Mais sangue e mentiras
As disputas internas ao sistema não eliminam os perigos de guerra
A Grã-Bretanha foi abalada pela morte do ex-inspector da ONU no Iraque e conselheiro governamental para as armas de destruição massiva, David Kelly. O governo britânico acusara Kelly de ser a «toupeira» que denunciara à comunicação social algumas mentiras dos discursos oficiais pré-invasão do Iraque. A sua morte (qualquer que seja a causa) é o espelho da guerra fratricida que vai consumindo os centros do poder das grandes potências imperialistas. As denúncias das mentiras partem, em grande medida, de gente ligada ao Sistema. É alguma comunicação social de regime (que noutras ocasiões mantem o mais rigoroso silêncio) que lhes dá eco e divulgação. Longe das declarações oficiais e do servilismo público do pós-guerra, trava-se uma batalha no seio das classes dirigentes de cada país, no seio da União Europeia e entre os dois lados do Atlântico. Surgem pedidos de tréguas para salvar os interesses comuns. Em editorial (19.7.03) o Financial Times titula: «A necessidade de sarar a clivagem Atlântica». E, a propósito do discurso de Blair em Washington, escreve: «foi uma reafirmação urgente da sua convicção da importância da aliança transatlântica como pedra basilar da estabilidade global».
A «estabilidade global» é a preocupação maior nas esferas do grande capital internacional. A notável resistência do povo iraquiano à tentativa de recolonizar o seu país está já a provocar estragos que se podem vir a revelar de enorme importância. A morte quase diária de soldados americanos e as cada vez mais frequentes manifestações populares estão a abalar os EUA e a sua imagem de invencibilidade. As palavras de revolta de soldados americanos contra Rumsfeld e os outros chefes políticos, transmitidas pela televisão, fazem temer o pior. O New York Times (4.7.03) escreve: «a frustração tornou-se tão intensa, recentemente em Fort Stewart na Geórgia, que um coronel que se reunia com 800 cônjuges irados [de soldados no Iraque], na sua maioria esposas, teve de ser escoltado para fora da sessão. “Elas choravam, gritavam, lançavam impropérios”» contava uma testemunha. O pavor que esta resistência e revolta, já expressa nas gigantescas manifestações que antecederam a guerra, provoca nas classes dirigentes do capitalismo mundial é, seguramente, um factor de peso na contra-ofensiva que alguns sectores lançaram contra os «falcões» no poder em Washington e Londres. Mas o dilema é profundo: para enfraquecer os partidários da hegemonia total do imperialismo dos EUA, e impor-lhes um acordo (que pode até passar pelo sacrifício de algumas cabeças) é necessário minar a sua credibilidade e expôr as suas mentiras. Mas sem minar a credibilidade global do sistema capitalista. O equilíbrio é difícil. Porque as mentiras, e a natureza de classe e exploradora, são-lhes comuns. E o descontentamento dos povos está a ganhar contornos de relevo, enquanto a situação económica continua a encerrar perigos de monta.
As disputas internas ao sistema não eliminam os perigos de guerra, nem devem gerar ilusões. As dificuldades podem até dar lugar à provocação. Os planos belicistas prosseguem em várias frentes. No dia 18 de Junho uma incursão militar norte-americana penetrou 40 km em território sírio e matou 80 pessoas (Washington Times, citando a UPI, 17.7.03). As ameaças contra vários países prosseguem. Os EUA querem legitimar a pirataria contra o comércio marítimo e aéreo de outros países, tendo a Coreia do Norte como alvo imediato. Para isso lançaram a «Iniciativa de Segurança contra a Proliferação» (PSI), que congrega 11 países e já reuniu duas vezes no espaço de um mês. Entre esses 11 países está Portugal. Lutar contra os senhores da guerra e da mentira, e contra os seus desígnios de dominação mundial significa também, em Portugal, lutar contra o Governo de Durão e Portas.
A «estabilidade global» é a preocupação maior nas esferas do grande capital internacional. A notável resistência do povo iraquiano à tentativa de recolonizar o seu país está já a provocar estragos que se podem vir a revelar de enorme importância. A morte quase diária de soldados americanos e as cada vez mais frequentes manifestações populares estão a abalar os EUA e a sua imagem de invencibilidade. As palavras de revolta de soldados americanos contra Rumsfeld e os outros chefes políticos, transmitidas pela televisão, fazem temer o pior. O New York Times (4.7.03) escreve: «a frustração tornou-se tão intensa, recentemente em Fort Stewart na Geórgia, que um coronel que se reunia com 800 cônjuges irados [de soldados no Iraque], na sua maioria esposas, teve de ser escoltado para fora da sessão. “Elas choravam, gritavam, lançavam impropérios”» contava uma testemunha. O pavor que esta resistência e revolta, já expressa nas gigantescas manifestações que antecederam a guerra, provoca nas classes dirigentes do capitalismo mundial é, seguramente, um factor de peso na contra-ofensiva que alguns sectores lançaram contra os «falcões» no poder em Washington e Londres. Mas o dilema é profundo: para enfraquecer os partidários da hegemonia total do imperialismo dos EUA, e impor-lhes um acordo (que pode até passar pelo sacrifício de algumas cabeças) é necessário minar a sua credibilidade e expôr as suas mentiras. Mas sem minar a credibilidade global do sistema capitalista. O equilíbrio é difícil. Porque as mentiras, e a natureza de classe e exploradora, são-lhes comuns. E o descontentamento dos povos está a ganhar contornos de relevo, enquanto a situação económica continua a encerrar perigos de monta.
As disputas internas ao sistema não eliminam os perigos de guerra, nem devem gerar ilusões. As dificuldades podem até dar lugar à provocação. Os planos belicistas prosseguem em várias frentes. No dia 18 de Junho uma incursão militar norte-americana penetrou 40 km em território sírio e matou 80 pessoas (Washington Times, citando a UPI, 17.7.03). As ameaças contra vários países prosseguem. Os EUA querem legitimar a pirataria contra o comércio marítimo e aéreo de outros países, tendo a Coreia do Norte como alvo imediato. Para isso lançaram a «Iniciativa de Segurança contra a Proliferação» (PSI), que congrega 11 países e já reuniu duas vezes no espaço de um mês. Entre esses 11 países está Portugal. Lutar contra os senhores da guerra e da mentira, e contra os seus desígnios de dominação mundial significa também, em Portugal, lutar contra o Governo de Durão e Portas.