Rui Rio cerceia liberdade de expressão

Regulamento motiva protesto

Delegações do PCP e da União dos Sindicatos, do Porto, estiveram anteontem concentradas junto à Câmara Municipal do Porto em protesto pelo regulamento sobre informação e propaganda política.

Edil do Porto convive mal com as liberdades

Levada a cabo nas traseiras do edifício, junto à porta por onde habitualmente entram os vereadores do executivo, a acção visou protestar contra o que comunistas e sindicalistas consideram ser o carácter «antidemocrático e limitador da liberdade de expressão» do regulamento municipal sobre informação política que o presidente da autarquia, Rui Rio, anunciara antecipadamente apresentar como proposta definitiva na reunião pública de terça-feira.
«Não ao regulamento da Câmara», «Pelos direitos de Abril. Não ao regresso ao passado», eram as frases inscritas nos cartazes exibidos pelos manifestantes.
Na opinião do dirigente da União dos Sindicatos do Porto, João Torres, para quem «os espaços disponibilizados pela câmara para propaganda são muito poucos», aquele documento «limita a participação nas iniciativas dos trabalhadores e dá mais a quem já tem muito poder».
O dirigente sindical disse ainda que a USP «não se resignará, não aceitará qualquer limitação inconstitucional daquilo que são os direitos dos trabalhadores». Esta posição fora já assumida na véspera por aquela estrutura sindical em comunicado onde acusa Rui Rio de revelar «dificuldades» em «conviver com a democracia e as liberdades» e evidenciar «toda uma tendência autoritária, prepotente e arrogante».

Documento inconstitucional

O PCP, por seu lado, contesta os critérios de localização e afixação de propaganda política e eleitoral «imposta» pelo regulamento, repudiando a intenção do edil do Porto de aplicar multas a quem expresse o seu protesto em faixas no espaço público.
Sobre esta matéria se pronunciara já em conferência de imprensa, segunda-feira, Sérgio Teixeira, da Comissão Política, e membro da Assembleia Municipal (AM) do Porto. Por si criticado foi o facto de o documento ter estado em discussão pública e a autarquia, em documentos distribuídos aos vereadores, não fazer nenhuma referência ao número e conteúdo de participações naquele processo.
«Rui Rio desprezou o processo de discussão pública e todos os que nele participaram, incluindo posições de instituições como a Comissão Nacional de Eleições e Tribunal Constitucional», afirmou aquele dirigente nacional do PCP e responsável pela DORP.
Lembradas na ocasião foram ainda as muitas posições assumidas contra a proposta de regulamento, designadamente da CNE, que, no parecer emitido sobre o documento, denunciou a sua inconstitucionalidade.
Depois de acusar Rui Rio de se achar «acima da lei, quando faz interpretação das leis, classificando-as de obsoletas e passadistas», Sérgio Teixeira informou que, caso o regulamento venha a ser posteriormente aprovado na AM, o PCP interporá uma providência cautelar para tentar travar a sua entrada em funcionamento, para além de outras acções de rua contra o documento.


Mais artigos de: Nacional

Em defesa dos «serviços de urgência»

A CDU de Lisboa condena a proposta governamental de encerramento dos serviços nocturnos dos centros de saúde da capital, que os comunistas consideram prejudicial para «os mais desfavorecidos».

Reviver momentos históricos

Entre os dias 21 e 23 de Julho vai se realizar mais uma edição do Festival de Vilar de Mouros. Em comunicado, a produtora Portoeventos refere que pretende comemorar os 35 anos da primeira grande edição do festival, 1971, com 35 bandas por 35 euros, o que corresponde a metade do preço cobrado pelos quatro dias da edição...

Marcha exige mais saúde

A população e as comissões de utentes do Litoral Alentejano realizaram, sexta-feira, uma marcha lenta, entre Relvas Verdes (Santiago do Cacém) e Grândola, para exigir melhores cuidados de saúde. O protesto esteve dividido em duas acções no Itinerário Complementar 33, com marcha no sentido Sul-Norte e outra na direcção...

Contacto com as populações

Baptista Alves, vereador da CDU na Câmara Municipal de Sintra, e António Filipe, deputado do PCP na Assembleia da República, acompanhados de vários eleitos nos diversos órgãos autárquicos, visitaram, recentemente, o Parque de Vendas – Mercado de Massamá. Recorde-se que na sequência da tentativa de encerramento do...

Comunistas propõem políticas de cooperação

Os vereadores da CDU nas câmaras do Porto, Rui Sá, e Gaia, Ilda Figueiredo, propuseram, na passada semana, uma reunião de cooperação entre os dois Executivos municipais.«Nos últimos tempos, têm-se repetido inúmeras notícias que põem a nu a incapacidade para articular políticas manifestada pelas maiorias absolutas PSD/PP...

Câmara de Setúbal contra demolição

A Direcção-Geral do Património apresentou à Câmara de Setúbal uma proposta que prevê a demolição do Convento de São Francisco para viabilizar um empreendimento comercial, mas a autarquia da CDU deverá chumbar o projecto, disse à Lusa fonte camarária.O Convento de São Francisco deveria ter sido recuperado no âmbito de um...

Campanhã protesta contra falta de médicos

A Comissão de Utentes do Centro de Saúde de Campanhã, Porto, realizou, segunda-feira, junto à Extensão de Saúde de Azevedo uma nova acção de protesto contra a falta de médicos.A manifestação surge na sequência de outros protestos da população de Azevedo, que contesta a não substituição de uma médica de família que morreu...