Saúde, camarada Fidel!

Albano Nunes

«Sim, é possível resistir e vencer»

Respondendo a uma pergunta acerca do futuro da Revolução cubana «quando Fidel se retire» (Um encontro com Fidel, entrevista realizada em 1987 por Gianni Miná) Fidel Castro afirmou: «se [a Revolução] assentasse sobre indivíduos, então seria muito triste; mas assenta no povo, no colectivo, no Partido. Essa é a garantia. Assenta numa série de valores que se criaram e que a mim me inspiram realmente muita confiança».
No momento em que, qual abutre voraz, o imperialismo intensifica as suas campanhas de ódio e de desestabilização de Cuba e se impõe reforçar a solidariedade para com a sua revolução, lembrar a concepção marxista-leninista do papel do indivíduo na História é importante para incutir confiança nos seus amigos e avisar os seus inimigos do carácter ilusório das suas perversas conspirações.

Isto não conduz obviamente a apagar o papel do indivíduo no processo libertador que no caso de Fidel é realmente muito grande. Tão grande que, tentando assassiná-lo, o imperialismo supunha poder assassinar Cuba e a sua revolução socialista. Falhou. Para bem do seu povo e de todo o mundo resistente e progressista Fidel sobreviveu a mais de trezentas conspirações, continuando a dar o seu contributo de excepção a um processo que, sendo obra sua, é sobretudo obra dos valores e projecto que abraçou; do colectivo comunista de que tem sido o protagonista mais destacado; de um povo que, dando provas de um entranhado amor à liberdade e à revolução, deu e dá um contributo decisivo para a emancipação dos trabalhadores e dos povos de todo o mundo. A começar pela América Latina. Uma contribuição que é em primeiro lugar fruto da própria superioridade da sociedade cubana e da impotência do imperialismo para liquidar as suas conquistas e submeter o seu povo. Que é inseparável da capacidade da vanguarda revolucionária para encontrar soluções para problemas de extraordinária dimensão, dos combates da Sierra Maestra à reestruturação praticamente total das relações económicas externas de Cuba em consequência da desagregação da URSS. Que resulta da força de um exemplo de heroísmo e dignidade que, estilhaçando as teses do «pensamento único», luminosamente nos diz que «Sim, é possível resistir e vencer» mesmo em situações de tão duro cerco como o imposto pelos EUA à Ilha da Liberdade.

É isto de facto o principal. Mostrando como são erradas teses, ainda bastante em voga na Europa, que pretendem ultrapassado o marco nacional de luta e desprezam o valor da soberania. Mas há algo mais: o internacionalismo militante que o Che tão bem simboliza. A ajuda internacionalista a Angola - como a outros países como a Etiópia revolucionária com quem o PCP a seu tempo estabeleceu tão estreitas relações - ficará para sempre como exemplo heróico de ajuda desinteressada. Internacionalismo que hoje assume novas formas - nos campos da saúde, do ensino, da assistência humanitária e outras - cujo alcance político, para além do seu profundo significado social e humano, é necessário valorizar em toda a sua extraordinária dimensão.

É isto que tanto dói ao imperialismo e à reacção. É isto que leva às exaltações de júbilo fascista que vimos em Miami e na Casa Branca. E é isto que nos leva a nós, amigos sinceros da revolução cubana e do seu povo, a desejar rápida recuperação ao camarada Fidel e, se possível, confirmando as boas notícias que nos deu Raul Castro, a sua presença na Cimeira do Movimento dos Países Não Alinhados que terá lugar em Havana em Setembro, acontecimento da maior importância para cujo êxito muito contribuirá o grande prestígio de Fidel e de Cuba socialista.


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