Empate ao centro
Os dois maiores partidos que se têm sucedido no poder em Espanha, nas últimas três décadas, reivindicaram para si a vitória nas eleições municipais e regionais parciais realizadas no domingo, 27.
Os resultados eleitorais agradaram a socialistas e populares
O escrutínio ficou marcado por uma baixa taxa de participação (63,79%), o que, segundo alguns analistas, terá beneficiado o ligeiro avanço, em número de votos, obtido pelo Partido Popular (PP) de Mariano Rajoy.
Contudo, se o PP obteve cerca de mais 156 mil sufrágios em 22 milhões de inscritos (35,6%), os socialistas, no poder, ficando poucas décimas abaixo dos populares (34,9%), lograram distanciar-se em número de mandatos (24 026 contra 23 347 eleitos pelo PP, ou seja, uma diferença de 679 vereadores a favor do PSOE).
Não é pois de admirar que os dois líderes partidários tenham clamado vitória: Rajoy vangloriando-se com o facto de o seu partido, pela primeira vez em sete anos, ser o mais votado, certamente já sonhando com as próximas legislativas; Zapatero contente por não se ter afundado nestas eleições, se exceptuarmos a pesada derrota sofrida na região e município de Madrid, ambos cedidos aos populares.
Em contrapartida, foram os populares que mais perderam no escrutínio regional, em que estavam em disputa 13 das 17 comunidades autónomas e as cidades de Ceuta e Melilla. Perderam as maiorias absolutas nas ilhas Baleares, ficando à mercê de coligações pós-eleitorais entre os partidos à sua esquerda, e em Navarra, onde os nacionalistas e socialistas podem assumir a governação. Nas Canárias, o PP caiu de segunda para terceira força política, permitindo a vitória dos socialistas sobre a Coligação Canária.
Na segunda-feira, 28, o primeiro-ministro espanhol, José Zapatero, declarou-se «satisfeito» com os resultados da véspera, considerando uma «virtude da democracia» o facto de a oposição também estar satisfeita.
«Estou satisfeito e vejo que o PP também. Que pode haver melhor que todos estarmos satisfeitos? É talvez o melhor balanço e o melhor resultado da jornada eleitoral».
No mesmo dia, Mariano Rajoy considerou o desfecho do sufrágio como «uma reviravolta» face a 2003, quando o PSOE conquistou mais votos nas municipais do que o PP.
Terceira força
A coligação «Izquierda Unida» manteve-se como a terceira força política do país, registando uma ligeira quebra, quer em percentagem quer em número de eleitos.
Em relação a 2003, desceu de 6,07 por cento e 2 198 representantes, para 5,57 por cento e 2 003 eleitos, conquistando a maioria absoluta em 57 municípios e relativa em 55.
Na noite das eleições, o seu coordenador geral, Gaspar Llamazares valorizou os resultados, considerando que foi alcançado o objectivo da Izquierda Unida de ser uma força «determinante» para «desempatar» a favor da esquerda.
Para Llamazares este é um «bom resultado que mostra como a esquerda é plural e o país é plural», sublinhando que em Murcia, Zaragoza e suas respectivas comunidades «mantivemos e aumentámos a presença institucional».
Esquerda basca resiste
Apesar de o Tribunal Constitucional espanhol ter proibido 133 candidaturas da Acção Nacionalista Basca (e 260 listas apresentadas pela esquerda independentista), sob a acusação de estarem vinculadas ao ilegalizado partido Batasuna, a ANV conseguiu suplantar os resultados de há quatro anos obtidos pelas plataformas de cidadãos.
De acordo com o jornal Gara, as listas da ANV recolheram 187 mil votos, tendo sido as mais votadas em 54 localidades.
No total, a formação independentista reivindica a eleição de 721 representantes nas quatro províncias espanholas, dos quais apenas 439 foram validados oficialmente, enquanto os restantes 282 foram anulados.
Ainda assim, o Ministério do Interior espanhol reconheceu com válidos 94.825 votos nas listas da ANV, o que se traduz na conquista de 40 municípios, 25 dos quais com maioria absoluta.
Os resultados mais expressivos foram alcançados na província de Guipúscoa, onde foram eleitos 301 representantes, dos quais apenas 193 foram reconhecidos oficialmente.
Em Biscaia, a esquerda independentista elegeu 121 candidatos «oficiais», enquanto outros 126 foram invalidados.
Em Navarra, a ANV elegeu 124 representantes, dos quais 100 são «legais» e 24 foram impugnados.
Finalmente, em Álava, quarta província do País Basco espanhol, a ANV elegeu 47 representantes, sendo oficialmente reconhecidos apenas 23.
A este resultado há que somar o êxito eleitoral da coligação Nafarroa Bai (Navarra Sim), onde participam partidos da esquerda nacionalista basca, que, logo na sua estreia em eleições regionais, se afirmou como a segunda força política, com 12 dos 50 mandatos do parlamento, retirando a maioria absoluta à direita.
Contudo, se o PP obteve cerca de mais 156 mil sufrágios em 22 milhões de inscritos (35,6%), os socialistas, no poder, ficando poucas décimas abaixo dos populares (34,9%), lograram distanciar-se em número de mandatos (24 026 contra 23 347 eleitos pelo PP, ou seja, uma diferença de 679 vereadores a favor do PSOE).
Não é pois de admirar que os dois líderes partidários tenham clamado vitória: Rajoy vangloriando-se com o facto de o seu partido, pela primeira vez em sete anos, ser o mais votado, certamente já sonhando com as próximas legislativas; Zapatero contente por não se ter afundado nestas eleições, se exceptuarmos a pesada derrota sofrida na região e município de Madrid, ambos cedidos aos populares.
Em contrapartida, foram os populares que mais perderam no escrutínio regional, em que estavam em disputa 13 das 17 comunidades autónomas e as cidades de Ceuta e Melilla. Perderam as maiorias absolutas nas ilhas Baleares, ficando à mercê de coligações pós-eleitorais entre os partidos à sua esquerda, e em Navarra, onde os nacionalistas e socialistas podem assumir a governação. Nas Canárias, o PP caiu de segunda para terceira força política, permitindo a vitória dos socialistas sobre a Coligação Canária.
Na segunda-feira, 28, o primeiro-ministro espanhol, José Zapatero, declarou-se «satisfeito» com os resultados da véspera, considerando uma «virtude da democracia» o facto de a oposição também estar satisfeita.
«Estou satisfeito e vejo que o PP também. Que pode haver melhor que todos estarmos satisfeitos? É talvez o melhor balanço e o melhor resultado da jornada eleitoral».
No mesmo dia, Mariano Rajoy considerou o desfecho do sufrágio como «uma reviravolta» face a 2003, quando o PSOE conquistou mais votos nas municipais do que o PP.
Terceira força
A coligação «Izquierda Unida» manteve-se como a terceira força política do país, registando uma ligeira quebra, quer em percentagem quer em número de eleitos.
Em relação a 2003, desceu de 6,07 por cento e 2 198 representantes, para 5,57 por cento e 2 003 eleitos, conquistando a maioria absoluta em 57 municípios e relativa em 55.
Na noite das eleições, o seu coordenador geral, Gaspar Llamazares valorizou os resultados, considerando que foi alcançado o objectivo da Izquierda Unida de ser uma força «determinante» para «desempatar» a favor da esquerda.
Para Llamazares este é um «bom resultado que mostra como a esquerda é plural e o país é plural», sublinhando que em Murcia, Zaragoza e suas respectivas comunidades «mantivemos e aumentámos a presença institucional».
Esquerda basca resiste
Apesar de o Tribunal Constitucional espanhol ter proibido 133 candidaturas da Acção Nacionalista Basca (e 260 listas apresentadas pela esquerda independentista), sob a acusação de estarem vinculadas ao ilegalizado partido Batasuna, a ANV conseguiu suplantar os resultados de há quatro anos obtidos pelas plataformas de cidadãos.
De acordo com o jornal Gara, as listas da ANV recolheram 187 mil votos, tendo sido as mais votadas em 54 localidades.
No total, a formação independentista reivindica a eleição de 721 representantes nas quatro províncias espanholas, dos quais apenas 439 foram validados oficialmente, enquanto os restantes 282 foram anulados.
Ainda assim, o Ministério do Interior espanhol reconheceu com válidos 94.825 votos nas listas da ANV, o que se traduz na conquista de 40 municípios, 25 dos quais com maioria absoluta.
Os resultados mais expressivos foram alcançados na província de Guipúscoa, onde foram eleitos 301 representantes, dos quais apenas 193 foram reconhecidos oficialmente.
Em Biscaia, a esquerda independentista elegeu 121 candidatos «oficiais», enquanto outros 126 foram invalidados.
Em Navarra, a ANV elegeu 124 representantes, dos quais 100 são «legais» e 24 foram impugnados.
Finalmente, em Álava, quarta província do País Basco espanhol, a ANV elegeu 47 representantes, sendo oficialmente reconhecidos apenas 23.
A este resultado há que somar o êxito eleitoral da coligação Nafarroa Bai (Navarra Sim), onde participam partidos da esquerda nacionalista basca, que, logo na sua estreia em eleições regionais, se afirmou como a segunda força política, com 12 dos 50 mandatos do parlamento, retirando a maioria absoluta à direita.