bastou-lhe aproveitar o «trabalho» já feito no Governo pela «esquerda» e, ironia das ironias, zurzi-la com justos protestos sociais...
Da derrota para cá «Os Verdes» alemães têm continuado a fazer pela vida, continuando a coreografar oposições ao governo da sra. Merkel, mas com o conveniente «sentido de Estado» que lhes vá permitindo justificar a continuação do alinhamento com medidas gravosas do Executivo de direita.
Foi o que aconteceu com este congresso extraordinário dos Verdes, convocado expressamente pela direcção para aprovar a permanência do exército alemão (Bundeswehr) no Afeganistão e os voos dos aviões militares «Tornado», com o pretexto de uma «oposição responsável» mas o objectivo concreto de apoiar a política belicista da chanceler Merkel no Afeganistão onde, de resto, a Alemanha reparte actualmente com os EUA «o aparelho de ocupação no velho estilo colonial», como é referido neste número do Avante! (onde se pode ler a única notícia publicada em Portugal sobre este assunto). Acrescente-se que importantes figuras do actual aparelho de ocupação no Afeganistão são militantes dos «Verdes» alemães...
O grande defensor, no congresso dos «Verdes», do reforço bélico no Afeganistão foi nem mais nem menos que o famoso Daniel Cohnt-Bendit, o lendário «revolucionário» do Maio de 68 que actualmente é deputado pelos «Verdes» alemães no Parlamento Europeu. Num registo à Bush, defendeu a presença da Bundeswehr no Afeganistão para «reconstruir o país» e instalar a «democracia», tendo sido assobiado e vaiado ruidosamente.
O resultado do congresso extraordinário confirmou as vaias: por 361 votos contra 264, os delegados rejeitaram liminarmente a proposta belicista dos dirigentes do partido, o que descontrolou o «democrático» Cohnt-Bendit a ponto de insultar os delegados.
Percebe-se, finalmente, a razão do silêncio sepulcral aplicado pela generalidade da comunicação social a este congresso extraordinário dos «Verdes» alemães: os seus delegados decidiram, efectivamente, na base dos princípios, derrotando uma direcção cuja retórica progressista há muito que, descarada e vergonhosamente, foi corrompida pelo poder ao serviço do grande capital.
É o trajecto, inexorável, das «novas esquerdas» que por aí andam...