Povo apoia Morales, capital prefere oposição
O governo boliviano acusa a oposição de boicotar as reformas legislativas em curso no país e de fomentar um clima de conspiração contra o executivo liderado pelo Movimento ao Socialismo (MAS), do presidente Evo Morales.
Em causa está a postura dos partidos Poder Democrático e Social (Podemos), Unidade Nacional (UN) e Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR) na Assembleia Constituinte, em funções desde o passado mês de Agosto, e nos executivos provinciais onde governa com maioria. Os parlamentares conservadores chegaram mesmo a abandonar o Senado impedindo, desta forma, a continuação dos trabalhos em torno de dois projectos de lei fundamentais que requerem dois terços dos votos para serem aprovados naquele órgão de soberania: o da redistribuição da terra improdutiva a camponeses depauperados por anos de absentismo dos latifundiários e o da fiscalização social da gestão dos governos provinciais.
Os dois diplomas são os que maiores resistências levantam no seio do capital nacional e estrangeiro, uma vez que, por um lado, põem em causa interesses instalados na estrutura de propriedade e exploração dos principais recursos naturais da Bolívia - o gás, as jazidas de minério, as reservas de água e a biodiversidade agrícola -, e, por outro, democratizam a administração do Estado até aos governos provinciais, que actualmente gozam de quase total autonomia face às políticas centrais constituindo-se como bloqueio ao progresso e ameaça à integridade territorial da nação sul-americana.
Álvaro García, vice-presidente boliviano, reúne desde sábado com os representantes da direita procurando sanar as divergências, mas ao cabo de horas de conversações o entendimento parece impossível de alcançar.
Posições extremadas
Entretanto, milhares de camponeses e membros de comunidades indígenas chegaram à capital, La Paz, para se manifestarem a favor da reforma agrária, transposta na Lei da Recondução Comunitária, a qual pretende expropriar os terrenos abandonados distribuindo-os equitativamente por quem se dispõe a semeá-los.
O apoio popular às medidas do governo de Evo Morales é, no contexto do conflito aberto com a grande burguesia, considerado pelos dirigentes governamentais como imprescindível, razão pela qual a ministra Alicia Muñoz garantiu aos participantes na marcha a protecção das autoridades.
No outro extremo da barricada política, a liderança cabe, para já, aos governadores provinciais. Em Cochabamba, o superintendente local encontrou-se com os homólogos de Santa Cruz, Tarija, Pando, Beni e La Paz para discutirem alternativas à fórmula de votação aprovada na Assembleia Constituinte, desfavorável aos seus particulares interesses.
Num claro acto provocatório e de demonstração de força, Manfred Reys mobilizou as forças de segurança justificando a decisão com a ameaça de protestos dos movimentos sociais contra o conclave. As declarações oficiais rejeitam qualquer conspiração contra o governo de Morales, mas no terreno a oposição aperta o cerco passando muitas vezes das ameaças aos actos.
Às jornadas de greve de fome promovidas pelo Podemos em protesto contra as medidas governamentais, junta-se o bloqueio de estradas dinamizado pela administração de Beni. Acresce que Rubén Costas, presidente do «departamento» de Santa Cruz, defende a instalação de uma Assembleia Constituinte paralela à eleita pelo povo e sancionada pelo Supremo Tribunal de Justiça, órgão que funciona na cidade de Sucre, antiga capital da Bolívia, o que na prática resultaria na divisão do país, anexando os senhores do capital as regiões mais ricas da Bolívia.
Em causa está a postura dos partidos Poder Democrático e Social (Podemos), Unidade Nacional (UN) e Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR) na Assembleia Constituinte, em funções desde o passado mês de Agosto, e nos executivos provinciais onde governa com maioria. Os parlamentares conservadores chegaram mesmo a abandonar o Senado impedindo, desta forma, a continuação dos trabalhos em torno de dois projectos de lei fundamentais que requerem dois terços dos votos para serem aprovados naquele órgão de soberania: o da redistribuição da terra improdutiva a camponeses depauperados por anos de absentismo dos latifundiários e o da fiscalização social da gestão dos governos provinciais.
Os dois diplomas são os que maiores resistências levantam no seio do capital nacional e estrangeiro, uma vez que, por um lado, põem em causa interesses instalados na estrutura de propriedade e exploração dos principais recursos naturais da Bolívia - o gás, as jazidas de minério, as reservas de água e a biodiversidade agrícola -, e, por outro, democratizam a administração do Estado até aos governos provinciais, que actualmente gozam de quase total autonomia face às políticas centrais constituindo-se como bloqueio ao progresso e ameaça à integridade territorial da nação sul-americana.
Álvaro García, vice-presidente boliviano, reúne desde sábado com os representantes da direita procurando sanar as divergências, mas ao cabo de horas de conversações o entendimento parece impossível de alcançar.
Posições extremadas
Entretanto, milhares de camponeses e membros de comunidades indígenas chegaram à capital, La Paz, para se manifestarem a favor da reforma agrária, transposta na Lei da Recondução Comunitária, a qual pretende expropriar os terrenos abandonados distribuindo-os equitativamente por quem se dispõe a semeá-los.
O apoio popular às medidas do governo de Evo Morales é, no contexto do conflito aberto com a grande burguesia, considerado pelos dirigentes governamentais como imprescindível, razão pela qual a ministra Alicia Muñoz garantiu aos participantes na marcha a protecção das autoridades.
No outro extremo da barricada política, a liderança cabe, para já, aos governadores provinciais. Em Cochabamba, o superintendente local encontrou-se com os homólogos de Santa Cruz, Tarija, Pando, Beni e La Paz para discutirem alternativas à fórmula de votação aprovada na Assembleia Constituinte, desfavorável aos seus particulares interesses.
Num claro acto provocatório e de demonstração de força, Manfred Reys mobilizou as forças de segurança justificando a decisão com a ameaça de protestos dos movimentos sociais contra o conclave. As declarações oficiais rejeitam qualquer conspiração contra o governo de Morales, mas no terreno a oposição aperta o cerco passando muitas vezes das ameaças aos actos.
Às jornadas de greve de fome promovidas pelo Podemos em protesto contra as medidas governamentais, junta-se o bloqueio de estradas dinamizado pela administração de Beni. Acresce que Rubén Costas, presidente do «departamento» de Santa Cruz, defende a instalação de uma Assembleia Constituinte paralela à eleita pelo povo e sancionada pelo Supremo Tribunal de Justiça, órgão que funciona na cidade de Sucre, antiga capital da Bolívia, o que na prática resultaria na divisão do país, anexando os senhores do capital as regiões mais ricas da Bolívia.