Ideias feitas
Ainda na passada semana escrevemos aqui acerca de ideias feitas. Era sobre as ideias que o capital nos impinge de que a concorrência é «salutar» para a economia, tão «salutar» que até faria baixar os preços, uma coisa que a gente nunca viu.
A semana que passa foi, entretanto, pródiga em ideias feitas que o mesmo capital, através dos seus escribas, nos lança sobre a consciência como quem nos atira areia para os olhos.
Primeiro foi aquilo a que muitos, na comunicação social dominante, chamaram a «falta de democracia» do PCP. Enquanto tecem os costumeiros elogios a ex-comunistas que morreram, transformando-os em «homens bons e democráticos», os escribas e comentadores do capital não deixam de sublinhar o «mofo» do PCP, chegando ao ponto de negar a realidade dos números e escrevendo que, ao invés da verdade, o PCP persistiria no seu «declínio irreversível» porque não se acomoda à «democracia» cujas regras são eles a tentar impor. Torcendo os factos, afirmam que o PCP impõe renúncias a militantes seus, afastando-os dos cargos para que foram eleitos. Dizemos nós – e entre nós dizemos – que os mandatos dos eleitos têm origem num projecto partidário e que os candidatos participam e integram esse projecto. Não são eleitos por obra e graça das suas graças mas porque representam esse projecto, no caso o do PCP e dos seus aliados na CDU. E por isso mesmo o PCP e as suas organizações – participadas como nenhumas outras no espectro partidário – têm legitimidade perfeita para propor aos seus eleitos a renúncia ao cargo se e quando os interesses do projecto por alguma razão estiverem em causa. Não temos entre nós, felizmente, isaltinos e felgueiras e não cedemos ao eleitoralismo e não aceitamos salvaterras. Preferimos sempre mostrarmo-nos ao eleitorado de cara levantada.
Mesmo quando alguns distintos doutores da democracia nos elogiam – e nós desconfiamos dos elogios quando vêm do lado direito – é para acomodar dentro do elogio o veneno da suspeita. Será o caso de um douto constitucionalista que, após concordar connosco sobre a bondade da nossa prática, deixa a pairar que as razões da nossa atitude se radicariam em obscuros medos de escandaleiras e de corrupções. Não tem razão o homem.
É verdade que as ideias feitas têm o seu peso. Sabemos pesá-lo. Mas também sabemos que não há preço que pague a clareza das nossas posições.
A semana que passa foi, entretanto, pródiga em ideias feitas que o mesmo capital, através dos seus escribas, nos lança sobre a consciência como quem nos atira areia para os olhos.
Primeiro foi aquilo a que muitos, na comunicação social dominante, chamaram a «falta de democracia» do PCP. Enquanto tecem os costumeiros elogios a ex-comunistas que morreram, transformando-os em «homens bons e democráticos», os escribas e comentadores do capital não deixam de sublinhar o «mofo» do PCP, chegando ao ponto de negar a realidade dos números e escrevendo que, ao invés da verdade, o PCP persistiria no seu «declínio irreversível» porque não se acomoda à «democracia» cujas regras são eles a tentar impor. Torcendo os factos, afirmam que o PCP impõe renúncias a militantes seus, afastando-os dos cargos para que foram eleitos. Dizemos nós – e entre nós dizemos – que os mandatos dos eleitos têm origem num projecto partidário e que os candidatos participam e integram esse projecto. Não são eleitos por obra e graça das suas graças mas porque representam esse projecto, no caso o do PCP e dos seus aliados na CDU. E por isso mesmo o PCP e as suas organizações – participadas como nenhumas outras no espectro partidário – têm legitimidade perfeita para propor aos seus eleitos a renúncia ao cargo se e quando os interesses do projecto por alguma razão estiverem em causa. Não temos entre nós, felizmente, isaltinos e felgueiras e não cedemos ao eleitoralismo e não aceitamos salvaterras. Preferimos sempre mostrarmo-nos ao eleitorado de cara levantada.
Mesmo quando alguns distintos doutores da democracia nos elogiam – e nós desconfiamos dos elogios quando vêm do lado direito – é para acomodar dentro do elogio o veneno da suspeita. Será o caso de um douto constitucionalista que, após concordar connosco sobre a bondade da nossa prática, deixa a pairar que as razões da nossa atitude se radicariam em obscuros medos de escandaleiras e de corrupções. Não tem razão o homem.
É verdade que as ideias feitas têm o seu peso. Sabemos pesá-lo. Mas também sabemos que não há preço que pague a clareza das nossas posições.