A esquerda deslizante
Ao contrário do que aqui referi no último texto, o PS, mais vale tarde do que nunca, também teve direito a rentrée. E, a coisa foi tão positiva que José Sócrates, o secretário-geral, teve mesmo direito a uma setinha para cima, com quem diz está no bom caminho, e a ser considerado a figura do dia, na edição de domingo do Jornal de Notícias.
Num texto assinado por Paulo Baldaia, ficamos a saber que, na ocasião, «o secretário-geral do PS se fartou de elogiar o Governo do primeiro ministro» (que o chefe de redacção do matutino não se esquece de referir que são uma e a mesma pessoa), não se inibindo mesmo de elogiar a obra dos seus (do primeiro-ministro) ministros, naquilo que é considerado como acto de coragem pouco usual, nos tempos que correm, perante uma «plateia que estava preparada para o aplaudir».
Ficamos sem saber se estes figurantes foram ou não contratados na mesma agência de casting das criancinhas que aqui há umas semanas receberam José Sócrates, o primeiro-ministro, numa escola do ensino básico. Mas podemos presumir que garantiram um bom enquadramento ao chefe de Governo/partido, que tem andado tão falho de aplauso popular genuíno.
Mas o que me parece importante sublinhar é que o líder do PS inaugurou, formalmente, uma nova fase na vida do seu partido. Respondendo à esquerda, ainda segundo Baldaia, Sócrates afirmou a sua veia de centro-esquerda.
Ora eu pus-me a pensar no percurso do PS e achei isto tudo muito normal. É que, lembrei-me eu, o PS já foi um partido marxista, nos tempos em que isso era moderno, foi depois um partido do socialismo democrático, até terem metido o socialismo na gaveta, foi ainda um partido da esquerda moderna, ainda que por breves momentos, para aterrar agora no centro-esquerda (com hífen, claro).
Isto tudo enquanto, de cada vez que está no Governo, pratica uma política o mais à direita que pode, contra quem trabalha e de favorecimento do grande capital, uma política de declínio nacional e de injustiça social, como pela amostra presente se pode comprovar.
Desconfio que o PS ainda não fica por aqui. É que, perante uma tal trajectória, o que melhor os pode caracterizar é que eles são de uma esquerda deslizante. A deslizar para a direita, claro. Mas ainda assim, e talvez por isso, são dignos de apreciação positiva nos JNs deste país.
Num texto assinado por Paulo Baldaia, ficamos a saber que, na ocasião, «o secretário-geral do PS se fartou de elogiar o Governo do primeiro ministro» (que o chefe de redacção do matutino não se esquece de referir que são uma e a mesma pessoa), não se inibindo mesmo de elogiar a obra dos seus (do primeiro-ministro) ministros, naquilo que é considerado como acto de coragem pouco usual, nos tempos que correm, perante uma «plateia que estava preparada para o aplaudir».
Ficamos sem saber se estes figurantes foram ou não contratados na mesma agência de casting das criancinhas que aqui há umas semanas receberam José Sócrates, o primeiro-ministro, numa escola do ensino básico. Mas podemos presumir que garantiram um bom enquadramento ao chefe de Governo/partido, que tem andado tão falho de aplauso popular genuíno.
Mas o que me parece importante sublinhar é que o líder do PS inaugurou, formalmente, uma nova fase na vida do seu partido. Respondendo à esquerda, ainda segundo Baldaia, Sócrates afirmou a sua veia de centro-esquerda.
Ora eu pus-me a pensar no percurso do PS e achei isto tudo muito normal. É que, lembrei-me eu, o PS já foi um partido marxista, nos tempos em que isso era moderno, foi depois um partido do socialismo democrático, até terem metido o socialismo na gaveta, foi ainda um partido da esquerda moderna, ainda que por breves momentos, para aterrar agora no centro-esquerda (com hífen, claro).
Isto tudo enquanto, de cada vez que está no Governo, pratica uma política o mais à direita que pode, contra quem trabalha e de favorecimento do grande capital, uma política de declínio nacional e de injustiça social, como pela amostra presente se pode comprovar.
Desconfio que o PS ainda não fica por aqui. É que, perante uma tal trajectória, o que melhor os pode caracterizar é que eles são de uma esquerda deslizante. A deslizar para a direita, claro. Mas ainda assim, e talvez por isso, são dignos de apreciação positiva nos JNs deste país.