Radicais ganham mas não governam
O Partido Radical venceu as legislativas na República Sérvia. Apesar da derrota, o «bloco reformista» do presidente e do actual primeiro-ministro deve ser convidado a governar.
«Os socialistas sérvios elegeram 16 deputados»
Com 28,5 por cento dos votos e 81 lugares num total de 250 vagas no parlamento, o Partido Radical (PR) é o vencedor do sufrágio na ex-república jugoslava, derrotando com uma margem confortável o Partido Democrático (PD), do presidente em exercício, Boris Tadic, que alcançou 23 por cento e 65 deputados, e o Partido Democrático da Sérvia (PDS), do ainda primeiro-ministro, Vojislav Kostunica, que garantiu apenas 17 por cento dos votos e 48 cadeiras na principal câmara do país.
Ao sufrágio de domingo apresentaram-se 20 partidos e formações políticas, mas os cerca de quatro milhões de sérvios que compareceram nas urnas – aproximadamente 60 por cento do total dos cidadãos recenseados, 6,6 milhões – concentraram os boletins nos deputados designados pelo PR, PD, PDS e por outros três partidos concorrentes.
O G17 Plus (liderado por Cedomir Jovanovic, o homem que negociou e entregou Slobodan Milosevic ao TPI), elegeu 19 deputados respeitantes a 6,8 por cento dos votos. Logo atrás ficaram o Partido Socialista, com 6,1 por cento e 16 representantes, e o recentemente formado Partido Liberal Democrático, com 5,3 por cento e 14 mandatos.
Conselhos de «amigo»
Apurados os boletins, Boris Tadic iniciou os trabalhos com vista à formação do novo executivo, demonstrando total alinhamento com a orientação soprada antecipadamente a partir de Bruxelas.
Muito embora a vitória tenha sorrido aos radicais, o chefe de Estado não parece disposto a partilhar o poder com o partido indicado pela vontade popular, por isso já anunciou que não poupará esforços para manter unido o chamado «bloco reformista», até porque «este ano há mais eleições», lembrou.
Entre os «reformistas» estão o PD, PDS e G17 Plus, formações vistas com bons olhos pela União Europeia e consideradas favoráveis à aproximação da Sérvia aos valores ocidentais do mercado comum e à entrada do país na órbita geoestratégica do espaço NATO.
Novidade apenas o facto do partido do presidente se preparar para chefiar o governo do país, uma vez que passou de segundo para terceiro lugar relativamente às eleições de 2003, trocando precisamente com o PDS de Kostunica.
A decisão de designar o segundo, terceiro e quarto partidos mais votados para negociarem a formação do futuro governo não surpreende sequer os vencedores. Reagindo às declarações de Tadic, Tomislav Nikolic, do PR, afirmou não estar admirado com o facto do presidente «não respeitar o princípio democrático de mandatar o Partido Radical para liderar o executivo».
Antes das eleições, as altas esferas da UE instaram o povo sérvio a virar as costas ao que apelidaram de «nacionalismo» e a optarem pelo caminho da aproximação ao Ocidente, o que, na prática, quer dizer que a UE «aconselha» os sérvios a colocarem de lado a defesa da soberania económica e política do país, as resistências à desagregação territorial e à ingerência da comunidade internacional, permitindo, por exemplo, a autodeterminação da província do Kosovo e a perseguição de militares e políticos acusados de «crimes de guerra» pelo tribunal de Haia.
Acresce que o responsável pela política externa da união, Javier Solana, declarou a sua confiança na «célere» formação de um governo que corresponda às expectativas da Europa. Em comentário público aos resultados, Solana inverteu a ordem dos factores e afirmou que «a maioria dos sérvios votou em forças democráticas e pró-europeias», concluindo que a derrota destas a favor dos radicais não representa uma derrota dos «esforços internacionais», precisou ainda.
Ao sufrágio de domingo apresentaram-se 20 partidos e formações políticas, mas os cerca de quatro milhões de sérvios que compareceram nas urnas – aproximadamente 60 por cento do total dos cidadãos recenseados, 6,6 milhões – concentraram os boletins nos deputados designados pelo PR, PD, PDS e por outros três partidos concorrentes.
O G17 Plus (liderado por Cedomir Jovanovic, o homem que negociou e entregou Slobodan Milosevic ao TPI), elegeu 19 deputados respeitantes a 6,8 por cento dos votos. Logo atrás ficaram o Partido Socialista, com 6,1 por cento e 16 representantes, e o recentemente formado Partido Liberal Democrático, com 5,3 por cento e 14 mandatos.
Conselhos de «amigo»
Apurados os boletins, Boris Tadic iniciou os trabalhos com vista à formação do novo executivo, demonstrando total alinhamento com a orientação soprada antecipadamente a partir de Bruxelas.
Muito embora a vitória tenha sorrido aos radicais, o chefe de Estado não parece disposto a partilhar o poder com o partido indicado pela vontade popular, por isso já anunciou que não poupará esforços para manter unido o chamado «bloco reformista», até porque «este ano há mais eleições», lembrou.
Entre os «reformistas» estão o PD, PDS e G17 Plus, formações vistas com bons olhos pela União Europeia e consideradas favoráveis à aproximação da Sérvia aos valores ocidentais do mercado comum e à entrada do país na órbita geoestratégica do espaço NATO.
Novidade apenas o facto do partido do presidente se preparar para chefiar o governo do país, uma vez que passou de segundo para terceiro lugar relativamente às eleições de 2003, trocando precisamente com o PDS de Kostunica.
A decisão de designar o segundo, terceiro e quarto partidos mais votados para negociarem a formação do futuro governo não surpreende sequer os vencedores. Reagindo às declarações de Tadic, Tomislav Nikolic, do PR, afirmou não estar admirado com o facto do presidente «não respeitar o princípio democrático de mandatar o Partido Radical para liderar o executivo».
Antes das eleições, as altas esferas da UE instaram o povo sérvio a virar as costas ao que apelidaram de «nacionalismo» e a optarem pelo caminho da aproximação ao Ocidente, o que, na prática, quer dizer que a UE «aconselha» os sérvios a colocarem de lado a defesa da soberania económica e política do país, as resistências à desagregação territorial e à ingerência da comunidade internacional, permitindo, por exemplo, a autodeterminação da província do Kosovo e a perseguição de militares e políticos acusados de «crimes de guerra» pelo tribunal de Haia.
Acresce que o responsável pela política externa da união, Javier Solana, declarou a sua confiança na «célere» formação de um governo que corresponda às expectativas da Europa. Em comentário público aos resultados, Solana inverteu a ordem dos factores e afirmou que «a maioria dos sérvios votou em forças democráticas e pró-europeias», concluindo que a derrota destas a favor dos radicais não representa uma derrota dos «esforços internacionais», precisou ainda.