Aparências
Os que viram nos últimos sobressaltos que invadiram a Casa Branca mais do que um sinal de indisfarçável dificuldade perante as derrotas militares imposta pela resistência iraquiana ao todo-poderoso exército dos EUA e, ingenuamente pressagiaram uma revisão da política externa americana, cedo se desenganaram. A cirúrgica recomposição do círculo político dominante e os resultados imediatos em que desembocou, — o reforço dos efectivos invasores no Iraque, a redefinição estratégica da Nato no Afeganistão e os bombardeamentos no Sul da Somália — aí estão para desfazer ilusões.
Vale a pena, entretanto, olhar para as movimentações operadas no topo dos que comandam a política norte-americana. Quem se retivesse (ou satisfizesse) com a mera observação das aparências, encontraria nos critérios e opções de recrutamento dos quadros da Administração Norte Americana — de que o jogo de nomeações e renúncias produzidas na mais recente remodelação são exuberante testemunho — prova bastante para justificar o seu caracter agressivo e violento.
De facto, a naturalidade com que dirigentes de serviços secretos são empossados na função de diplomatas ou comandos militares são chamados a preencher o núcleo mais duro dos círculos políticos da Casa Branca explicariam, em parte, uma política externa em que as margens entre diplomacia e espionagem ou relações externas e actos de guerra são tão indistintas que nem a mais cuidada observação permite concluir o que nela predomina: se são os diplomatas que, em coordenação com os serviços secretos, conspiram contra a soberania dos estados onde se encontram ou se são os agentes secretos, em articulação com os diplomatas, que o fazem; se são os secretários de Estado que comandam as operações militares e decretam as guerras a travar e as ocupações a realizar, ou se são os chefes militares que decidindo da política externa do país deliberam sobre os países a inscrever na lista dos que, em primeira mão ameaçados, acabam agredidos ou ocupados.
Não se tivesse das questões da guerra uma concepção política mais sólida e neste jogo de aparências — importante quanto à forma mas insuficiente em matéria de conteúdo — nos quedaríamos sem se atingir o essencial: a política externa norte-americana, enquanto expressão da natureza violenta do imperialismo e da sua insaciável ambição e inerente necessidade de dominação, indispensáveis à sua própria sobrevivência e afirmação. Ou, dizendo de outro modo, fazendo viver de actualidade o que Lénine evidenciou «no capitalismo são impossíveis outros tipos de restabelecimento de tempos a tempos do equilíbrio alterado que não sejam as crises na indústria e as guerras na política.»
Vale a pena, entretanto, olhar para as movimentações operadas no topo dos que comandam a política norte-americana. Quem se retivesse (ou satisfizesse) com a mera observação das aparências, encontraria nos critérios e opções de recrutamento dos quadros da Administração Norte Americana — de que o jogo de nomeações e renúncias produzidas na mais recente remodelação são exuberante testemunho — prova bastante para justificar o seu caracter agressivo e violento.
De facto, a naturalidade com que dirigentes de serviços secretos são empossados na função de diplomatas ou comandos militares são chamados a preencher o núcleo mais duro dos círculos políticos da Casa Branca explicariam, em parte, uma política externa em que as margens entre diplomacia e espionagem ou relações externas e actos de guerra são tão indistintas que nem a mais cuidada observação permite concluir o que nela predomina: se são os diplomatas que, em coordenação com os serviços secretos, conspiram contra a soberania dos estados onde se encontram ou se são os agentes secretos, em articulação com os diplomatas, que o fazem; se são os secretários de Estado que comandam as operações militares e decretam as guerras a travar e as ocupações a realizar, ou se são os chefes militares que decidindo da política externa do país deliberam sobre os países a inscrever na lista dos que, em primeira mão ameaçados, acabam agredidos ou ocupados.
Não se tivesse das questões da guerra uma concepção política mais sólida e neste jogo de aparências — importante quanto à forma mas insuficiente em matéria de conteúdo — nos quedaríamos sem se atingir o essencial: a política externa norte-americana, enquanto expressão da natureza violenta do imperialismo e da sua insaciável ambição e inerente necessidade de dominação, indispensáveis à sua própria sobrevivência e afirmação. Ou, dizendo de outro modo, fazendo viver de actualidade o que Lénine evidenciou «no capitalismo são impossíveis outros tipos de restabelecimento de tempos a tempos do equilíbrio alterado que não sejam as crises na indústria e as guerras na política.»