Uma força de unidade e luta de classe
O secretário-geral do Partido Comunista da Índia (Marxista), Prakash Karat, esteve durante quatro dias em Portugal. Da agenda de visitas e encontros realizados, destaca-se a participação num debate promovido pela ORL do PCP.
O PCI (M) conta nas suas fileiras com quase um milhão de militantes
Acompanhado por Manuela Bernardino, do Secretariado do Comité Central e responsável pela Secção Internacional do Partido, por Armindo Miranda, da Comissão Política e responsável pela Organização Regional de Lisboa do PCP, e por Leonor Barão, do executivo da DORL, Prakash Karat começou por destacar «a experiência enriquecedora» do contacto com a realidade dos comunistas portugueses.
Perante uma sala repleta, o secretário-geral do PCI (M) deu nota das principais tarefas do partido e aproveitou para saciar a curiosidade dos participantes a respeito de uma formação política que conta nas suas fileiras com quase um milhão de militantes – desde os anos noventa o PCI (M) regista uma adesão anual na ordem dos 20 mil novos militantes; mais de metade dos membros do partido tem menos de 45 anos e provém do campesinato e do assalariado rural; a organização da juventude participada pelos comunistas conta nas suas fileiras com cerca de 20 milhões de activistas -, números, disse, que no contexto de um dos países mais populosos do mundo é ainda assim limitado, por isso a orientação e empenho do PCI (M) em criar condições políticas para a unidade das forças de esquerda e progressistas.
Para que se percebam as condições de trabalho naquele país, salientou ainda que «a cultura, os costumes, a estratificação social e a língua variam muito de região para região. Em todo o país são admitidos 18 dialectos oficiais», acrescentou.
Compromissos de classe
Em resultado das eleições legislativas de 2004, o PCI (M) juntou às três províncias onde é a força determinante nos governos locais, Bengala Ocidental, Kerala e Tripura, um número recorde de deputados na câmara baixa do parlamento de Nova Deli (44 eleitos num total de 61 deputados da aliança eleitoral «Frente de Esquerda»).
A tal avanço, explicou Prakash Karat, correspondeu uma maior capacidade de influenciar a constituição de um executivo na União Indiana, desde logo pela contribuição na derrota das forças da direita chauvinista cada vez mais agressivas, até à subscrição de um programa mínimo de convivência entre o governo e as unidades parlamentares, o qual impediu, para já, os avanços na privatização das empresas públicas em sectores como os bancos, os seguros, a energia, os caminhos de ferro e parte do aparelho industrial.
Apesar de tudo, esclareceu o líder comunista indiano, a experiência apurada nos últimos três anos mostra que só a luta popular é capaz de impor na prática os compromissos impostos ao governo burguês, razão que levou o PCI (M) a mobilizar a população em protestos contra a política neoliberal e a retórica étnico-religiosa remanescente.
Um país de gritantes desigualdades
Com um crescimento médio anual na ordem dos 10 por cento e um comércio externo fulgurante, sobretudo com a vizinha China, a Índia assume-se hoje como uma potência incontornável nos contextos regional e mundial.
Tal peso económico – a que se juntam os laços históricos com a ex-URSS, o que se mantém com a Rússia no que ao apetrechamento militar diz respeito, e o facto da União Indiana ser um dos fundadores do Movimento dos Países Não-Alinhados – levou a que, na última década, o capital internacional apostasse forte naquele território.
Começou com o «enfeudamento dos sucessivos governos ao FMI e ao Banco Mundial», e agora passa também «pelo alinhamento da nossa diplomacia e programa nuclear com os interesses imperialistas de Washington», precisou Prakash Karat.
A «contenção» da China aos níveis económico e militar são para os EUA os grandes objectivos, afirmou o secretário-geral do PCI (M), mas o apetite voraz pelos sectores ainda não liberalizados da economia indiana e o domínio da produção agrícola local estão na mira das multinacionais e respectivos directórios lacaios, referiu.
A luta de classes está na ordem do dia numa nação de extremas desigualdades, logo porque «o crescimento do número de milionários em 2006 superou qualquer outro país da Ásia, facto que contrasta com o empobrecimento das classes trabalhadoras e os milhares de camponeses que se suicidam por desespero absoluto, falta de soluções e perspectivas de uma vida digna», concluiu Prakash Karat.
Perante uma sala repleta, o secretário-geral do PCI (M) deu nota das principais tarefas do partido e aproveitou para saciar a curiosidade dos participantes a respeito de uma formação política que conta nas suas fileiras com quase um milhão de militantes – desde os anos noventa o PCI (M) regista uma adesão anual na ordem dos 20 mil novos militantes; mais de metade dos membros do partido tem menos de 45 anos e provém do campesinato e do assalariado rural; a organização da juventude participada pelos comunistas conta nas suas fileiras com cerca de 20 milhões de activistas -, números, disse, que no contexto de um dos países mais populosos do mundo é ainda assim limitado, por isso a orientação e empenho do PCI (M) em criar condições políticas para a unidade das forças de esquerda e progressistas.
Para que se percebam as condições de trabalho naquele país, salientou ainda que «a cultura, os costumes, a estratificação social e a língua variam muito de região para região. Em todo o país são admitidos 18 dialectos oficiais», acrescentou.
Compromissos de classe
Em resultado das eleições legislativas de 2004, o PCI (M) juntou às três províncias onde é a força determinante nos governos locais, Bengala Ocidental, Kerala e Tripura, um número recorde de deputados na câmara baixa do parlamento de Nova Deli (44 eleitos num total de 61 deputados da aliança eleitoral «Frente de Esquerda»).
A tal avanço, explicou Prakash Karat, correspondeu uma maior capacidade de influenciar a constituição de um executivo na União Indiana, desde logo pela contribuição na derrota das forças da direita chauvinista cada vez mais agressivas, até à subscrição de um programa mínimo de convivência entre o governo e as unidades parlamentares, o qual impediu, para já, os avanços na privatização das empresas públicas em sectores como os bancos, os seguros, a energia, os caminhos de ferro e parte do aparelho industrial.
Apesar de tudo, esclareceu o líder comunista indiano, a experiência apurada nos últimos três anos mostra que só a luta popular é capaz de impor na prática os compromissos impostos ao governo burguês, razão que levou o PCI (M) a mobilizar a população em protestos contra a política neoliberal e a retórica étnico-religiosa remanescente.
Um país de gritantes desigualdades
Com um crescimento médio anual na ordem dos 10 por cento e um comércio externo fulgurante, sobretudo com a vizinha China, a Índia assume-se hoje como uma potência incontornável nos contextos regional e mundial.
Tal peso económico – a que se juntam os laços históricos com a ex-URSS, o que se mantém com a Rússia no que ao apetrechamento militar diz respeito, e o facto da União Indiana ser um dos fundadores do Movimento dos Países Não-Alinhados – levou a que, na última década, o capital internacional apostasse forte naquele território.
Começou com o «enfeudamento dos sucessivos governos ao FMI e ao Banco Mundial», e agora passa também «pelo alinhamento da nossa diplomacia e programa nuclear com os interesses imperialistas de Washington», precisou Prakash Karat.
A «contenção» da China aos níveis económico e militar são para os EUA os grandes objectivos, afirmou o secretário-geral do PCI (M), mas o apetite voraz pelos sectores ainda não liberalizados da economia indiana e o domínio da produção agrícola local estão na mira das multinacionais e respectivos directórios lacaios, referiu.
A luta de classes está na ordem do dia numa nação de extremas desigualdades, logo porque «o crescimento do número de milionários em 2006 superou qualquer outro país da Ásia, facto que contrasta com o empobrecimento das classes trabalhadoras e os milhares de camponeses que se suicidam por desespero absoluto, falta de soluções e perspectivas de uma vida digna», concluiu Prakash Karat.