Ministro venezuelano detido em Nova Iorque
O ministro dos Negócios Estrangeiros venezuelano, Nicolás Maduro, esteve detido durante quase duas horas no aeroporto John F. Kennedy, em Nova Iorque.
«Retaliação grosseira pelas desassombradas críticas de Hugo Chávez»
Os EUA pediram desculpas à Venezuela pelo «lamentável incidente». O «incidente»» ocorreu no último sábado, quando o ministro se preparava para regressar a Caracas após ter participado na Assembleia Geral da ONU.
Foi o próprio ministro que deu a conhecer a sua detenção numa chamada telefónica para o canal estatal Venezolana de Televisión: «Neste momento encontro-me preso, detido pela Polícia de Nova Iorque», disse Maduro. As suas palavras seriam depois retransmitidas por outros canais de televisão nacionais.
Nicolás Maduro acabou por ficar em Nova Iorque, onde denunciou, em conferência de imprensa na missão da Venezuela na ONU, ter sido alvo no aeroporto de uma revista «exaustiva» que considerou «abusiva e de violação absoluta dos convénios entre as Nações Unidas e os governo dos Estados Unidos».
«Estiveram a ponto de me pôr no chão, de me agredir. Reagimos com força, com dignidade. Não vamos baixar a cabeça perante esta gente, em circunstâncias alguma», afirmou Maduro, sublinhando que as autoridades norte-americanas «violaram aberta, vulgar e expressamente as convenções internacionais que protegem os diplomatas internacionais».
Retaliação grosseira
No mesmo sentido se pronunciou o vice-presidente da Venezuela, José Vicente Rangel, que classificou o ocorrido de «facto inaudito, repudiável, inaceitável», fazendo saber que a «Venezuela protesta energicamente ante o governo dos EUA por esta violação do Direito Internacional, dos direitos da Venezuela e dos direitos de um alto funcionário como Madura». Afirmando que «o mais importante é que o governo norte-americano saiba que se trata de uma agressão contra o ministro, ou seja, contra a Venezuela», Vicente Rangel sublinhou que este «facto não pode ser separado do contexto da situação que existe neste momento com os EUA».
Recorda-se que as relações entre os dois países tem vindo a degradar-se desde que os EUA apoiaram o golpe de Estado contra o governo democraticamente eleito de Chávez. Malograda a tentativa de colocar no poder um governo fantoche, Washington tem vindo a incentivar sucessivas tentativas de desestabilização da Venezuela.
A detenção do ministro Maduro foi comunicada ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que de imediato «designou uma equipa de advogados» para tratar do assunto.
O Departamento de Estado dos EUA, que apresentou desculpas formais ao ministro e ao governo venezuelano, não explicou se o «lamentável incidente» se ficou a dever a excesso de zelo da polícia norte-americana ou se foi deliberado. As autoridades venezuelanas acreditam que o ocorrido foi uma retaliação grosseira pelas desassombradas críticas do presidente Hugo Chávez ao seu homólogo George W. Bush, nos discursos proferidos na ONU (ver caixa).
A agressão à Venezuela coloca uma vez mais na ordem do dia a questão da localização da ONU nos EUA (o médico pessoal e o chefe da segurança de Hugo Chávez foram forçados a ficar no avião, por não terem sido autorizados a desembarcar), sendo cada vez mais os que exigem a transferência das Nações Unidas para um país mais consentâneo com os seus princípios.
Excertos da intervenção de Chávez
(...) Ontem veio aqui o diabo, esteve aqui o Diabo ontem, neste mesmo lugar. Ainda cheira a enxofre esta mesa em que me coube falar. Ontem, senhoras e senhores, desta mesma tribuna o senhor presidente dos EUA, a quem eu chamo «O Diabo», veio aqui falar como dono do mundo. Um psiquiatra não estaria a mais para analisar o discurso de ontem do presidente dos EUA. Como porta-voz do imperialismo veio dar as suas receitas para manter o actual esquema de dominação, de exploração e de saque dos povos do mundo. Para um filme de Alfred Hitchcok estaria bem, eu até lhe daria um título: «A receita do Diabo».
(...) O discurso do presidente «tirano» mundial, cheio de cinismos, cheio de hipocrisia, é a hipocrisia imperial, o desejo de controlar tudo, eles querem impor-nos o modelo democrático como o concebem, a falsa democracia das elites, e para além disso um modelo democrático muito original, imposto à bomba, a bombardeamentos e na ponta de invasões e de canhões. Que raio de democracia!
(...) Disse ontem o presidente dos EUA o seguinte, nesta mesma sala, e cito: “Para onde quer que olhemos, encontramos extremistas que dizem que se pode escapar da miséria e recuperar a dignidade através da violência, do terror e do martírio”. Para onde quer que ele olha vê extremistas. (...) Não, não somos extremistas, o que se passa é que o mundo está a despertar e por todos os lados os povos se insurgem. Tenho a impressão, senhor ditador imperialista, que o senhor vai viver o resto dos seus dias com um pesadelo, porque para onde quer que olhe nós vamos aparecer, os que nos insurgimos contra o imperialismo norte-americano. Sim, os que clamamos pela liberdade plena do mundo, pela igualdade dos povos, pelo respeito pela soberania das nações, somos chamados de extremistas, insurgimo-nos contra o Império, insurgimo-nos contra o modelo de dominação. (...)
Foi o próprio ministro que deu a conhecer a sua detenção numa chamada telefónica para o canal estatal Venezolana de Televisión: «Neste momento encontro-me preso, detido pela Polícia de Nova Iorque», disse Maduro. As suas palavras seriam depois retransmitidas por outros canais de televisão nacionais.
Nicolás Maduro acabou por ficar em Nova Iorque, onde denunciou, em conferência de imprensa na missão da Venezuela na ONU, ter sido alvo no aeroporto de uma revista «exaustiva» que considerou «abusiva e de violação absoluta dos convénios entre as Nações Unidas e os governo dos Estados Unidos».
«Estiveram a ponto de me pôr no chão, de me agredir. Reagimos com força, com dignidade. Não vamos baixar a cabeça perante esta gente, em circunstâncias alguma», afirmou Maduro, sublinhando que as autoridades norte-americanas «violaram aberta, vulgar e expressamente as convenções internacionais que protegem os diplomatas internacionais».
Retaliação grosseira
No mesmo sentido se pronunciou o vice-presidente da Venezuela, José Vicente Rangel, que classificou o ocorrido de «facto inaudito, repudiável, inaceitável», fazendo saber que a «Venezuela protesta energicamente ante o governo dos EUA por esta violação do Direito Internacional, dos direitos da Venezuela e dos direitos de um alto funcionário como Madura». Afirmando que «o mais importante é que o governo norte-americano saiba que se trata de uma agressão contra o ministro, ou seja, contra a Venezuela», Vicente Rangel sublinhou que este «facto não pode ser separado do contexto da situação que existe neste momento com os EUA».
Recorda-se que as relações entre os dois países tem vindo a degradar-se desde que os EUA apoiaram o golpe de Estado contra o governo democraticamente eleito de Chávez. Malograda a tentativa de colocar no poder um governo fantoche, Washington tem vindo a incentivar sucessivas tentativas de desestabilização da Venezuela.
A detenção do ministro Maduro foi comunicada ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que de imediato «designou uma equipa de advogados» para tratar do assunto.
O Departamento de Estado dos EUA, que apresentou desculpas formais ao ministro e ao governo venezuelano, não explicou se o «lamentável incidente» se ficou a dever a excesso de zelo da polícia norte-americana ou se foi deliberado. As autoridades venezuelanas acreditam que o ocorrido foi uma retaliação grosseira pelas desassombradas críticas do presidente Hugo Chávez ao seu homólogo George W. Bush, nos discursos proferidos na ONU (ver caixa).
A agressão à Venezuela coloca uma vez mais na ordem do dia a questão da localização da ONU nos EUA (o médico pessoal e o chefe da segurança de Hugo Chávez foram forçados a ficar no avião, por não terem sido autorizados a desembarcar), sendo cada vez mais os que exigem a transferência das Nações Unidas para um país mais consentâneo com os seus princípios.
Excertos da intervenção de Chávez
(...) Ontem veio aqui o diabo, esteve aqui o Diabo ontem, neste mesmo lugar. Ainda cheira a enxofre esta mesa em que me coube falar. Ontem, senhoras e senhores, desta mesma tribuna o senhor presidente dos EUA, a quem eu chamo «O Diabo», veio aqui falar como dono do mundo. Um psiquiatra não estaria a mais para analisar o discurso de ontem do presidente dos EUA. Como porta-voz do imperialismo veio dar as suas receitas para manter o actual esquema de dominação, de exploração e de saque dos povos do mundo. Para um filme de Alfred Hitchcok estaria bem, eu até lhe daria um título: «A receita do Diabo».
(...) O discurso do presidente «tirano» mundial, cheio de cinismos, cheio de hipocrisia, é a hipocrisia imperial, o desejo de controlar tudo, eles querem impor-nos o modelo democrático como o concebem, a falsa democracia das elites, e para além disso um modelo democrático muito original, imposto à bomba, a bombardeamentos e na ponta de invasões e de canhões. Que raio de democracia!
(...) Disse ontem o presidente dos EUA o seguinte, nesta mesma sala, e cito: “Para onde quer que olhemos, encontramos extremistas que dizem que se pode escapar da miséria e recuperar a dignidade através da violência, do terror e do martírio”. Para onde quer que ele olha vê extremistas. (...) Não, não somos extremistas, o que se passa é que o mundo está a despertar e por todos os lados os povos se insurgem. Tenho a impressão, senhor ditador imperialista, que o senhor vai viver o resto dos seus dias com um pesadelo, porque para onde quer que olhe nós vamos aparecer, os que nos insurgimos contra o imperialismo norte-americano. Sim, os que clamamos pela liberdade plena do mundo, pela igualdade dos povos, pelo respeito pela soberania das nações, somos chamados de extremistas, insurgimo-nos contra o Império, insurgimo-nos contra o modelo de dominação. (...)