Milhares de escolas fechadas

Ano lectivo abre com medidas polémicas

Os estudantes portugueses iniciam esta semana o novo ano lectivo. A contestação visa principalmente o encerramento de milhares de escolas do primeiro ciclo.

Os pais protestaram contra o encerramento de escolas do primeiro ciclo, em várias localidades

O ano lectivo 2006/2007 começa esta semana, com o início das aulas do pré-escolar ao ensino secundário. Cerca de 1,6 milhões de alunos e 180 mil professores iniciam as suas actividades lectivas, num ano marcado pela introdução de diversas alterações.
Entre as novas medidas anunciadas, no primeiro ciclo, conta-se o prolongamento do horário das escolas, a introdução de duas horas diárias de actividades extracurriculares, o apoio ao estudo e ensino do Inglês no 3.º e 4.º anos. No segundo e terceiro ciclos, foi definido um plano de acção para combater o insucesso na Matemática. No secundário, foi anunciada a abertura de 450 cursos profissionais, de equivalência ao 12.º ano, em 180 escolas públicas. Serão ainda introduzidas aulas de substituição. Os exames nacionais do 12.º ano passarão a ser obrigatórios apenas para Português e três disciplinas específicas.
Uma das alterações mais contestadas é o encerramento de 1460 escolas do primeiro ciclo, cerca de 20 por cento do total. Estes fechos implicam a transferência das crianças para cerca de 800 instituições de acolhimento.
No início da semana, registaram-se vários protestos. Os pais dos alunos da escola de Lagoaça, em Freixo de Espada à Cinta, impediram as crianças de frequentarem as aulas na sede do concelho. «Vamos manter o protesto enquanto não estiverem reunidas as condições para a transferência das crianças para Freixo», afirmou anteontem Carlos Novais, um dos encarregados de educação. «Não vamos andar a brincar com os crianças como se fossem brinquedos numa prateleira», acrescentou.
Também em Gemieira, Ponte de Lima, os pais exigiram a continuação do funcionamento da escola local. «Esta é a nossa escola. Se não abrem a porta para os nossos filhos entrarem, cumprimos o horário normal de aulas do lado de fora. Estão a tentar vencer-nos pelo cansaço mas vamo-nos manter irredutíveis na luta contra esta enorme injustiça», disse à Lusa a porta-voz dos encarregados de educação.
Maria José Pires garante que há mais de 30 alunos inscritos na Gemieira e que a escola local «tem todas as condições para um ensino de qualidade», pelo que «não há nada que justifique» o seu encerramento. «Vamos continuar a trazer os nossos filhos à nossa escola, durante o tempo que for preciso, até que nos venham abrir as portas para cumprir o horário lectivo normal», acrescentou. A população de Gemieira está a preparar uma manifestação na sede do concelho, no sábado, durante as Feiras Novas, com «um cortejo alternativo» ao das festividades.

«Ele é pequenino...»

O interior do País é especialmente afectado pelos encerramentos. Por exemplo, o concelho de Vila Nova de Foz Côa perde mais de metade das escolas do primeiro ciclo e serão transferidos para longe de casa 77 alunos. Os mais novos têm cinco anos de idade. Os pais manifestam preocupação com o bem-estar das crianças e com o seu aproveitamento escolar.
Na freguesia de Touça, é contestado o encerramento da escola local e a consequente transferência dos sete alunos para Freixo de Numão. Em declarações à Lusa, Ivone Sousa, mãe de uma criança de cinco anos a entrar para o primeiro ano, lamenta a decisão. «Estou muito preocupada, porque ele é pequenino e anda por lá todo o dia. Vai sair de casa de manhã e regressa à noite. Quando a escola começar fico todos os dias com o coração aos pulos, porque tenho o garoto longe de casa. É uma criança pequenina e não sei como vai estar, se está molhada ou se come», afirmou.


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