O tempo de antena do fascismo
Salazar apresentado como «o grande defensor de Portugal e dos portugueses», um homem que «nunca abusou do poder, nem foi desonesto», chefe de um Estado em que «não havia escândalos de alta corrupção». Um homem para quem «o seu valor, a sua missão, o seu fim único, era Portugal».
O apoio do fascismo português às forças de Franco na guerra civil espanhola justificou-se porque a Frente Popular queria «absorver Portugal». A perseguição aos comunistas era necessária porque «o terror e a violência dos bolcheviques (...) só pela força se podiam conter».
Salazar, o homem que conseguiu garantir «a estabilidade do preço do pão», que mandou construir infra-estruturas e bairros sociais, que saneou a dívida pública e aumentou o rendimento nacional, «num desenvolvimento económico e social parado em 1974».
Nas antigas colónias portuguesas despontava «uma nova geração de heróis do império» e soldados que «responderam presente» para combater na «guerra do Ultramar».
Existia, é certo, «censura prévia e detenção preventiva dos opositores», mas até ao 25 de Novembro de 1975 também. Existiu o Tarrafal, mas das centenas de opositores que para lá foram enviados, «morreram de doença cerca de três dezenas». «No Ultramar verificavam-se situações graves de exploração, de brutalidade, até de supremacia racial», mas nada que não existisse nos outros regimes coloniais.
Estas ideias, imagens e citações, bem assinaladas com aspas e itálico para que ninguém nos confunda, foram transmitidas em horário nobre várias vezes por dia, durante os primeiros 17 anos de vida da RTP. A chegada da democracia com a Revolução de Abril permitiu à televisão mostrar o outro lado do regime fascista português: a miséria, a fome, o atraso, as perseguições, a guerra. É por isso que choca qualquer democrata ver a televisão pública portuguesa passar em rodapé Vote! António Oliveira Salazar.
Falamos, claro, do programa «Grandes Portugueses» da RTP, e do episódio lamentável que dedicou à defesa de Salazar, pela voz de Jaime Nogueira Pinto. Durante uma hora, em horário nobre, foram recriadas e repetidas todas as teses da propaganda do regime fascista, num tom de suposta independência histórica e científica. É por isso tão justa e actual a denúncia do Comité Central do PCP: está em curso uma campanha de branqueamento do fascismo, de absolvição dos seus crimes e dos seus responsáveis. Combatê-la é tarefa de todos.
O apoio do fascismo português às forças de Franco na guerra civil espanhola justificou-se porque a Frente Popular queria «absorver Portugal». A perseguição aos comunistas era necessária porque «o terror e a violência dos bolcheviques (...) só pela força se podiam conter».
Salazar, o homem que conseguiu garantir «a estabilidade do preço do pão», que mandou construir infra-estruturas e bairros sociais, que saneou a dívida pública e aumentou o rendimento nacional, «num desenvolvimento económico e social parado em 1974».
Nas antigas colónias portuguesas despontava «uma nova geração de heróis do império» e soldados que «responderam presente» para combater na «guerra do Ultramar».
Existia, é certo, «censura prévia e detenção preventiva dos opositores», mas até ao 25 de Novembro de 1975 também. Existiu o Tarrafal, mas das centenas de opositores que para lá foram enviados, «morreram de doença cerca de três dezenas». «No Ultramar verificavam-se situações graves de exploração, de brutalidade, até de supremacia racial», mas nada que não existisse nos outros regimes coloniais.
Estas ideias, imagens e citações, bem assinaladas com aspas e itálico para que ninguém nos confunda, foram transmitidas em horário nobre várias vezes por dia, durante os primeiros 17 anos de vida da RTP. A chegada da democracia com a Revolução de Abril permitiu à televisão mostrar o outro lado do regime fascista português: a miséria, a fome, o atraso, as perseguições, a guerra. É por isso que choca qualquer democrata ver a televisão pública portuguesa passar em rodapé Vote! António Oliveira Salazar.
Falamos, claro, do programa «Grandes Portugueses» da RTP, e do episódio lamentável que dedicou à defesa de Salazar, pela voz de Jaime Nogueira Pinto. Durante uma hora, em horário nobre, foram recriadas e repetidas todas as teses da propaganda do regime fascista, num tom de suposta independência histórica e científica. É por isso tão justa e actual a denúncia do Comité Central do PCP: está em curso uma campanha de branqueamento do fascismo, de absolvição dos seus crimes e dos seus responsáveis. Combatê-la é tarefa de todos.