Pelo futuro dos jovens portugueses
Valter Lóios, dirigente da Interjovem, fala da mobilização para a jornada de protesto de hoje, em Lisboa, organizada pela CGTP, e sobre as consequências das políticas do Governo para os jovens.
«Há um grande descontentamento. Muitas pessoas disponibilizaram-se»
«Vai ser um grande dia de luta, uma grande jornada», prevê Valter Lóios, membro do Secretariado Permanente da Interjovem, falando dos muitos plenários realizados, do contacto directo dos sindicalistas com os trabalhadores nos locais de trabalho, do grande envolvimento de toda a organização planeando todos os pormenores, da mobilização à articulação de transportes para Lisboa.
«No plenário realizado na Câmara de Arraiolos, participaram 70 pessoas e 25 inscreveram-se no momento nos autocarros. Hoje há 40 inscritos e ainda falta três dias», exemplifica Valter Lóios, em entrevista na segunda-feira. « Estamos a concretizar os objectivos traçados. Se os trabalhadores não fossem perseguidos, ainda teríamos uma luta maior. Ouvimos muitas vezes frases como “Vou agora renovar o contrato e tenho medo.” Há pessoas que tiraram um dia de férias para ir ao protesto», acrescenta.
A preparação da manifestação correu bem, com a Interjovem a organizar uma semana de luta em torno da segurança social como forma de mobilização e esclarecimento dos jovens trabalhadores, que decorreu entre 2 e 6 de Outubro.
«Definimos quais as empresas prioritárias, as que empregam um maior número de jovens e têm situações mais precárias. Contactámos com milhares de pessoas. Isto trouxe-nos ânimo para a luta, porque há um grande descontentamento por parte dos trabalhadores. Muitas pessoas disponibilizaram-se para participar no protesto», conta Valter Lóios.
Argumentos falaciosos
O dirigente da Interjovem desmente os argumentos do Governo, quando diz agir para relançar a economia nacional e aumentar da competitividade do País. «Não é a retirada de direitos, o emprego precário, a falta de qualificação e os salários baixos que vão trazer alguma coisa benéfica para o País. Pelo contrário, vemos todos os dias que esta política privilegia o enriquecimento das grandes empresas. Não é pela instabilidade dos trabalhadores que se vai dar a volta à situação», garante.
Valter Lóios considera que muitos jovens têm noção do perigo da ofensiva do Governo, nomeadamente em relação à retirada dos direitos e à segurança social, com a redução do subsídio de desemprego e do abono de família, entre outras medidas. «No contacto com os trabalhadores, quem não conhecia a gravidade do que se está a passar, compreendia o que está em causa quando conversávamos com eles. Ainda há uma grande falta de informação, por isso o movimento sindical tem de continuar a trabalhar», defende.
Estas políticas trazem modificações negativas para a vida quotidiana. «Se as medidas do Governo forem implementadas, o futuro dos jovens vai agravar-se mais. Os jovens não têm estabilidade e o poder de compra sofre grandes ataques», salienta Valter Lóios.
«Há algum tempo, as famílias ainda podiam ajudar, mas hoje mesmos os pais que têm empregos estáveis estão a endividar-se devido aos baixos salários. Esta política tem como objectivo implementar os baixos salários e pouca qualificação para que os jovens sejam mão-de-obra descartável», considera.
Tiago Jacinto
JCP mobiliza para a luta em todo o País
A JCP apela à participação no protesto de hoje e, com esse objectivo tem desenvolvido um trabalho de mobilização em todo o País nas últimas semanas. «Estamos a fazer um grande esforço para consciencializar os jovens da importância de explicar as razões do protesto aos colegas de trabalho e trazê-los para a luta», afirma Tiago Jacinto, responsável pela Organização da Juventude Trabalhadora do Algarve e membro da Direcção Nacional da JCP. «Tem sido um trabalho contínuo, discutindo o Código do Trabalho e os ataques à segurança social e a outros direitos dos trabalhadores. Os jovens são os principais alvos destas medidas, por isso é ainda mais importante mobilizá-los», considera.
A Organização Regional do Algarve lançou um panfleto próprio a apelar para a luta, distribuído no Aeroporto de Faro, no Forum Algarve e na Zona Industrial de Olhão. «Foi bem recebido, mas muita gente não tem consciência da necessidade da união dos trabalhadores para garantir os direitos. É um trabalho que demora, mas vamos colhendo alguns frutos», garante Tiago Jacinto.
O dirigente da JCP considera que muitos jovens não estão conscientes das consequências das políticas do Governo, «devido à ofensiva ideológica que é feita. As pessoas vão absorvendo o que se diz na comunicação social. Se lessem o Avante! já tinham outra perspectiva do que acontece no País. Os governos tentam fomentar a divisão e a competição entre os trabalhadores.»
Grande jornada
Tiago Jacinto considera que o Governo quer «jogar areia para os olhos dos trabalhadores». «A competitividade não se fomenta com estas políticas. Fala-se tanto no plano tecnológico, mas sabemos que a maioria das empresas não investe na inovação e não dá formação aos trabalhadores. Estas políticas vão no sentido de precarizar o trabalho e servem para os patrões utilizarem os trabalhadores como lhes apetecer», defende.
A JCP, como a organização revolucionária da juventude, «tem um papel determinante na nossa sociedade, consciencializando e mostrando que as coisas podem ser diferentes, que não têm de ser inevitavelmente assim», declara Tiago. «Tem um papel de luta, no esclarecimento, na intervenção nos problemas concretos das escolas e nos locais de trabalho. É um papel importantíssimo na vida do nosso país e para que possamos ter uma vida melhor», acrescenta.
Tiago Jacinto antecipa uma «grande jornada de luta». «Aos poucos, as pessoas vão percebendo o que se está a passar e quem são os responsáveis por isso. As desigualdades vão aumentando, as condições de vida são piores, o custo de vida sobe...»
«A vida é difícil para os jovens»
Os jovens são os principais visados pelas medidas do Governo. «Estão mais desprotegidos e menos informados do que pessoas que estão a trabalhar há mais tempo», comenta Tiago Jacinto.
«Há um desinvestimento na educação, com o encerramento de escolas e a existência de outras com poucas condições. Começam aí as dificuldades do jovem se desenvolver como ser humano e dar o seu contributo à sociedade», refere o dirigente da JCP. «Muitas vezes, entram no mercado de trabalho sem a formação adequada. Quando começam a trabalhar, não têm perspectivas de futuro. A vida é difícil para os jovens. Quem ambicione ter uma casa, só consegue com a ajuda da família, com os ordenados que temos e o preço a que as coisas estão. A alternativa é endividar-se para o resto da vida e passar grandes dificuldades todos os meses.»
«No plenário realizado na Câmara de Arraiolos, participaram 70 pessoas e 25 inscreveram-se no momento nos autocarros. Hoje há 40 inscritos e ainda falta três dias», exemplifica Valter Lóios, em entrevista na segunda-feira. « Estamos a concretizar os objectivos traçados. Se os trabalhadores não fossem perseguidos, ainda teríamos uma luta maior. Ouvimos muitas vezes frases como “Vou agora renovar o contrato e tenho medo.” Há pessoas que tiraram um dia de férias para ir ao protesto», acrescenta.
A preparação da manifestação correu bem, com a Interjovem a organizar uma semana de luta em torno da segurança social como forma de mobilização e esclarecimento dos jovens trabalhadores, que decorreu entre 2 e 6 de Outubro.
«Definimos quais as empresas prioritárias, as que empregam um maior número de jovens e têm situações mais precárias. Contactámos com milhares de pessoas. Isto trouxe-nos ânimo para a luta, porque há um grande descontentamento por parte dos trabalhadores. Muitas pessoas disponibilizaram-se para participar no protesto», conta Valter Lóios.
Argumentos falaciosos
O dirigente da Interjovem desmente os argumentos do Governo, quando diz agir para relançar a economia nacional e aumentar da competitividade do País. «Não é a retirada de direitos, o emprego precário, a falta de qualificação e os salários baixos que vão trazer alguma coisa benéfica para o País. Pelo contrário, vemos todos os dias que esta política privilegia o enriquecimento das grandes empresas. Não é pela instabilidade dos trabalhadores que se vai dar a volta à situação», garante.
Valter Lóios considera que muitos jovens têm noção do perigo da ofensiva do Governo, nomeadamente em relação à retirada dos direitos e à segurança social, com a redução do subsídio de desemprego e do abono de família, entre outras medidas. «No contacto com os trabalhadores, quem não conhecia a gravidade do que se está a passar, compreendia o que está em causa quando conversávamos com eles. Ainda há uma grande falta de informação, por isso o movimento sindical tem de continuar a trabalhar», defende.
Estas políticas trazem modificações negativas para a vida quotidiana. «Se as medidas do Governo forem implementadas, o futuro dos jovens vai agravar-se mais. Os jovens não têm estabilidade e o poder de compra sofre grandes ataques», salienta Valter Lóios.
«Há algum tempo, as famílias ainda podiam ajudar, mas hoje mesmos os pais que têm empregos estáveis estão a endividar-se devido aos baixos salários. Esta política tem como objectivo implementar os baixos salários e pouca qualificação para que os jovens sejam mão-de-obra descartável», considera.
Tiago Jacinto
JCP mobiliza para a luta em todo o País
A JCP apela à participação no protesto de hoje e, com esse objectivo tem desenvolvido um trabalho de mobilização em todo o País nas últimas semanas. «Estamos a fazer um grande esforço para consciencializar os jovens da importância de explicar as razões do protesto aos colegas de trabalho e trazê-los para a luta», afirma Tiago Jacinto, responsável pela Organização da Juventude Trabalhadora do Algarve e membro da Direcção Nacional da JCP. «Tem sido um trabalho contínuo, discutindo o Código do Trabalho e os ataques à segurança social e a outros direitos dos trabalhadores. Os jovens são os principais alvos destas medidas, por isso é ainda mais importante mobilizá-los», considera.
A Organização Regional do Algarve lançou um panfleto próprio a apelar para a luta, distribuído no Aeroporto de Faro, no Forum Algarve e na Zona Industrial de Olhão. «Foi bem recebido, mas muita gente não tem consciência da necessidade da união dos trabalhadores para garantir os direitos. É um trabalho que demora, mas vamos colhendo alguns frutos», garante Tiago Jacinto.
O dirigente da JCP considera que muitos jovens não estão conscientes das consequências das políticas do Governo, «devido à ofensiva ideológica que é feita. As pessoas vão absorvendo o que se diz na comunicação social. Se lessem o Avante! já tinham outra perspectiva do que acontece no País. Os governos tentam fomentar a divisão e a competição entre os trabalhadores.»
Grande jornada
Tiago Jacinto considera que o Governo quer «jogar areia para os olhos dos trabalhadores». «A competitividade não se fomenta com estas políticas. Fala-se tanto no plano tecnológico, mas sabemos que a maioria das empresas não investe na inovação e não dá formação aos trabalhadores. Estas políticas vão no sentido de precarizar o trabalho e servem para os patrões utilizarem os trabalhadores como lhes apetecer», defende.
A JCP, como a organização revolucionária da juventude, «tem um papel determinante na nossa sociedade, consciencializando e mostrando que as coisas podem ser diferentes, que não têm de ser inevitavelmente assim», declara Tiago. «Tem um papel de luta, no esclarecimento, na intervenção nos problemas concretos das escolas e nos locais de trabalho. É um papel importantíssimo na vida do nosso país e para que possamos ter uma vida melhor», acrescenta.
Tiago Jacinto antecipa uma «grande jornada de luta». «Aos poucos, as pessoas vão percebendo o que se está a passar e quem são os responsáveis por isso. As desigualdades vão aumentando, as condições de vida são piores, o custo de vida sobe...»
«A vida é difícil para os jovens»
Os jovens são os principais visados pelas medidas do Governo. «Estão mais desprotegidos e menos informados do que pessoas que estão a trabalhar há mais tempo», comenta Tiago Jacinto.
«Há um desinvestimento na educação, com o encerramento de escolas e a existência de outras com poucas condições. Começam aí as dificuldades do jovem se desenvolver como ser humano e dar o seu contributo à sociedade», refere o dirigente da JCP. «Muitas vezes, entram no mercado de trabalho sem a formação adequada. Quando começam a trabalhar, não têm perspectivas de futuro. A vida é difícil para os jovens. Quem ambicione ter uma casa, só consegue com a ajuda da família, com os ordenados que temos e o preço a que as coisas estão. A alternativa é endividar-se para o resto da vida e passar grandes dificuldades todos os meses.»