Fim à ocupação!

Jorge Cadima

povo Palestino e todos os povos do Médio Oriente merecem Justiça e Paz!

Dentro de poucos dias completam-se 40 anos da chamada «Guerra dos Seis Dias». Em 5 de Junho de 1967, Israel lançou um ataque aéreo contra a Força Aérea egípcia, destruindo a maioria dos seus aviões de combate. Seguiram-se seis dias de guerra, de que resultou a ocupação por Israel dos territórios palestinos da Faixa de Gaza e da Margem Ocidental - incluindo Jerusalém Oriental, dos territórios sírios dos Montes Golã e dos territórios egípcios da Península do Sinai. Com excepção do Sinai (recuperado pelo Egipto após a guerra de 1973), a totalidade dos territórios ocupados por Israel na Guerra dos Seis Dias continua sob ocupação directa ou indirecta (caso da Faixa de Gaza). O Estado de Israel (criado em 1947 pelas Nações Unidas, na base duma partilha dos territórios palestinos ocupados pelos colonialistas britânicos) expandiu-se pela guerra, em violação frontal de toda e qualquer legitimidade internacional. Inúmeras resoluções do Conselho de Segurança da ONU exigindo a retirada permanecem letra morta.

Israel justifica sempre a sua ocupação, os seus crimes, as suas violações do Direito Internacional, as suas guerras, alegando a necessidade de «segurança» e o direito à existência do Estado Judaico. Mas o Estado que há décadas não existe, apesar de previsto em resoluções da ONU, é o Estado da Palestina. A segurança que não existe desde há 60 anos é a segurança do povo palestino. Só na semana entre 17 e 23 de Maio as forças israelitas mataram 32 palestinos, incluindo 7 crianças, e provocaram 102 feridos (Centro Palestino para os Direitos Humanos - www.pchrgaza.ps). Gaza está de novo a ser regularmente bombardeada a partir do ar. Nos últimos dias, as forças de ocupação sionistas raptaram dois Ministros, vários Presidentes de Câmara (incluindo os de Nablus e Qalqilia) e vários deputados palestinos. O Ministro da Defesa de Israel já ameaçou publicamente assassinar o Primeiro-Ministro palestino (Guardian, 22.5.07). Aqueles que estão sempre a apregoar a «democracia» e a papaguear a falsidade de que «Israel é a única democracia no Médio Oriente» estão, sistematicamente, a prender e assassinar os representantes do povo palestino, eleitos em eleições multi-partidárias, cuja democraticidade só foi manchada pelo facto de se realizarem sob a ocupação das forças sionistas. E tudo isto num contexto mais vasto de sofrimento permanente para o povo palestino, que é vítima do bloqueio internacional, imposto por Israel, Estados Unidos e União Europeia (com a honrosa excepção de alguns países nórdicos e de Estados que não pertencem à UE, como a Noruega, a Suíça, a Rússia, a China e outros).

Em Gaza e na Margem Ocidental há fome. Há desemprego e miséria em larga escala. Há sangue a correr todos os dias. Há desespero. Há descrença nas promessas vãs do «Ocidente». Há descrença na via negocial que já foi tentada e que – apesar dos numerosos acordos assinados e das numerosas cedências aceites pelos palestinos, mas que nunca satisfazem a gula israelo-norte-americana – não se concretizam num Estado Palestino soberano e independente. É inevitável que, com tanto sofrimento e falta de esperança, haja também lutas fratricidas. Alimentadas e armadas a partir do exterior. São trágicas, tristes e enfraquecem a luta do povo palestino. Mas nunca nos devemos esquecer que a causa e responsabilidade primeira está do lado de quem há décadas ocupa, oprime, mata e destrói pela violência qualquer esperança de justiça e paz.

Já chega de ocupação! O povo Palestino e todos os povos do Médio Oriente merecem Justiça e Paz!


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