Quatro anos depois
Foi há quatro anos que EUA e Grã-Bretanha iniciaram os bombardeamentos ao Iraque com o pretexto das hipotéticas armas de destruição maciça que Saddam Hussein detinha. Recordamos que a guerra foi desencadeada em violação do direito internacional e num total desrespeito para com as Nações Unidas.
Depois do célebre encontro nos Açores, entre Bush, Blair e Aznar, com o então primeiro-ministro português, Durão Barroso, a servir de mestre de cerimónias, a generalidade da comunicação social e conhecidos comentadores deram pormenores sobre o dito arsenal bélico que seria detido pelo Iraque, incluindo os camiões que se moviam permanentemente no deserto para não serem detectados. A seguir, iniciou-se a «nova cruzada» que, em poucos dias, (segundo afirmava a arrogante e imperial Administração Americana) iria destruir Saddam e «libertar» o povo iraquiano.
Quem se opunha a tal loucura, seja porque pensava que a guerra não era a solução para o problema iraquiano, seja porque se tinha preocupado em ir ao terreno tentar compreender a realidade, incluindo no Iraque, em Nova York e em Wasghinton, era apelidado de defensor/a do ditador.
Aconteceu-me a mim, que fiz parte de uma delegação de cerca de trinta deputados do Parlamento Europeu, de quatro diferentes grupos políticos.
Ainda hoje recordo os olhos grandes, onde se espelhava o céu, daquelas centenas de crianças que, nos bairros periféricos de Bagdade, nos rodeavam e diziam que não queriam a guerra. O que queriam era a escola a funcionar, o que pretendiam era ter os materiais necessários para estudar, e que o bloqueio impedia que lhes chegassem às mãos. E imploravam que detivéssemos a guerra. Pediam que não deixássemos ir para lá os americanos. (Quantas destas crianças sobrevivem ainda?)
A seguir, fomos à ONU, reunimos com Kofi Annan e Blix, e coincidimos nas preocupações com a guerra iminente, para mais sabendo-se não havia qualquer prova credível das tais armas de destruição maciça, que toda a gente tinha negado em Bagdade, incluindo organizações internacionais. A própria Comissão da ONU, presidida por Blix, afirmou que precisava de mais tempo, dado não ter descoberto provas das referidas armas. Depois, estivemos no Congresso americano, reunimos com alguns senadores democratas, que também partilhavam as nossas preocupações. Mas em Portugal, para o governo Durão Barroso/Portas, o que contava eram as mentiras da Administração americana.
Quatro anos depois, confirmou-se tudo o que de pior suspeitávamos. A guerra, que era para demorar uns dias, afinal, de certa forma, ainda continua, com a ocupação americana. Saddam já foi morto. O Iraque já foi arrasado. Certamente cerca de um milhão de pessoas já morreram, vítimas da guerra, da fome, da doença, da destruição e ocupação de um País soberano. Afirma-se que mais de dois milhões de iraquianos fugiram da guerra para os países vizinhos.
À devastação terrível da guerra seguiu-se o terror permanente, a instabilidade sem fim à vista, as mortes diárias, o desespero dos iraquianos, a desorientação das tropas e autoridades ocupantes, e a facturação das empresas do vice-presidente Cheney e outros seus amigos. Só as armas de destruição em massa é que nunca apareceram.
Quatro anos depois, com mais de três mil soldados americanos mortos no Iraque, a maioria da população americana condena a guerra. Há sondagens em que aparecem apenas 25% dos americanos a apoiar Bush.
Por isso, sucedem-se manifestações contra a guerra em várias cidades americanas, a exemplo do que se passa em vários países do mundo, exigindo a imediata retirada das tropas e o fim da ocupação do Iraque. Até Blair, em fim de carreira, anuncia a retirada britânica. Mas Bush insiste em mandar mais 20 mil soldados para se juntarem ao exército de 140 mil americanos que permanecem no Iraque. Continua sem entender a derrota que os EUA e seus aliados sofreram.
Foi graças à luta dos povos - no Iraque, no Líbano e na Palestina - que EUA e União Europeia tiveram de recuar nas suas posições.
A situação continua ainda muito difícil. Mas há novas esperanças para o Médio Oriente. Pela nossa parte, vamos continuar a denunciar as posições imperialistas, a exigir o respeito pela soberania dos povos, a desenvolver campanhas de solidariedade com estes povos ameaçados, a defender a cooperação e o diálogo visando uma paz justa e duradoura.
Depois do célebre encontro nos Açores, entre Bush, Blair e Aznar, com o então primeiro-ministro português, Durão Barroso, a servir de mestre de cerimónias, a generalidade da comunicação social e conhecidos comentadores deram pormenores sobre o dito arsenal bélico que seria detido pelo Iraque, incluindo os camiões que se moviam permanentemente no deserto para não serem detectados. A seguir, iniciou-se a «nova cruzada» que, em poucos dias, (segundo afirmava a arrogante e imperial Administração Americana) iria destruir Saddam e «libertar» o povo iraquiano.
Quem se opunha a tal loucura, seja porque pensava que a guerra não era a solução para o problema iraquiano, seja porque se tinha preocupado em ir ao terreno tentar compreender a realidade, incluindo no Iraque, em Nova York e em Wasghinton, era apelidado de defensor/a do ditador.
Aconteceu-me a mim, que fiz parte de uma delegação de cerca de trinta deputados do Parlamento Europeu, de quatro diferentes grupos políticos.
Ainda hoje recordo os olhos grandes, onde se espelhava o céu, daquelas centenas de crianças que, nos bairros periféricos de Bagdade, nos rodeavam e diziam que não queriam a guerra. O que queriam era a escola a funcionar, o que pretendiam era ter os materiais necessários para estudar, e que o bloqueio impedia que lhes chegassem às mãos. E imploravam que detivéssemos a guerra. Pediam que não deixássemos ir para lá os americanos. (Quantas destas crianças sobrevivem ainda?)
A seguir, fomos à ONU, reunimos com Kofi Annan e Blix, e coincidimos nas preocupações com a guerra iminente, para mais sabendo-se não havia qualquer prova credível das tais armas de destruição maciça, que toda a gente tinha negado em Bagdade, incluindo organizações internacionais. A própria Comissão da ONU, presidida por Blix, afirmou que precisava de mais tempo, dado não ter descoberto provas das referidas armas. Depois, estivemos no Congresso americano, reunimos com alguns senadores democratas, que também partilhavam as nossas preocupações. Mas em Portugal, para o governo Durão Barroso/Portas, o que contava eram as mentiras da Administração americana.
Quatro anos depois, confirmou-se tudo o que de pior suspeitávamos. A guerra, que era para demorar uns dias, afinal, de certa forma, ainda continua, com a ocupação americana. Saddam já foi morto. O Iraque já foi arrasado. Certamente cerca de um milhão de pessoas já morreram, vítimas da guerra, da fome, da doença, da destruição e ocupação de um País soberano. Afirma-se que mais de dois milhões de iraquianos fugiram da guerra para os países vizinhos.
À devastação terrível da guerra seguiu-se o terror permanente, a instabilidade sem fim à vista, as mortes diárias, o desespero dos iraquianos, a desorientação das tropas e autoridades ocupantes, e a facturação das empresas do vice-presidente Cheney e outros seus amigos. Só as armas de destruição em massa é que nunca apareceram.
Quatro anos depois, com mais de três mil soldados americanos mortos no Iraque, a maioria da população americana condena a guerra. Há sondagens em que aparecem apenas 25% dos americanos a apoiar Bush.
Por isso, sucedem-se manifestações contra a guerra em várias cidades americanas, a exemplo do que se passa em vários países do mundo, exigindo a imediata retirada das tropas e o fim da ocupação do Iraque. Até Blair, em fim de carreira, anuncia a retirada britânica. Mas Bush insiste em mandar mais 20 mil soldados para se juntarem ao exército de 140 mil americanos que permanecem no Iraque. Continua sem entender a derrota que os EUA e seus aliados sofreram.
Foi graças à luta dos povos - no Iraque, no Líbano e na Palestina - que EUA e União Europeia tiveram de recuar nas suas posições.
A situação continua ainda muito difícil. Mas há novas esperanças para o Médio Oriente. Pela nossa parte, vamos continuar a denunciar as posições imperialistas, a exigir o respeito pela soberania dos povos, a desenvolver campanhas de solidariedade com estes povos ameaçados, a defender a cooperação e o diálogo visando uma paz justa e duradoura.